Linha do centro

A E.F. D.Pedro II, posteriormente E.F. Central do Brasil, foi inaugurada em 1858, ligando a estação da Côrte à estação Queimados, na Baixada Fluminense. Foi a terceira ferrovia do Brasil a ser inaugurada. A partir daí, se expandiu pelo vale do Paraíba, cidades de Minas Gerais etc encampando posteriormente diversas ferrovias. Neste fórum serão postadas informações apenas sobre esta Estrada de Ferro, até hoje ativa e importantíssima para o progresso do país.
GTREK
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Re: Linha do centro

Mensagem por GTREK » 27 Jan 2013, 21:17

Adenilson,
Tem alguma foto da oficina do E.Dentro aérea ou como as do E. Novo?

Adenilson
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Re: Linha do centro

Mensagem por Adenilson » 30 Jan 2013, 13:54

Oi GTREK.

A resposta é sim. Tenho uma aerofotogrametria de 1928 mostrando o extenso pátio de Engenho de Dentro.
Vou postar algumas coisas referentes a Parada Perna de Pau e depois Todos os Santos para então partir para Engenho de Dentro.

GTREK escreveu:Adenilson,
Tem alguma foto da oficina do E.Dentro aérea ou como as do E. Novo?

Adenilson
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Re: Linha do centro

Mensagem por Adenilson » 31 Jan 2013, 13:00

PARADA PERNA DE PAU.

Bom, pessoal. Esse assunto já foi discutido de forma bastante ávida aqui no fórum e no TGVBR.
Para quem não está muito familiarizado com o assunto, essa parada, segundo livros,
era próxima às ruas Medina e Coração de Maria, que na época, formavam uma passagem de nível com a E.F.C.B, pois uma era continuação natural da outra em lados opostos da ferrovia.

Em relação a Rua Medina, eu não sei, mas a Rua Coração de Maria se chamava Rua Cardoso.

Essa parada era muito antiga e portanto, anterior a existência da estação do Méier, em um período provavelmente, que a linha do centro possuia linha singela ou dupla, na pior das hipóteses.

Com a doação do terreno para a construção da estação do Méier pela famíla Meyer, na época, exigindo em troca que a estação tivesse o nome da família, a estação do Méier foi inaugurada e muito provavelmente essa parada foi desativada.

Não se tem maiores informações sobre essa parada, se tinha ou não um prédio, ou se era uma parada somente nos trilhos, coisa que eu acredito mais.
Ela passou a se chamar Perna de Pau, pois o operador da cancela, que se chamava Francisco não tinha uma das pernas, e tinha uma Perna de Pau.

O fato é que a estação de Todos os Santos original, segundo plantas da SMU, e documentos já verificados, era pequena e ficava mais atrás onde era a Rua Almirante Calheiros da Graça.
Não sabemos se a Parada Perna de Pau, era sequer anterior a inauguração de Todos os Santos em 1868.
Na década de 10 do século XX, Todos os Santos teve sua plataforma aumentada em direção ao Méier, havendo apenas uma pequena parte comum entre as estações mais nova e original de T.Santos.

De qualquer forma, em relação a Perna de Pau, ficam as perguntas.

1) Por quanto tempo funcionou?
2) Será que ela era anterior a Todos os Santos (1868)?
3) A mesma foi realmente desativada com a inauguração da Estação do Méier em 1889?
4) Se ela for (sse) anterior a T.Santos, teria ela sido desativada na inauguração desta, ou as duas coexistiram?
5) Havia um prédio e/ou plataforma ou o trem parava onde haviam trilhos apenas?

Adenilson
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Re: Linha do centro

Mensagem por Adenilson » 31 Jan 2013, 13:37

Pessoal.
Levantada a questão acima, eu já tinha percebido a existência de um casario cuja arquitetura era do século XIX e que ficava pouco depois da
interseção das Ruas Coração de Maria e Medina com a linha férrea.
Reparem que a base dessa casa é feita de pedra e é muito parecida com a edificação que apontamos como a Parada José dos Reis e Botafogo (Rio D'ouro),
sendo de padrão comum na época.

Segundo o Guia Briguiet, tal parada ficava antes das Ruas Coração de Maria e Medina, mais próximas da futura estação do Méier.
Conforme tinha conversado com o forista Melekh, tal parada não poderia ser no cruzamento das ruas, salvo se não houvesse prédio ou plataforma.
Mesmo assim, o trem ficaria parado e naquele momento bloqueando o tráfego?

