Trilhos do Rio participa de audiência sobre renovação da concessão daFCA

O DPP Trilhos do Rio esteve presente ao evento, em companhia de dirigentes da AFMB e outras instituições

Com informações de Daddo Moreira, coordenador do DPP Trilhos do Rio*

No último dia 11 de outubro foi realizada uma audiência, em Manifestação de Interesse Público, abordando a renovação antecipada da concessão da concessionária Ferrovia Centro-Atlântica – FCA, por mais 30 anos. O evento quase não foi realizado no Rio de Janeiro, sendo necessária a intervenção de instituições e ferroviaristas para que uma data fosse reservada para a participação dos interessados.

A reunião foi realizada em um auditório de um hotel, localizado na zona sul da cidade do Rio de Janeiro, em Copacabana. Contando com a presença de integrantes de diversas áreas da sociedade civil, e também do meio político e do poder público, a reunião teve início por volta de 14h50, com certo atraso, mas com o salão, que comportava 150 participantes segundo a organização, praticamente todo ocupado.

Logo na entrada era realizado o credenciamento dos participantes e estes, caso desejassem, poderiam pronunciar argumentos e motivos para defender ou criticar a renovação da concessão da empresa que, como sabemos, é a responsável ainda por mais de 700 quilômetros de ferrovias, e mais de 90% destas abandonadas e sem as mínimas condições de utilização, faltando trilhos inclusive em muitos trechos.

Apesar da (ir)responsabilidade da concessionária, devemos lembrar que possivelmente uma conjunção de fatores ajudaram a determinar esta tragédia ferroviária, e também histórica, e a culpa pode ser atribuída a outros agentes. Esta foi a temática do coordenador do Departamento de Pesquisas e Projetos Trilhos do Rio, Daddo Moreira, ao ir ao púlpito e se dirigir ao público presente e à bancada de diretores, em sua maioria composta de membros da Associação Nacional de Transporte Terrestres – ANTT, que curiosamente e até o momento do fechamento desta notícia, ainda não havia disponibilizado a gravação da audiência em suas mídias, algo prometido antes da audiência.

Começo dizendo que as linhas que estão em discussão aqui hoje representam não apenas um recurso estratégico para a logística do país, já que são vetores de desenvolvimento, e podemos pensar nos países desenvolvidos, que possuem grandes e abrangentes malhas ferroviárias. Seria coincidência?
(…)
Desde 2009 eu meus valorosos colegas realizamos pesquisas em campo, e podemos ver o descalabro de trechos abandonados ou erradicados há décadas. A perda deste patrimônio é triste e descabida.
(…)

Não seria a ocasião de cobrar respostas, mas consideramos importante tê-las. Até vemos (…) fatores bem abrangentes, (…). Sem incentivos à indústria, à agricultura, ao comércio, ao empresário, não há produção, consequentemente não há cargas, e não se tem o que transportar. Isso explica parte dos problemas. No entanto, (…) muita coisa precisa ser explicada à população, como a destruição do patrimônio público, os prejuízos econômicos e em mobilidade, tudo isso devido ao abandono das linhas citadas.
(…)
Entendemos, no entanto, que para ocorra esta renovação da concessão, algumas questões adicionais precisam ser consideradas para garantir a preservação e o uso eficiente das linhas ainda operacionais, e também incluam medidas relativas ao que pode ser feito na questão da cessão e recuperação de material rodante, das vias, e das estações e demais mobiliários ferroviários sem uso, (…). Pois se aconteceu antes, pode acontecer de novo. – Daddo Moreira, durante a audiência

Logo após o coordenador do DPPTR falar ao microfone, foi a vez de Thiago Costa, presidente da Associação Ferroviária Melhoramentos do Brasil – AFMB, o qual Trilhos do Rio faz parte.

Após prefeitos, vereadores, diretores de instituições, representantes da sociedade civil, funcionários da empresa, antigos ferroviários e até um empresário chinês, que anteriormente se envolveu em certa polêmica ao anunciar a construção de uma cidade inteligente no litoral do estado da Paraíba e neste dia anunciou que pretendia comprar 2000 quilômetros de linhas da FCA, os diretores das instituições DPPTR e AFMB davam como missão cumprida a presença e participação na audiência.

Entretanto, o que ocorrerá a seguir, depois de ainda alguns meses de análises e debates em outros estados, parece certo: a renovação vai sair do papel, e o estado do Rio de Janeiro poderá não ganhar em nada com isso, a não ser que haja algum investimento cruzado ou compensatório em obras de infraestrutura que atendam as necessidade logísticas e ferroviárias fluminenses.

Aguardaremos literalmente por um milagre, mas que ainda é possível. Quaisquer novidades serão informadas aqui e nas nossas mídias sociais.

Texto escrito em 14 de outubro de 2024 às 19h52
Última atualização em 14 de outubro de 2024 Às 19h52
Imagem de capa: Daddo Moreira