Por Mozart Rosa
O Estilo Leopoldina de Ser – Parte 02
No capítulo anterior você leu sobre a eficiência e importância do padrão Leopoldina; uma breve explanação sobre a guerra das bitolas (assunto que estará online muito em breve em matéria inédita, especial e exclusiva) e a influência que ela teve na decadência da Leopoldina e de linhas em bitola métrica; o uso de locomotivas antiquadas; e a diferença de tratamento e investimentos entre a EFCB e as demais ferrovias.
Neste capítulo você saberá mais sobre:
- O Sr. Wilson Albuquerque
- Como o Brasil enriqueceu com a Ferrovia?
- A importância do estilo Leopoldina de ser.
Desejamos uma ótima leitura a todos. Vamos lá ?
Você conhece o Sr. Wilson Albuquerque? Com certeza não, e isso mostra como o ensino de história no Brasil poderia ser melhor e mais abrangente. O Sr. Wilson é mais um daqueles heróis anônimos cuja história merece ser contada. A história que nos interessa é a relação dele com a ferrovia, entretanto vale a pena lembrar que o Sr. Wilson fez parte da segunda turma de pilotos navais formados pela Marinha do Brasil, de uma época em que avião era movido a lenha (brincadeirinha), que foi a base da Força Aérea Brasileira. Só por isso o Sr. Wilson já merecia fazer parte da história mas quando Getúlio Vargas ordena o bombardeamento de São Paulo durante a revolução de 1930, o Sr. Wilson disse que não bombardearia seus irmãos.
Se reverenciássemos nossos heróis como merecem, isso era motivo de ter uma estátua em homenagem, além de ser nome de rua.
Sr.Wilson é o segundo na fila superior da direita para a esquerda
Foto de Arquivo Pessoal
Foi preso e ao sair da marinha se muda para o interior de Minas Gerais, onde começa a fazer a vida. Se tornou o primeiro vice-prefeito eleito da cidade de Recreio, até então distrito de Leopoldina. Na época se elegiam de forma independente o prefeito e o vice.
Sr. Wilson, eleito o primeiro vice-prefeito eleito de Recreio
Foto de Arquivo Pessoal
Sr.Wilson se tornou também empresário, monta indústrias, e seus produtos eram despachados para todo interior de Minas Gerais pela E.F. Leopoldina. Recreio foi uma grande oficina e um grande entroncamento ferroviário. Com a decadência e o fim da Leopoldina as indústrias do Sr. Wilson decaíram, e a cidade também. Toda a atividade econômica existente em volta da ferrovia evaporou-se, e não estamos falando aqui apenas dos negócios do Sr. Wilson mas de todos aqueles que de uma forma ou de outra negociavam com a, e pela, ferrovia.
Será que todos entenderam?
Não é preciso desenhar, certo? 😜
Cidade de Recreio-MG com o movimento regido e influenciado pelo tráfego de trens da EF Leopoldina
Fonte: Blog O Trem Expresso, do amigo Amarildo Mayrink
O estilo Leopoldina de ser, que hoje chamamos de Short Line e é aplicada em diversos países mundo afora, ajudou o Brasil em seus grotões a crescer. É isso que a AFTR quer, planeja e deseja: o desenvolvimento econômico das pequenas cidades, das empresas pequenas e lucrativas, que fazem parte de um sistema eventualmente alimentando as empresas maiores.
A Kiamichi Railroad Company foi eleita a Short-line do ano de 2018 nos Estados Unidos, reconhecida por seu compromisso com segurança, serviço, crescimento, investimento e velocidade.
Esta companhia tem participação principalmente no mercado de agregados, pasta de celulose e carvão.
Fonte: Rail Age
Um exemplo prático disso é o funcionamento do Cinema nos Estados Unidos. Assim como as pequenas ferrovias podem suprir e alimentar as ferrovias maiores, o sistema de produção de filmes americanos, onde as Major, como:
- Disney
- Warner
- Sony
- Universal
produzem e distribuem as tramas, e onde empresas menores (não tão menores) como:
- Lions Gate
- Ilumination Entertainment
- Imagine Entertainment
- Legendary Pictures
apenas produzem e as Major distribuem.
Exemplos de Empresas produtoras de Cinema de grande porte, as Major
Exemplos de Empresas produtoras de Cinema de pequeno e médio porte, que produzem e fornecem material para as Major
Os americanos são ricos por diversos motivos, um deles é esse. Qual a dificuldade em, pelo menos neste aspecto, imitarmos eles?
Esta é uma questão e um texto para nossos amigos leitores, seguidores, autoridades e demais interessados refletirem. E então, o que acham ?
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Agradecemos a leitura. Até a próxima !
Imagem destacada: Cidade de Recreio, com a bifurcação de dois importantes trechos da EF Leopoldina. Fonte: Blog o Trem Expresso
(A opinião constante deste artigo é de inteira responsabilidade do autor, não sendo, necessariamente, a posição e opinião da Associação)
Achei a matéria muito interessante.
Me lembrei de um Sr., mineiro de Pirapetinga, que foi meu chefe anos atrás. Ele falava que Leopoldina abastecia muito bem sua cidade e também levava para o Rio de Janeiro arroz e pedras decortivas, os principais produtos da região naquela época.
Segundo ele, em sua infância, na decada de 1930, os mais velhos viam o trem com admiração, devido ao progresso que a ferrovia trouxe a região. Na década de 1940 surgiram na região as primeiras estradas asfaltadas, porém não houve uma modernização equivalente na ferrovia. Na decada de 1950 as pessoas começaram a associar a rodovia ao progresso e a ferrovia foi sendo abandonada pelos usuáriuos.