ESTE SITE SERÁ DESCONTINUADO EM BREVE. FAVOR ACESSAR trilhosdorio.org

NTExpo 2017 em São Paulo

Tempo de leitura: 13 minutos

A narrativa abaixo foi dada pelo presidente à época, atual coordenador-geral da AF Trilhos do Rio, Daddo Moreira. Trata-se da primeira vez que ele teve a oportunidade de comparecer ao evento internacional NTExpo, em São Paulo-SP. Trata-se de um dos eventos no meio ferroviário e de mobilidade mais importantes do mundo, mas no ano anterior, por motivos pessoais, não foi possível estar presente.

Continua após a publicidade

O texto está em primeira pessoa e foi replicado das redes sociais e mensageiros instantâneos da AFTR, em publicação feita no dia 8 de novembro de 2017.

Todos os detalhes são reais, incluindo os contratempos e surpresas (que pra variar ocorrem na maioria das vezes). 

Agradecemos a visita e desejamos a todos uma boa leitura!

 

“Bem, começando nossa aventura às 0h01 de terça-feira, Rodoviária Novo Rio, ônibus da Expresso Brasileiro. Comigo estavam o Filipe Anacleto e o jornalista Carlos Senna; e em outro ônibus para Guarulhos, o Weiller. Tirando o Senna, os outros são membros da AFTR, onde sou o presidente.

Um pouco antes estávamos preocupados em relação ao Weiller, que não tinha chegado e estávamos próximos de partir. Felizmente o vimos nas escadas rolantes, subindo enquanto descíamos para o procurá-lo.

O ônibus saiu no horário, e o motorista, muito experiente, corria muito, a meu ver. Na subida da Serra das Araras, ele ia “deitando” o ônibus, fazendo as curvas cortando nas retas, se me entendem. Digo, curva para a direita e curva para a esquerda, ele já vinha cruzando pelo trecho reto de um lado para o outro. Para ter uma ideia, nós ultrapassamos o ônibus do Weiller, que saiu às 23h35, rumo a Guarulhos, ainda na Serra das Araras! E o detalhe é que ele foi de DD na janela frontal superior, que eu tinha medo de altura (na época) aff.

Imagem: Daddo Moreira em 2017

Na subida da serra, inclusive, ocorreu um fato curioso mas indiscreto. Uma pessoa, com vários equipamentos fotográficos, foi ao banheiro do ônibus. Com as curvas sendo feitas rapidamente pelo motorista, a pessoa caiu para fora do banheiro junto com seus equipamentos! Felizmente não houve danos físicos nem materiais.

Bem, meu ônibus parou no Graal por pouco mais de 20 minutos, e eu só consegui dormir um pouco depois da divisa estadual, mas acordava toda hora com freadas e desvios de rota. Percebi que estávamos chegando quando vi uma loja grande do Magazine Luiza, haha (nota: na época não existiam lojas dessa empresa no Rio de Janeiro).

Chegamos no (terminal) Tietê às 5h25. 16 graus quando descemos lá, bati queixo até colocar o casaco.


Descemos por uma saída para uma rua que não estou achando no mapa agora (nota: imagem acima, Rua Marechal Odylio Denys), para tomar um café mais econômico. Pão de queijo grande a R$ 2,00; já comecei gostando logo de cara, kkk. Vi agora que fomos e voltamos no mesmo veículo, mesmo número de ordem. Dali fomos pra Linha 1 do Metrô. Estava saindo uma composição na hora que eu e o Filipe estávamos subindo.

Mas pra minha surpresa poucos segundos depois já veio outra! Eu fui pra cidade tentando não ter pré-julgamento, que é melhor, que é isso, que é aquilo, fui tentando ser imparcial. Mas já tava curtindo logo de início, kkkk. Tentando reparar uns detalhes, notei que as composições são claras, a iluminação diferente, os passageiros mais silenciosos (por causa do frio?), ar-condicionado reguladinho, ambiente limpo, sem paredes arranhadas ou riscadas, letreiros funcionando, indicadores de portas mostrando o funcionamento normal, muito bacana.

Dali fomos de Linha 7 até Palmeiras-Barra Funda, e depois Linha 8 pra General Miguel Costa. Eu fui visitar um amigo de internet da minha companheira (nota: falecida em 2016), que tem o mesmo problema de saúde que ela tinha, e esperava por um transplante de pulmão. O concentrador de ar que ela usava eu doei a ele, que usa por todo o tempo. No caminho, dentro do trem, observei algumas curiosidades, como a bitola mista em alguns pontos, herança ainda da FEPASA, período antes da privatização da malha.

Continua após a publicidade

A CPTM chegou a usar a bitola métrica por um tempo, apenas, mas os trilhos permaneceram. Vi muitos pátios grandes ao lado das linhas também, armazéns, galpões antigos, depósitos. Ah, e algo invejável, pelo menos em boa parte dos trechos por onde passei: muros limpos, sem pichações, linhas limpas sem lixo nos trilhos.

