Estação Méier

Fazendo parte do primeiro trecho da ferrovia, que ligava as estações da Côrte (D.Pedro II) e Queimados, abrange diversas estações dentro do município do Rio de Janeiro
Adenilson
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Re: Estação Méier

Mensagem por Adenilson » 26 Ago 2013, 10:59

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Adenilson
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Re: Estação Méier

Mensagem por Adenilson » 26 Ago 2013, 11:15

Um dos Grande dilemas que já refleti sobre a estação do Méier, inaugurada exatamente 1 ano depois da abolição da escravatura, em 13 de Maio de 1889, é que se a passarela existente quase em frente à atual Rua Carolina Méier é original da construção da estação.

Eu não acredito, mas o que já raciocinei, é que a passarela já foi arquitetada para sobrepor as 4 linhas atuais.
Não sei se 1889 já existiam as 4 linhas. Caso não, é certo que a passarela foi construída depois da estação.

O livro do Hélio Suevo cita com a precisão do ano, até a triplicação das linhas e não até a quadruplicação naquele ponto.

De qualquer forma, a estação foi chamada de Parada do Meyer na sua inauguração.

Vou focar aqui a estação do Méier, mas o mesmo tipo de passarela aérea foi construída na estação Riachuelo.

Continuo achando que o acesso original era pelos trilhos :ttn:

Segue abaixo uma foto de 1909 mostrando ao fundo a então, entrada única da estação. A foto está com resolução horrorosa =O , mas indiquei com uma seta azul, o que parece ser o acesso já pela passarela em 1909, apenas 20 anos depois da construção da estação.

O fotógrafo está de costas para Todos os Santos e a foto foi batida na Arquias Cordeiro, próximo às esquinas das atuais Arquias Cordeiro e Lucídio Lago. A linha férrea está a direita.
Méier1909.jpg
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Re: Estação Méier

Mensagem por Adenilson » 26 Ago 2013, 11:47

Pessoal,

Em relação ao que escrevi acima, realmente antes da minha ida às pesquisas, eu já tinha batido o martelo sobre a passagem superior ou ponte de ferro próxima a Rua Carolina Méier não ser original pelo seguinte fato:

Quando a estação do Méier foi inaugurada, a linha do centro possuia linha dupla no trecho e para quem conhece a passarela, podemos verificar que ela é reta sobre a linha 1, mas entre as atuais linhas 2 e 4, ela tem um pequeno arco, que penso ser estrutural, pois não faria sentido, a linha 3 ter altura maior entre os trilhos e a passarela que as outras.

Deve ser o mesmo princípio, guardadas as devidas proporções, de construção de uma cúpula, forçando uma compressão em direção ao topo para evitar o colapso.

A ponte me parece rebitada, então criaram esse arco para evitar coluna entre as linhas 2 e 4, pois o vão é grande. Não vejo outra explicação.

Então voltando ao assunto, se a passarela foi construída de forma a abranger 4 linhas, ela não poderia ser original da estação, o que se confirmou com as minhas pesquisas.

A foto acima também me levou a um engano. A estrutura elevada que apontei com uma seta azul na foto acima deve ser um detalhe de outra estrutura, pois descobri que em 1909, ela simplesmente não existia e o acesso à estação era por um passadouro ao nível dos trilhos, o que me causou espanto, pois iria apostar que a passarela deveria ter sido construída na inclusão da terceira linha, em 1897, mas isso não ocorreu.

As pessoas vindas da Arquias Cordeiro tinham que atravessar 3 linhas até a plataforma do Méier e pior, com trens já a uma certa velocidade, pois a estação de Silva Freire não existia.

A ponte ou passarela de ferro foi construída apenas em 1919, ou seja, mais de 16 anos depois da chegada da 4ª linha ao local.

Vale salientar que a passarela existente na estação do Riachuelo é muito semelhante a do Méier e provavelmente fora construída na mesma época.

Na próxima postagem, darei detalhes sobre a verdadeira história da criação da estação do Méier e da famosa Parada Perna de Pau. okk

Adenilson
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Re: Estação Méier

Mensagem por Adenilson » 27 Ago 2013, 12:07

ESTAÇÃO MÉIER ( PRIMITIVA CAXAMBY)- A história- 1ª parte.

Pessoal, vou procurar aqui tentar resumir um pouco da história do Méier, mas com ênfase na sua estação ferroviária.

Logo após a inauguração da E.F.D.Pedro II em 29/03/1958, construiu-se uma parada onde atualmente situa-se a ponte de ferro da estação ou passagem superior.
Haviam poucas estações, mais especificamente; Corte, Venda Grande, Cascadura, Sapopemba, Maxambomba e Queimados e os comboios faziam paradas intermediárias.

Apesar de ter sido usado o termo construção, a fonte bibliográfica não explicita se havia um alpendre de acesso ou algo assim, ou se os passageiros desciam diretamente no trilho, pois na época, a linha era singela.

