Fórum de debates Trilhos do Rio

Espetacular documento Dado!
Eu achava que todas as estações no trecho tinham sido inauguradas em 1883.
Outra referência importante é saber que Venda Grande já existia.
Quem seriam os tais Drs. Rosa e Atatiba?

Em relação ao mapa que você postou acima, veja que curioso.
A estação José dos Reis está exatamente no mesmo local da estação Henrique Scheid, pois no guia Briguiet, a estação José dos Reias quando representada no mapa junto com H.Scheid, encontrava-se na esquina da rua homônima com a futura Suburbana.
Esse mapa é tão antigo, que sequer havia a continuidade da Rua José dos Reis do lado oposto da Estrada de Santa Cruz.
Não havia a Rua Henrique Scheid então isso pode ser um sinal.
A parada também parece estar mais a esquerda da via e os mapas da SMU e a aerofotogrametria de 1928 mostram uma edificação no meio da via.
Será que já naquela época e nesse meio tempo houve um alargamento da Estrada de Santa Cruz?

No AGCRJ vi numa foto um galpão de estrutura metálica muito pequeno nas esquinas das Ruas José dos Reis e Suburbana, mas não lembrava uma estação. Haviam trilhos, que se não me falha a memória, possuiam bitola métrica.

Eu andei verificando nos mapas e realmente vou abrir um tópico específico do trecho.
Me parece que a Rio D'ouro margeava do lado direito a Estrada de Santa Cruz e logo depois da parada do Capão, a ferrovia cruzava com a estrada, passando a ficar mais próxima ao lado esquerdo (sentido Pilares) ou na pior das hipóteses, no meio da via.
Ia assim até Pilares onde adentrava a futura João Ribeiro (Estrada Nova de Petrópolis).
A posição da estação Henrique Scheid ou José dos Reis em tempos mais remotos, mostrada nos mapas da SMU mostram isso.


Agora o mais importante: Vc descobriu menção da parada até 1915?
Depois daquela pesquisa árdua por documentos no fórum TGVBR, tinhamos estreitado a uma faixa de erradicação do trecho LIBERDADE-E.MATO entre 1898 e 1907 e agora o amigo vem com essa informação bombástica?

Será que vamos voltar a estaca zero ou um na melhor das hipóteses?

DadoDJ escreveu:Descoberta importante ! ! !

DATA DE INAUGURAÇÃO DA PARADA DO CAPÃO DO BISPO: 24 de junho de 1891

Fonte: Jornal O Paiz (imagem abaixo):

Inauguração da Parada do Capão do Bispo - Jornal O Paiz, Página 1 Edição 03346 de 24-06-1891.png

Informação importante a se fornecer aos administradores atuais da Fazenda do Capão do Bispo, que nem da existência de uma estação sabiam ...

As pesquisam continuam ...

Beatriz.
Infelizmente a história ferroviária é pouco valorizada. Se as estações ferroviárias não tivessem sido demolidas ou se na pior das hipóteses, fotos e a sua história tivessem sido expostas em murais nas estações do metrô, isso não aconteceria.
Parece que no caso da linha 3 do metrô, eles não vão repetir o mesmo erro e vão preservar as estações ferroviárias que serão substituídas por estações de metrô.

Procure ler cada tópico, principalmente nas introduções (cabeçalhos) onde normalmente os foristas contam o resumo histórico de cada ferrovia e depois vá se interando do assunto aos poucos. Realmente é fascinante.

Poucos que tem idade hoje para ter viajado nos trens da Rio D'ouro sabem que um dia o seu traçado original era pela atual Dom Helder Câmara, antes mesmo da passar por Inhaúma, sendo este último, o traçado definitivo antes da erradicação.
Se bobear não tem mais um ser vivo que tenha presenciado tal traçado.

Por isso a busca por informações é árdua, mas ao mesmo temo é gratificante.

Beatriz escreveu:Nossa gente eu morei 13 anos em Inhaúma e nunca soube que lá havia uma estação ferroviária, inclusive já passei na frente deste predio citado e nunca parei para pensar. Só quando vim aqui para Anchieta que descobri que alguns trechos do metro seguem o traçado da Rio D'ouro.

Meus pais moravam em Acari e eles ainda se lembram que quando iam para escola tinham que atravesar a linha férrea.

Pessoal! A coisa t´ficando interessante...! A gente aprende mais historia aqui do que na faculdade!! Parabéns mais uma vez! Qto às paradas, paarticulares ou não, temos que ver que a ferrovia (tramway?) era para manutenção do "aqueduto"... As locomotivas, que eram 5, inglesas da marca "Hunslet Engine Company" eram pequeninas, mais "industriais" do que de carreira (vide foto). As paradas em Pavuna e outros lugares, as mais demoradas, podem ser para trocas de locomotivas. Na foto anexa vemos uma delas e o que parece mais um reboque de bonde (era tipo "Tramway", né?)... as locomotivas grandes só foram aparecer já no traçado posterior e sob dominio da EFCB. Mas estou acompanhando e o forum tá bom demais!!! Parabéns!!!.

