A MAQUETE DA FÁBRICA
José Oscar Vicente de Oliveira e Kléber Nunes Ângelo
Existem muitas razões pelas quais pessoas praticam o modelismo em suas diversas áreas. Especificamente na área do ferromodelismo essas razões costumam serem ainda as mais diversas. Muitos se envolvem com o modelismo ferroviário por desejar trazer de volta cenas de um passado que desperta boas e agradáveis lembranças. Essa é, certamente, a motivação existente por trás da maquete da qual estamos falando.
O Sr. Luis Carlos de Sá, proprietário de uma fábrica de cosméticos em Vigário Geral, subúrbio da antiga linha da Leopoldina na cidade do Rio de Janeiro, queria construir uma maquete para fazer circular sua locomotiva 2-8-0 e respectivos vagões da “Frateschi”, para recordar seus tempos de guri vividos em uma fazenda na área rural de Faria Lemos (MG). Para isso, chegou a construir um tablado com os cantos arredondados e uma península central, onde pretendia colocar dez linhas circulares para rodar seus trens. Procuramos mostrar-lhe que esse não seria o melhor método de se construir uma maquete. Prontamente ele nos perguntou se não gostaríamos de construí-la nós mesmos, numa sala situada no terceiro andar de sua fábrica. A sala tem área livre de 5,60 x 8,00 metros, e mais um canto de 1,50 x 1,50 metros. Ele nos daria toda a liberdade para criarmos um novo projeto, desde que “ficasse bonito”. Aceitamos imediatamente afinal, um espaço desses para uma só maquete é o sonho de qualquer ferromodelista. Assim, criamos um traçado no papel constituído basicamente de dois “loops” que percorreriam toda a maquete em linhas paralelas em alguns locais e em outros cruzando-se em vários níveis, com um comprimento de aproximadamente 200 metros.
Queríamos dar a impressão de que a ferrovia havia sido construída dentro de um cenário que representasse a cidade de Faria Lemos e a “Fazenda do Céu” onde o Sr. Luis Carlos nasceu e viveu boa parte de sua infância. Assim, bolamos antes todo o cenário e “colocamos” a ferrovia dentro dele, contrariamente a todas as demais maquetes que conhecemos, onde geralmente o cenário é construído em função da linha férrea. Espaço para isso não seria problema. Queríamos, ainda, uma maquete para satisfazer não apenas aos ferromodelistas que a operassem mas também ao público em geral, que comparecesse apenas para apreciar o trabalho. Para que pudéssemos nos preservar de alguma s futuras dores de cabeça, foi necessário um projeto bem elaborado no papel antes de iniciarmos a construção. Definimos que os desvios e trilhos tipo flexíveis seriam da marca “Frateschi”, estabelecemos os raios de curvas, os locais para as diversas estruturas e construções, os ambientes que seriam representados, por ser tudo isso muito importante antes mesmo do início da construção.
Nosso tablado foi construído em estrutura aberta e consiste de um ripado de madeira com as ripas coladas e pregadas de topo, formando um quadriculado com vão livre entre cada ripa com mais ou menos 50 cm. As ripas internas tiveram um encaixe na sua junção de modo que uma ficasse cruzada com a outra, seguras com cola, pregos e parafusos. Sobre o estrado de suporte foram colocadas apenas as pistas por onde iriam correr os trilhos, sendo que a parte do cenário foi feita nos vazios, permitindo linhas sobrepostas, mas que podem ser acessadas por baixo da maquete. Esse tipo de construção demanda mais conhecimento de marcenaria e é mais trabalhosa, mas é ideal e indicada para maquetes de tamanho grande.
Sabíamos de antemão que a satisfação com qualquer maquete que construíssemos dependeria fundamentalmente do perfeito assentamento dos trilhos, pois se os trens rodassem mal, nunca ficaríamos completamente satisfeitos com o conjunto. Os trilhos flexíveis foram assentados sempre a partir de um “AMV” já posicionado. Nas emendas, retiramos sempre dois ou três dormentes, abrindo espaço para a colocação das talas de junção. Os dormentes retirados foram recolocados posteriormente, sem as presilhas e colados diretamente sobre a cortiça com cola branca. Soldamos todas as talas de junção nas curvas, deixando espaço para expansão e contração nos trechos retos. Nos trechos em curvas fizemos primeiro a soldagem e só depois fixamos os trilhos já soldados. Todos os trilhos e “AMVs” foram assentados sobre um leito de cortiça, pois além de diminuir o ruído da passagem dos trens reproduz a aparência dos leitos que vemos nas ferrovias reais. Após o assentamento dos trilhos, testamos exaustivamente cada trecho rodando alguns trens, verificando e corrigindo a existência de falhas, para só depois acrescentarmos maior realismo com a pintura e empedramento de toda a linha.
O relevo foi confeccionado da maneira tradicional, com papelão, isopor e gesso e com algumas técnicas próprias, que acabaram dando certa diferenciação ao mesmo. As construções como estações, depósitos, indústrias, são kits “Frateschi” modificados além de vários outros kits importados, das diversas marcas. Algumas construções artesanais foram construídas pela Sra. Neide Vany. Na península em formato de “L” estão parte da cidade com a estação de passageiros, rotunda, oficina de vagões e locomotivas. Nas laterais e ao fundo estão as zonas industrial, rural, meretrício e a cidade de Faria Lemos. As linhas férreas passam por viadutos, pontes e túneis e são planas nas beiradas do tablado. Em toda a área junto às paredes foi pintado um cenário de fundo com 80,0cm de altura, trabalho executado pelos Srs. Geraldo Antonio da Silva e Paulo César.
Agradeço ao J.Oscar e ao Kléber Ângelo por construírem essa "opus prime" e ao Vinícius por ter sido um excelente fotógrafo.
Visitação realizada no dia 25 de agosto de 2012.
Maquete da Fábrica - Confraria do Trem
Tópico para postagem de fotos, vídeos e informações sobre maquetes de ferreomodelismo.
- brunno
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Maquete da Fábrica - Confraria do Trem
Mensagem por brunno » 02 Set 2012, 02:10
O Brasil tem que voltar aos trilhos e só assim marcharemos rumo a um futuro digno.
- DadoDJ
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Re: Maquete da Fábrica - Confraria do Trem
Mensagem por DadoDJ » 04 Set 2012, 17:47
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