Os trens eram divididos por classes, mais especificamente a partir de 1861, onde o serviço de passageiros foi oficialmente regularizado e talvez as classes mais favorecidas com toda aquela indumentária, com ternos e paletós da época não estivessem dispostas a caminhar muito entre a até então enormes distâncias entre as estações oficiais nas raras ruas existentes e ainda sem pavimentação e as paradas foram surgindo.

Pois bem, a parada localizada onde hoje é a ponte do Méier foi oficialmente denominada Parada do Caxamby , pois ali era o arraial que pertencia a enorme freguesia do Engenho Novo que era limítrofe com a freguesia de Inhaúma.

A linha singela da central "cortava" a região entre dois charcos, pois a região era alagadiça e os caminhos existentes eram a Rua Goiaz (grafia da época) que depois seria dividida também em Arquias Cordeiro e o Caminho de Dentro, futura Dias da Cruz.

Essas vias formavam uma continuação natural, na qual nunca tinha reparado e havia tráfego de bondes puxados por burros que seguiam da Rua Goiaz e iam para o Caminho de Dentro para atingir a Boca do Mato.

Na parada do Caxamby, foi construída também uma cancela, chamada cancela do Caxamby, justamente devido a esse tráfego de bondes.
A administração da ferrovia designou um guarda chamado José Francisco para operar a cancela e ele não tinha a perna direita, possuindo em seu lugar, uma prótese de madeira.

Com o passar do tempo, os usuários passaram a chamar a parada do Caxamby de Parada do Perna de Pau e o nome popular acabou ganhando força.

Portanto, é mito o que é lido na internet, que tal parada ficava na linha entre as Ruas Medina e Coração de Maria.
Agora vém o melhor, não muito tempo depois foi aberta outra cancela, essa sim, no ponto onde cruzando com a ferrovia, as Ruas Medina e Coração de Maria, hoje formam uma continuação.
Essa segunda cancela não teve nome oficial revelado pela fonte bibliográfica, assim como a informação se houve outro guarda.

Essa cancela naquele ponto passava pelas propriedades do Dr. Miguel e Joaquim Bastos e foi utilizada, pelo o que o livro sugere, até 1868, onde a estação de Todos os Santos foi construída uns 200 metros depois.

A família Duque estrada trouxe progresso a região e do casamento do Comendador Miguel João Meyer com D.Jeronima Duque Estrada, surgiram herdeiros que futuramente dariam os nomes às primeiras ruas do Méier.

A segunda linha chegou em 1871 e o tráfego de trens aumentou, trazendo mais progresso ao local.
O camarista Meyer faleceu e pouco tempo depois, a administração se interessou em construir uma estação que agora passava nas terras dos seus herdeiros.
Eles fizeram um contrato e exigiram que a nova estação se chamasse Meyer. Caso fosse desrespeitado, a doação seria desfeita.

Depois de um domingo de muito calor, foi em uma segunda-feira com chuva, no dia 13 de Maio de 1889, que a locomotiva Princesa Izabel fez a primeira parada na estação. Não havia uma festa especial para esse evento.
A então Parada do Meyer tinha então uma plataforma pequena e um prédio modesto de madeira.

Os terrenos passaram a valer mais com a estação e terraplanagem e foram vendidos em lotes menores e as primeiras ruas do Méier surgiram e hoje formam o baixo Méier, tais quais Lia Barbosa (parte da Amaro Cavalcanti), Manuela Barbosa, Ana Barbosa, Gláuber Barbosa, Carolina Méier e etc:
Isso foi em 1891.

Depois eu conto a segunda parte, que envolve situações curiosas sobre a cancela e a própria estação. okk

Adenilson
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Re: Estação Méier

Mensagem por Adenilson » 27 Ago 2013, 14:33

ESTAÇÃO MÉIER ( PRIMITIVA CAXAMBY)- A história- 2ª parte.

Praticamente toda a história foi contada nessa primeira parte. A segunda serve apenas para informar algumas curiosidades.

A acrescentar, podemos informar que o acesso a estação era por um passadouro junto ao início da Rua Dias da Cruz e as pessoas tinham que passar pelos trilhos a partir da Rua Goiás, desmembrada em Rua Arquias Cordeiro ou no sentido inverso.

Em 1897, a terceira linha chega ao local e 1903, chega a 4ª linha com aumento substancial do tráfego e os passageiros continuavam a ter que andar pelos trilhos para chagar a estação.
Nesse ano de 1903, quase a totalidade das estações da linha do centro foram praticamente reconstruídas devido a mudança do pátio pelo acréscimo de linhas e isso incluiu o Méier.

Um desastre ocorreu em 1911, quando um trem pegou um bondinho puxado a burro quando atravessava a linha. Somente os burros morreram.

O Jardim do Méier teve sua obra iniciada em 1916, mas somente foi inaugurado em 1919, no lugar da chácara do Dr. Archias Cordeiro.