Antes de tudo, uma correção:

Na postagem que fiz com o mapa mostrando a Parada José dos Reis eu falei que o mapa também mostrava a Fazenda Grande (estação e fazenda), mas na verdade, mostra a Fazenda da Venda Grande, com a estação Venda Grande.
Curioso é que em vários mapas que esta estação figura, ela é desenhada, como se fosse mais do que uma simples parada, talvez tivesse instalações mais robustas.


Voltando: eu fui pesquisando sobre a Parada Capão do Bispo nos documentos da Biblioteca Nacional, a partir dos períodos de 1890 a 1899, depois de 1900 a 1909, e finalmente, de 1910 a 1919. Em todos os períodos a Parada era citada, sendo que nos anos de 1913, 1914 e 1915 o nome Capão do Bispo aparece em guias de ruas e guias postais, mas com uma observação importante, que o diferencia de um simples ponto de interese ou logradouro comum. Vejam abaixo:
Dicionário Postal Brasileiro - "Ponto" Capão do Bispo (Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro Edição A000071 Página 163 Ano de 1915)

Em outros logradouros ou "pontos" (que acredito ser "pontos de interesse" ou "locais") que não ficavam próximos a ferrovias, o logradouro era simplesmente apontado como "ponto". Mas este apontamento da EF Rio d'Ouro, como referência no local, pode indicar que a Parada ainda existisse em 1915.

muito boas as pesquisas, no mapa do Rio de Janeiro de 1900, já está escrito "Parada do Capão". Só não entendi porque a Rio Douro iria birfurcar (em Del Castilho) se a razão dela era tratar dos encanamentos de agua...

venda grande está aqui, mapa de 1900.

Preclaro Hugo,

A questão é que inicialmente a Rio D'ouro não bifurcava.
O traçado inicial da Rio D'ouro era a partir do Cajú seguindo pela atual Rua Carlos Seidl onde seguia pela Rua Alegria (hoje Prof.Olimpo de Mello), seguia por esta até uma bifurcação existente na própria Rua Alegria até chegar a Estrada de Santa Cruz (Atual Dom Helder Câmara), seguindo a margem direita desta, onde cruzava com a E.F.Norte e continuava do lado direito da via até Liberdade (Del Castilho).

Aí começa a questão, a linha que seguia por Inhaúma foi inaugurada apenas em 1898.

Originalmente o traçado da Rio D'ouro (1875) continuava seguindo pela Estrada de Santa Cruz livre e desimpedido a direita da mesma sem cruzamentos e/ou bifurcações e na altura do Cachambi passava a ser a esquerda desta via (Obs: A Melhoramentos ainda não existia). A partir do Largo dos Pilares, seguia pela Estrada Nova de Petrópolis (atual João Ribeiro) até Engenho do Mato no final da Rua Silva Vale. Apenas a partir daí, o traçado passava a ser o que conhecemos e depois vinha a estação de Vicente de Carvalho e as subsequentes.

Obs: Considere que para V.Carvalho, Irajá, Areal, Pavuna e etc, as então simples paradas ainda sem plataformas, foram inauguradas somente quando iniciou-se o serviço de passageiros (1883)

Em 1883 iniciou-se os serviços de passageiros e o trecho entre Cajú e Liberdade começou a ter suas paradas inauguradas (Cajú, S.Francisco, Alegria (depois Benfica), Praia Pequena, Venda Grande e Liberdade).
O mesmo ocorreu com o trecho entre Liberdade e E.Mato com as paradas: Capão do bispo, Henrique Scheid (mais moderna), José dos Reis e Pilares, sendo que esta última não é a estação atual de Pilares, outrora Cintra Vidal.

A Pilares original ficava realmente no largo homônimo. Por isso Cintra Vidal foi inaugurada com esse nome. Não poderiam existir 2 Pilares.

Segundo recém pesquisa do Dado, em 1895 eu acho, a Melhoramentos foi inaugurada até Honório Gurgel e passou a cruzar com a Rio D'ouro em 2 pontos. Um em Liberdade (D.Castilho) e outro na altura de Tomás Coelho.

Apenas em 1898, o trecho entre Inhaúma e E.Mato fora inaugurado e a Rio D'ouro passou a ter 2 variantes. Essa "convivência" entre os 2 traçados teria ocorrido entre 1898 e 1907.