Bom, voltando a tal casa, a mesma está bem longe do ponto onde era a mesma segundo o Guia Briguiet, mas não sendo a parada, fica a questão.
Seria uma casa de turma? Dá para perceber que está intimamente ligada a ferrovia.

Separei umas fotos com indicações para questionamentos. Vamos lá!

FOTO 1: A foto, de 1918, está voltada para a estação do Méier envolta por mim em um círculo azul escuro.
Em azul turquesa está a cabine onde penso ser ou ter sido a guarita da cancela.
Em vermelho, vejo duas hastes, que parecem ser as cancelas levantadas, mas o guard-rail está contínuo, como se não houvesse mais passagem de nível.
A linha vermelha na horizontal, marca o sentido da Rua Medina (a direita) e da Coração de Maria (do outro lado da linha).
Na seta preta, indico o casario misterioso.
A estação de Todos os Santos estaria bem mais atrás do fotógrafo.

Desculpem o tamanho excessivo da foto, mas é um "mal necessário"
Todos os Santos & Méier1918.jpg

FOTO 2: Agora, na foto de baixo, o Augusto Malta estava bem mais atrás.

Na tênue seta lilás (fiz assim para não estragar a foto), vemos a cobertura da estação de Todos os Santos encoberta pela vegetação a esquerda.
Ao fundo, indicado pela seta preta, dá para ver o casario. Reparem que não há portas voltada para a Amaro Cavalcanto, que estava sendo aberta naquele ano.
Parecia que as portas estavam voltadas para a Ferrovia.
Na seta verde, penso ser o acesso a estação de Todos os Santos, que na minha opinião, ainda não contava com acesso subterrâneo em 1918. Imagino o acesso pelos trilhos, mas a estação já tinha sido aumentada em tamanho.
T. Santos1918.jpg
FOTO 3: Abaixo, segue a aerofotografia de Todos os Santos em 1928, e portanto, 10 anos depois das fotos acima.
Para comparartivos, vemos em verde, a estação de Todos os Santos, já com a passagem subterrânea, cujas ruínas conhecemos hoje.
O círculo preto indica o casario, que existia ainda em 1928 e a linha vermelha, os prolongamentos das Ruas Coração de Maria e Medina.

Fica a pergunta, qual a chance dessa edificação ter sido a Parada Perna de Pau?
Atentem-se que ainda não acredito nisso, pois acho que a parada era no meio dos trilhos.
De qualquer forma, não sendo a parada, estava intimamente ligada a ferrovia, então o que seria?
Todos os Santos1928.JPG
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Re: Linha do centro

Mensagem por Adenilson » 31 Jan 2013, 14:04

Abaixo segue o local hoje no google earth.
O ponto cinza marca as ruínas do acesso a estação de Todos os Santos e o quadrado verde, onde
penso que era o casario, uma vez que é visível a maior distância entre os trilhos e a rua ali.
T.Santos.jpg
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Re: Linha do centro

Mensagem por DadoDJ » 31 Jan 2013, 15:54

Adenilson, não estou encontrando o material que encontrei e separei falando sobre a Cancela Perna de Pau.
Estou desconfiando de sabotagem ... o material estava no computador do meu serviço.
Chato acusar alguém, mas os arquivos simplesmente sumiram, e não foram apenas estes ...
Vou pesquisar novamente e postar aqui, como complemento.
A sua postagem é intrigante e ao mesmo tempo instigante ...
;)
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Re: Linha do centro

Mensagem por Adenilson » 01 Fev 2013, 19:02

Isso é sério Dado. É bom tomar um pouco de cuidado, mas vc deve saber como é o seu patrão.
De qualquer forma, é sempre bom deixar um cópia em um pen-drive.
Boa sorte na recuperação dos arquivos.
Não sei se a minha "viagem na maionese" acima vai ajudar, atrapalhar ou não alterar suas pesquisas sobre essa parada e cancela. okk

DadoDJ escreveu:Adenilson, não estou encontrando o material que encontrei e separei falando sobre a Cancela Perna de Pau.
Estou desconfiando de sabotagem ... o material estava no computador do meu serviço.
Chato acusar alguém, mas os arquivos simplesmente sumiram, e não foram apenas estes ...
Vou pesquisar novamente e postar aqui, como complemento.
A sua postagem é intrigante e ao mesmo tempo instigante ...
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Re: Linha do centro

Mensagem por GTREK » 01 Fev 2013, 21:27

Adenilson,

desculpe a ignorância, mas nas fotos não vejo os trilhos, seria o excesso de terra?