Ao chegar em General Miguel Costa, em Carapicuíba, começou a aventura. Desci na estação e combinei com o Filipe de irmos nos falando, e ele foi dar um giro pelo sistema. Quando o trem foi embora, peguei o celular pra tirar uma foto da estação, vi que estava com 39% de bateria, abri a câmera e … puff. Celular morreu. Entendi nada. Liguei, ele nem entrava no Android, da apresentação mesmo desligava. Imagina alguém pela primeira vez em uma cidade, sem modo de se comunicar com quem ia visitar, nem com os amigos que ficaram em outros lugares. Eu não sabia até que estação o Filipe iria, então, ferrou. Mas nada de pânico.

Estação General Miguel Costa, em Carapicuíba-SP. Terminal rodoviário integrado ao sistema ferroviário. Foto: Daddo Moreira em 2017

Aliás, São Paulo em infraestrutura é notável. Os sistemas, integrados ou não em matéria de tarifa, são sempre grandes, bem feitos e acessíveis. Notei vários terminais assim ao lado dos trilhos. Lá em cima fiquei tentando lembrar do mapa pra saber em que direção iria. Sabia que tinha que ir pro sul, olhei pro sol nascendo do lado esquerdo, então, blz, leste localizado, vou pra frente. O endereço eu sabia de cabeça, e lembrava que tinha que andar uns 15 a 20 minutos numa estrada ao lado do rodoanel e entrar à direita.

Tem um parque simpático no caminho. Aí andei andei, entrei numa estrada à direita. E aquela hora, antes de 7h, tinha nada aberto pra eu dar uma carga no celular, pelo menos pra saber onde estava ou entrar em contato. Resultado, estava na rua errada, perguntei a várias pessoas na rua e ninguém sabia onde ficava o endereço. Bem, continuando, encontrei uma lanchonete tipo pastelaria aqui do RJ, abrindo as portas. Primeira coisa que olhei foi pra parede e vi uma tomada haha. Entrei, comprei um café com leite e pedi pra dar uma carga no celular. Entrei em contato com ele, e vi que estava 2 kms pra dentro de um bairro, entrei errado, tive que dar uma volta boa pra chegar lá, tipo, quando cheguei na estrada que fazia esquina com a rua dele, eram 6 quadras pra chegar. E ali é subida e descida o tempo todo, a rua dele mesmo quase que tem que escalar pra chegar na principal.

Então, voltei pro 21 (estação General Miguel Costa) pra reencontrar com o pessoal. Peguei um ônibus com a esposa do meu amigo e desci no terminal rodoviário, subindo o acesso à estação. Foi nessa hora que fiz a foto do totem e do acesso que postei ontem.

Vi essas habitações precárias junto ao muro da ferrovia, mas pelo menos não houve invasão do leito. Na volta, vendo pelo diagrama, quis fazer um caminho diferente. Desci em Osasco e peguei a Linha 9 Esmeralda.

Curioso que várias pessoas me pararam pra perguntar como chegar a algum lugar… que bom, eu não estava com cara de turista, pelo visto. Desci na estação Pinheiros e fui pela Via 4 Amarela. As fotos não ficaram lá essas coisas…

Continuando, fomos pro Monotrilho. O nome do rapaz que nos acompanhou chama-se Wesley, de acordo com o Senna (ele não se lembrava ao certo).

Na verdade, na Consolação-Paulista uma moça nos esperava. Ela nos conduziu até onde esse rapaz estava, e ele nos acompanhou pela L2 até Vila Prudente, onde subimos pra linha 15 (Monotrilho).

Na ida fomos “na cabine”. Esperamos na plataforma o próximo horário, e entramos no último carro. Se pra mim a altura já estava aterrorizante, nessa volta andamos do último ao primeiro carro com o veículo em movimento.

Trepida um bocado, mas gostei, mesmo com o medo. Bem, voltamos pra Tamanduateí pra pegar a Linha 10 Turquesa pra ir até o Brás.

Assim que chegamos lá, saiu um trem. Ficamos aguardando e observando o tráfego no outro sentido. Percebi que neste trecho rodam uns trens mais antigos, mas com a pintura atual da CPTM.

Créditos na imagem

E nem esses trens “antigos” são mal conservados.

Aí enquanto esperávamos o trem, vimos um da MRS se aproximando. Fui para a cabeceira da plataforma para fazer algumas fotos.

Quando voltei, “fuzuê” formado com a segurança abordando o Carlos Senna e sua câmera “discreta”. Ela queria porque queria conduzi-lo à agência, e com razão. Ele pediu pra ligar enquanto a segurança insistia. Falou ao rádio e a chefia falou para conduzi-lo. Enfim, ele conseguiu falar com alguém por telefone, e disseram a ele que não tinham passado a autorização pro setor de segurança, autorização que ele tinha solicitado há semanas antes para fazer registros tanto nos trens quanto no Metrô.