Devido ao perigo constante, no ano de 1921, o passadouro foi fechado e erguida a atual ponte de ferro próxima às Ruas Carolina Méier e Cônego Tobias e a plataforma teve acréscimo de comprimento em direção ao Engenho Novo. Nessa época a linha férrea é murada.

Pouco antes da eletrificação da linha, a plataforma foi ampliada novamente, agora em direção a Todos os Santos e a passarela em concreto foi construída próxima ao Jardim do Méier.

Em 1936, um ano antes da eletrificação, as coberturas metálicas que tinham sido projetadas para abranger em sua largura, toda a estação e a composição ferroviária, foram substituídas pelas atuais de concreto, retas e com pilares no meio, para permitir o espaço para a instalação da rede aérea.

Nos anos 50, o lado voltado para a Arquias Cordeiro, começa a perder importância comercial para o lado da Dias da Cruz.

Nos anos 80, já havia uma defasagem muito grande da altura da plataforma, ainda baixa, e das composições ferroviárias e a mesma foi aumentada com enchimento de concreto.

Para encerrar coloco alguns nomes de ruas que foram alterados, os quais me lembro, mas na fonte bibliográfica, estão citadas quase todas as ruas do bairro.

Caminho de Dentro-> Rua Dias da Cruz.
Rua Goiaz-> Desmembrada em Arquias Cordeiro e Goiás.
Rua Lia Barbosa-> Virou o início da Amaro Cavalcanti.
Caminho do Basílio-> Rua Silva Rabelo.
Rua das dores-> Rua Almirante Calheiros da Graça, já em Todos os Santos.
Rua Imperial-> Rua Aristide Caire.
Rua Cardoso-> Rua Coração de Maria.
Rua Todos os Santos-> Rua José Bonifácio, em Todos os Santos e por aí vai. okk

BIBLIOGRAFIA

Méier-1889 a 1989- Um século de história.

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Re: Estação Méier

Mensagem por DadoDJ » 27 Ago 2013, 17:00

! ! !

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Re: Estação Méier

Mensagem por Axerock » 06 Out 2013, 18:20

Retornei neste sábado à Praça XV, e comprei mais 3 fotos antigas (já tenho 6 no total).

Achei uma da Região do Méier. Autoria e data desconhecidos.

Pela posição do morro ao fundo, acredito ser em algum ponto da Lucídio Lago (confiram no Street View, esquina da Lucídio Lago com Arquias Cordeiro). A pedra arredondada no meio é o Pico do Perdido, e no lado direito, mais alto e perto do poste, o morro do Elefante. Não aparecem mais morros (Andaraí maior e anhanguera) porque o tempo está nublado, ao que parece.
Tentei achar aquela casa no fundo pelo Street View, mas nada... acho que nem existe mais. Alguém tem alguma ideia do local certo??

Num grupo do Facebook (Rio Antigo) levantaram a possibilidade de ser alguma estação antiga. o que acham? :)

Abraços,
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Re: Estação Méier

Mensagem por DadoDJ » 06 Out 2013, 20:03

Caramba, Axerock !
Que imagem show !
Essa vou deixar para o Adenilson opinar, ele conhece bem a regiao.
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Re: Estação Méier

Mensagem por Adenilson » 08 Out 2013, 12:09

Olha pessoal.
O Axerock opinou bem. O local não deve ser muito longe da Lucídio Lago. Cheguei a cogitar as esquinas das Ruas Lucídio Lago e Frederico Méier, uma vez que o casario escuro ao fundo parece estar em uma via bem estreita.

De que ano é essa foto?

A questão é que a Lucídio Lago possuia linhas de bonde que faziam curva na Arquias Cordeiro. Não vejo linhas de bonde.

Como a Serra dos Pretos Forros está muito ao fundo, qualquer deslocamento de uns 300 metros para um lado ou outro praticamente não mudaria nada.

O casario possui uma placa com nome de rua, mas a resolução teria que estar muito melhor.

Que pena que o ângulo está muito fechado. :ttn:

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Re: Estação Méier

Mensagem por Axerock » 08 Out 2013, 20:14

Olá Adenilson!!

Infelizmente a foto não tem data. Também não faço a menor ideia de quem sejam as pessoas na foto :DD Achei-a na feira da praça XV. Assim que dei de cara com ela, reconheci os morros no fundo (sempre fui fascinado pelas montanhas do Rio desde criança). Comprei essa aí e mais duas por 5 reais.

Olha, você deu um toque importante no detalhe da casa com a placa (eu nem reparei nisso), sem falar do bonde (eu nem sabia desse detalhe).

Eu tenho a original no formato TIFF digitalizada. Está em alta resolução, mas não sei se ajuda muito. Talvez alguém aqui seja bom em photoshop e possa melhorar mais ainda e identificar. Mando em anexo.

Abraços,
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