Maneiro notar os operários construindo o muro de pedra, fantástico!

Já pensaram como deve brilhar aquelas pedras se lavadas com hidrojacto!

E de onde vieram?

Da pedreira em Turiaçu, onde tinha um ramal da auxiliar que um colega postou o mapa outro dia aqui no forum?
OU daquela da linha Amarela ou mesmo de Sulacap....

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Re: Linha do centro

Mensagem por DadoDJ » 02 Fev 2013, 08:09

Meus patrões (patroas, na verdade) são super tranqüilos ... mas quem trabalha comigo não é confiável, junto é super gente-fina, mas se eu sair fala pelas costas.
ptz
Mas deixa quieto ... consegui boa parte dos documentos novamente, mas por enquanto mais pelo fator histórico que eles falam algo. Um deles dá a entender que
só existia a Cancela, depois foi criada a estação do Méier no local. Outro fala que existiu a Parada, e depois a estação do Méier foi construída substituindo a outra ...
Bem, vou postando aos pouquinhos e nós vemos ...
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Adenilson
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Re: Linha do centro

Mensagem por Adenilson » 03 Fev 2013, 22:53

GTREK.
Não entendi a sua dúvida.
Mas antes, vamos a uma explicação.
No Méier existe um aglomerado de ruas ortogonais com o mesmo sobrenome, tais como: Ana Barbosa, Constança Barbosa, Grauben Barbosa e Manuela Barbosa,
que hoje formam a região do baixo Méier.
Naquela época, havia também a Rua Lia Barbosa, que começava no fim da Rua 24 de Maio e início da Dias da Cruz e ia paralela a linha e terminava na Rua Medina.
Além disso, não era possível ir de carro, junto a linha do trem, pois não tinha acesso. Era um morro.
Havia acesso apenas pela atual Rua Santos Titara, que não beirava a linha.
Para ir ao Engenho de Dentro, os veículos tinham que ir pela Dias da Cruz até o fim e entrar em uma das Ruas ortogonais à linha já no Engenho de Dentro.
Pelo outro lado da linha, a atual Arquias Cordeiro era mão dupla, mais importante e mais urbanizada, mas só ia até as oficinas do E.Dentro como rua paralela a linha.

Em 1918 resolveram construir uma via paralela a linha a partir da Rua Medina e denominaram Amaro Cavalcanti e portanto, a rua que você está vendo sendo construída em primeiro plano nas fotos é a
Avenida Amaro Cavalcanti. Como era continuação natural da Rua Lia Barbosa, a partir da Rua Medina, o nome Lia Barbosa desapareceu, ficando tudo como Amaro Cavalcanti.

Realmente seria impossível você ver a linha férrea, pois na foto 1 por exemplo, a via está a esquerda dos muros das casas e guard rail e a foto foi tirada de baixa altitude, talvez a 1,5 metro do chão, naquelas máquinas tipo lambe-lambe com tripé, ou até mais antiga:lol:
Não havia ângulo para ver a ferrovia mais a esquerda.
Na foto 2, idem, porém a mesma foi tirada mais para trás já ao lado da estação de Todos os Santos a esquerda, parcialmente oculta pela vegetação, mas apontada por mim através de uma seta lilás.

Nesse ponto o nível da ferrovia era bem mais baixo que a rua, dificultando mais ainda a possibilidade de visão da ferrovia, tanto é que a alta estrutura metálica da estação está ao nível do fotógrafo a esquerda.

Em primeiro plano e cheio de terra, está a atual Avenida Amaro Cavalcanti sendo aberta.

Abaixo segue o local atual da FOTO 1:
Próximo a Perna de Pau.jpg
Abaixo o local atual da foto 2. Repare que as pedras originais ainda existem a direita.
T.Santos.jpg



GTREK escreveu:Adenilson,

desculpe a ignorância, mas nas fotos não vejo os trilhos, seria o excesso de terra?

Maneiro notar os operários construindo o muro de pedra, fantástico!

Já pensaram como deve brilhar aquelas pedras se lavadas com hidrojacto!

E de onde vieram?

Da pedreira em Turiaçu, onde tinha um ramal da auxiliar que um colega postou o mapa outro dia aqui no forum?
OU daquela da linha Amarela ou mesmo de Sulacap....
Você não está autorizado a ver ou baixar esse anexo.

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