Enquanto isso, no rádio da AS (Agente de Segurança), a mensagem “fulana, vc conduziu o senhor até aqui? Ele não chegou aqui ainda não!” kkkk.

Falei com o Senna pra ir logo, acompanhar a AS. Mas assim que eles subiram, informaram no rádio “a autorização foi dada, nos passaram agora aqui”. Deu tempo de descer e ainda embarcarmos no trem que chegava na estação.

Não sei se é climatizado, mas estava meio “só na ventilação” o interior do carro. Agora tô na dúvida se pegamos L3 vermelha até a República + a L4, ou a L11 pra chegarmos na Luz. Bem, na Luz fiz algumas fotos simples, já ressabiado com a segurança.

Voltamos pra Portuguesa-Tietê e novamente visando economia, fomos almoçar.

Almoçamos aqui (imagem acima, Google Maps). Até que a comida não estava ruim, só a aparência que não era lá essas coisas: R$ 63,00 por três pratos de bife acebolado com arroz, feijão, salada de alface, cebola e tomate, farofa e um guaraná antártica 2L. O bife estava precisando fazer um regime, mas macio.

Enquanto isso carregamos os celulares, o Senna levou uma extensão com 4 tomadas kkk. Os três pratos deram pra nós quatro e ainda sobrava.

Bem, de lado partimos pra NTExpo de Uber. Deu R$ 8,00. Demos uma volta pela feira e pegamos material impresso, tinha até Revista Ferroviária disponível.

Na segunda palestra eu estava praticamente caindo, com muito sono, quase derrubei a caixinha de tradução simultânea que nos dão pra acompanhar as palestras.

Eu estava com tanto sono quanto estes funcionários deste stand

Ao final, teve uma premiação para os destaques jornalísticos do ano. Prêmio de R$ 7.000,00. Teve um sujeito que ganhou 3 vezes.

Após a última palestra, teve coquetel com muitos petiscos, bebidas como vinho seco, Red Label, sucos de frutas, umas bebidas exóticas com folhas dentro etc. Eu tava “caindo pelas tabelas”, não bebo álcool, mas tentando de tudo, pedi uma taça de vinho pro barman, que passava pra lá e pra cá oferecendo e ninguém pegava. O cara botou mais de meia taça pra mim rs. Eu imaginava que talvez pudesse me relaxar mais que acordar, então bebi tudo em dois goles kkkk. Desceu queimando e … deu certo, fiquei ligadão.

Me pegaram no flagrante. Prestes a mandar tudo pra dentro.

Enfim, saímos depois da hora de encerramento porque achamos tomadas pra carregar os celulares, o Weiller e o Senna foram jantar, indo pra Guarulhos depois (ônibus saindo às 23h) e eu e o Filipe fomos dar mais uma volta. Na Luz ele encontrou um amigo e ficou na estação conversando, e eu fui andar na Linha 11 até Guaianases. Dei bobeira, poderia ter ido até Calmon Viana e voltado de L12. Mas preocupado com o horário, apesar de ainda ter tempo suficiente, não o fiz.

Última foto da aventura, de volta à Luz. E haja luz mesmo rs.

Quando fomos de volta pra Portuguesa-Tietê, o metrô ainda ficou alguns poucos minutos parado. Informaram que havia uma ocorrência em Tiradentes pelo sistema de som, algumas vezes. Mas logo partiu. Me chamou a atenção nessa última viagem o nível de aceleração e frenagem, parecem mais fortes que aqui no RJ. Na volta ao RJ, dormi entre a saída e Guaratinguetá. Depois fiquei acordado direto, preocupado com a descida da Serra das Araras, até porque o ônibus era o mesmo que nos levou pra SP e o motorista parecia muito, mas só parecia rs. Depois da descida da serra, apaguei e só acordei com o asfalto péssimo da Av. Brasil, já no RJ.

Enfim, foi isso. Tô cheio de vontade de voltar pra Sampa, aproveitar com mais calma a cidade e o sistema, fazer mais registros e ter impressões mais detalhadas. Pra mim foi curioso ver uma cidade maior que o RJ, mas bem organizada, sem o caos que vemos frequentemente por aqui. A cidade não dorme, como dizem. Vias movimentadas por todos lados, mesmo em outras cidades da região. Mas a limpeza, organização e infraestrutura me surpreenderam muito positivamente, tanto nos trilhos como fora deles. Os ônibus me pareceram bem organizados, mantidos e administrados também. Claro que fiquei de olho em alguns indivíduos, presentes em qualquer lugar, principalmente naquela saída da Tietê. Mas de modo geral, a experiência superou minhas expectativas, foi muito legal, de verdade!” 

Loading

error: Este conteúdo não pode ser copiado. Caso use o arquivo, por favor cite a fonte.