Matéria publicada na Revista Ferroviária, via G1 PR
22/04/2013 - G1 PR
Com apenas 25 anos de idade, um ex-trainee conseguiu zerar o déficit mensal de R$ 600 mil de uma das ferrovias estaduais mais importantes do país. A trajetória de carreira que levou João Vicente Bresolin de Araújo à presidência da Estrada de Ferro Paraná Oeste S.A. (Ferroeste) não é das mais comuns. Menos de quatro anos após terminar o ensino superior ele se viu comandando uma equipe de 150 pessoas.
“Foi uma surpresa gigante, não imaginava que fosse possível acontecer algo do tipo”, lembra o jovem executivo sobre o momento em que foi convidado para o cargo, pelo secretário de Infraestrutura e Logística, José Richa Filho. Em pouco mais de seis meses na presidência o jovem superou alguns desafios, como o receio pela pouca idade e os prejuízos acumulados ano após ano. Com mudanças administrativas e operacionais, Araújo prevê um horizonte de lucros já a partir de 2013. “É uma obrigação minha tentar recuperar essa ferrovia”.
Criada em 1988 e concluída para tráfego em 1996, a Ferroeste é a principal ligação da produção agrícola do oeste do estado com até o Porto de Paranaguá. O traçado próprio vai de Cascavel até Guarapuava, na região central do Paraná, a partir de onde os grãos, farelos e contêineres são levados através de acordos com empresas privadas. Em 2012, 720 mil toneladas de produção passaram pelos trilhos da Ferroeste.
A aceitação foi uma das primeiras situações com as quais Araújo teve de lidar no início de gestão. “O pessoal ficou com medo que viesse um piá filho de político para se encostar no cargo, mas eu não tinha esse perfil, e logo eles mudaram essa visão”, lembrou o presidente. As brincadeiras com a pouca idade também foram naturais, mas ele garante que sempre levou tudo na esportiva. “Me lembro de uma mulher falar que uma Kombi do Conselho Tutelar estava parada lá embaixo para me levar quando eu fizesse algo errado, ou que iam chamar a minha mãe. Mas é normal, eles tinham 25 anos de Ferroeste e eu tinha 25 anos de idade”, contemporizou.
Segundo Araújo, as brincadeiras cessaram quando ele começou a colocar em prática o que havia aprendido na iniciativa privada. “Tentei adaptar ao máximo, mas é muito diferente, é tudo muito mais burocrático, mais lento”, comparou. Ainda assim, os resultados das novas medidas já vêm sendo colhidos nos primeiros meses. “Já estamos no zero a zero”, classifica o jovem presidente.
Trajetória
João Vicente Bresolin de Araújo nasceu em Curitiba, mas morou no oeste dos quatro até os 17 anos, quando voltou à capital para ingressar na ensino superior. Graduou-se em administração pela FAE em 2008 e em Engenharia Ambiental pela UFPRx em 2010, após um período de especialização na França. O início da trajetória profissional foi na América Latina Logística (ALL), que opera o modal ferroviário em diversas regiões do Brasil. “Foi um desafio gigante, eu trabalhava umas 12 horas por dia. Fiquei um ano no Centro de Controle de Operações (CCO) cuidando de toda parte de carregamento de grãos do Paraná e Santa Catarina, quando me convidaram para fazer parte do programa de engenheiros da ALL”, recorda Araújo.
Após aulas e quatro meses de trabalho de campo para conhecer o funcionamento operacional, Araújo voltou ao CCO, estendendo as atividades anteriores ao Rio Grande do Sul. Foi quando surgiu o convite para assumir a ferrovia pela qual o avô dele, Hylo Bresolin, encampou batalha para implantar. “Ele foi um dos 40 empresários que foram até Brasília pedir ao Sarney a criação da Ferroeste”, contou o atual presidente da empresa, que acredita que este fator também deve ter pesado na aceitação dos cascavelenses ao nome dele. “Sinto uma responsabilidade de fazer dar certo o negócio, essa ferrovia é uma das melhores coisas que poderia ter acontecido para o Paraná”, afirmou.
Prejuízo e 'novo fôlego'
O prejuízo da Ferroeste foi herdado de pendências judiciais e administrativas, segundo Araújo. Privatizada em dezembro de 1996, mas com consórcio operador deixando de fazer investimentos e de cumprir metas e pagamentos previstos, o Estado ingressou com uma ação para reaver a operação da ferrovia, em 2003. A empresa voltou para o controle estatal em dezembro de 2006, mas a situação continuava ruim.
“Quando o governo reassumiu a operação, havia 15 locomotivas operando. De 2007 a 2011, 12 delas pararam, e nenhum investimento era feito nelas” conta o presidente. No mesmo período, o tempo de trânsito de Cascavel até Guarapuava subiu de oito horas e meia para 11 horas e meia. “Hoje nós voltamos esse ciclo para nove horas e meia, e em 2014 pretendemos retomar as oito horas e meia”, estimou Araújo. O tempo menor de trânsito foi um dos responsáveis por aumentar a produtividade recente da empresa.
“Os resultados do primeiro semestre de 2013 são os melhores desde 2010, quando havia mais máquinas em operação do que atualmente”, compara o presidente. Outras medidas administrativas tomadas na nova gestão foram a devolução de locomotivas alugadas que estavam paradas, a troca da operadora de telefonia, e substituição de funcionários terceirizados por concursados. “Nós estávamos com 120 funcionários, hoje temos 150, e gastando R$ 30 mil a menos todos os meses”, detalhou.
No campo operacional, Araújo trouxe o engenheiro de produção e companheiro de ALL Rodrigo César de Oliveira, também de 25 anos, para ser o novo Diretor de Produção. “Ninguém conhecia de operação, e nós focamos bastante no dia-a-dia, em acelerar as manobras ferroviárias. Também demos foco na condução dos maquinistas, é muito difícil conduzir um trem, e padronizamos isso”, explicou.
Para a entressafra de grãos, o presidente da Ferroeste aposta em novas máquinas e em acordos com a ALL para manter as operações em alta. O objetivo é levar para moagem a soja de qualidade inferior produzida no período para Ponta Grossa, na região dos Campos Gerais, equilibrando as receitas. O acordo deve possibilitar ainda uma economia no escoamento da safra no Porto de Paranaguá.
“Hoje a gente tira os grãos de Cascavel e leva até Guarapuava. A ALL sai de Ponta Grossa com vagões, deixa vagões em Guarapuava, pega os que nós deixamos lá e levam de novo para Ponta Grossa antes de ir para Paranaguá”. Com a mudança, a Ferroeste deixa de parar em Guarapuava e diminui o tempo de viagem da safra. “Quando não fica parado, vai e volta mais rápido, e fatura mais”, resumiu.
Ferroeste é presidida por ex-trainee de 25 anos
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