O Dado descobriu documentos com menção de Capão do Bispo até 1915, mas isso pode ter sido apenas a referência do local, uma vez que os nomes Cachambi e Maria da Graça ainda não existiam.

O trecho da Rio D'ouro entre Inhaúma e E.Mato tinha as seguintes estações (Inhaúma, Botafogo e E.Mato).
A estação Botafogo teria sido desativada pouco tempo depois, funcionando apenas como telégrafo e a estação E.Mato teria existido até os anos 30 (séc XX).
Com a inauguração de Engenho da Rainha em 1931, E.mato, a menos de 200 metros dali, passou a ser inútil e foi desativada.

O trecho entre Liberdade e E.Mato teria durado até 1907 ou iniciozinho da década de 10 (séc XX) e o trecho entre Cajú e Liberdade durou até os anos 20.

Para encerrar uma curiosidade: Temos forte suspeita que a estação E.mato (desativada nos anos 30) possa ainda estar de pé nas interseções da Rua Silva Vale e Pastor M.Luther King Jr.
Eu, o Dado e outros foristas já debatemos esse assunto e ele deverá vir a tona de novo.

Se ficou alguma coisa confusa, pode perguntar

HUGO CARAMURU escreveu:muito boas as pesquisas, no mapa do Rio de Janeiro de 1900, já está escrito "Parada do Capão". Só não entendi porque a Rio Douro iria birfurcar (em Del Castilho) se a razão dela era tratar dos encanamentos de agua...

Engenho do Matto hehehehehe bem lembrado, Adenilson !
Será que é esta casinha amarela, com a data de 1890 em uma de suas paredes ?





Os idosos que se encontravam sentados à frente da casa disseram que a construção nada tem a ver com a ferrovia, mas ... não acredito totalmente nessa declaração ...

Obs.: Adenilson, que resumo histórico da EF Rio d'Ouro ! Praticamente perfeito !
Show !

Entendi e mais uma vez digo: estou maravilhado com a seriedade historica do trabalho deste site.
Quanto esta casa da foto ser Eng. do Mato, me dá duas impressões: está meio grande pra uma ferrovia meio pequena: mas o distico da data, parece... teria que ver em fotos outras estações e ver se há um igual... a data é bem coincidente... Engraçado que lembro muito do bonde "Eng.do Mato" e ainda pré-adolescente de 14 anos, confundia Os engenhos do mato, novo, de dentro e da rainha...
O trabalho de vcs tá me dando uma "estudiosidade" legal: parei pra ler na internet a história da fazenda do Capão do Bispo... veio até uma familia Zieze herdando a propriedade... Aí lembra a "Chave Zieze"... Levando em conta que em 1900 nada existia ali, só mato, parecia ser tudo longe...
Vi na Biblioteca Nacional, via internet, o mapa do Rio 1900... é o mesmo que vcs têm, não é?
Noutro site, confirmou que a Rio Douro teve 5 locomotivas ( Hunslet- fábrica inglesa renomada em locomotivas industriais e de manobras) e me parece 41 carros de passageiros - o que me deixou admirado-pois pareceu um nr grande...Bem, acho que esse veio ainda vai dar muito ouro...

Hugo, exatamente como você bem falou: durante as pesquisas acabamos por aprender muitas outras coisas, sem querer ou até querendo, por curiosidade.
Procurando informações sobre Capão do Bispo, fiquei admirado e curioso com uma coisa: uma professora de nome Luiza Franco Burlamaqui. Em muitos documentos este nome aparece como professora pública de ensino fundamental, e depois em outros níveis, no Capão do Bispo. Não sei na fazenda ou na localidade, pois toda aquela região era conhecida assim na época. Podemos ver também que, tamanha era esta fazenda, que o local da Parada ferroviária ficava longe de onde é a "entrada principal" atualmente (na verdade, a entrada hoje é praticamente um beco).
Mas voltando à professora, fiquei com muita curiosidade de saber se deixou descendentes na região, pois me parece ser uma pessoa e tanto, devido às muitas vezes que figura em documentos antigos. E isso por décadas, pelo menos 25 anos !
Em outra matéria, um fato curioso: relata-se que tentaram assaltar, no ano de 1900, a casa da família Burlamaqui (provavelmente a residência desta professora) os fascínoras foram expulsos a tiros, por José Nicolao Burlamaqui, dono da residência.
Aliás, pasmem, o Capão do Bispo devia ser uma região perigosíssima antigamente (e hoje não ???). Falo isso pois a quantidade de registros policiais na região, que vi em documentos antigos, é enorme ! Acho que vi mais de 30 ocorrências durante as pesquisas, inclusive uma ferroviária, menos de dois anos depois de inaugurada a Parada, vejam abaixo: