Neste tópico descreverei como foi a nossa aventura durante a expedição que percorreu o trecho da antiga EF Príncipe do Grão-Pará, entre as estações de Alto da Serra (demolida) e Raiz da Serra (atual Vila Inhomirim, operada pela Supervia).
Farei a descrição a partir do meu ponto de vista, cabendo aos nobres amigos colocarem suas opiniões pessoais também, caso queiram. Vamos lá !
Data da expedição: 30 de março de 2014
Participantes:
- DadoDJ
- Edson Vander (AFPF)
- Sidney Lopes
- Carlos Alberto Souza
- Carlos Assis
- Thiago de Souza
- Edson Ribeiro (Amigos do Patrimônio Cultural)
- Leonardo Ivo
- Felipe Sposito
- Éden
- João Vítor
- Luis Octávio (AFPF) >> Não desceu a Serra conosco
Marcamos nosso primeiro ponto de encontro na estação D.Pedro II (Central do Brasil). Eu, apesar de ter ido dormir quase às 2:00 da madrugada, acordei às 5:00 e saí meia-hora depois para passear com minha cachorrinha. Toda essa história para mostrar o belíssimo visual que tive a graça de presenciar durante o passeio, vejam:

DSCF3760 por trilhosdorio, no Flickr


Esse visual me deixou bastante animado, visto que na véspera o tempo esteve nublado durante quase todo o dia, com a previsão anunciando possível chuva para a parte da manhã e parte da tarde em Petrópolis. Como estava saindo esse lindo sol, a previsão era super animadora para a nossa expedição.
Pois bem, me dirigi à Central do Brasil, onde marquei o horário a partir de 7:30. Mas cheguei muito cedo, às 6:55 ! Surpresa: Luís Octávio já estava lá !

Ele estava apreciando alguns dos monumentos, placas e bustos que se encontram no interior da gare. Aproveitei para tirar algumas fotos discretamente com o celular, visto que imagens não são bem vistas pelos seguranças da Supervia.
Logo a seguir chegou o Carlos Assis, rádio-telegrafista (!). É a primeira expedição em que ele participa e vou dizer uma coisa: que pessoa legal, alto astral, inteligente, consciente, responsável ... aliás, isso nunca me surpreendeu, até hoje todas as amizades que fiz durante os encontros, reuniões e tópicos no grupo Trilhos do Rio são de pessoas nota 1000, fico feliz por isso !

Conversamos bastante, enquanto mais membros da equipe íam chegando: o amigo do peito Sidney Lopes; o Felipe Sposito, outro em sua primeira vez, gente finíssima; e o Leonardo Ivo, que dispensa apresentações, parceirasso. Enquanto conversávamos, fui também recebendo ligações e confirmações. A expectativa foi aumentando ... às 8:27 embarcamos no trem rumo a ... Gramacho ! Do lado de dentro da estação, atrás da roleta, estavam à nossa espera o amigão Carlos Alberto Souza e dois amigos seus, o Éden e o João Vítor. Por algum motivo, o trem que deveria nos deixar em Saracuruna só seguiria viagem até Gramacho. Era um série 400 meio maltratado ... na realidade a minha impressão era que ele não aguentaria chegar nem em Gramacho, imagina mais longe ...

No interior do trem, vimos algumas cenas desagradáveis. Uma delas era a de algumas pessoas largadas no banco do trem, visivelmente pernoitadas, prestes a cair a qualquer momento ...

DSCF3764 por trilhosdorio, no Flickr
As outras cenas eram de abandono ... a linha de bitola métrica, como já sabíamos, foi totalmente arrancada entre São Cristóvão e Jardim Primavera, pelo menos ...

DSCF3761 por trilhosdorio, no Flickr
Chegamos em Duque de Caxias, onde nos esperávamos o amigo Edson Vander, da AFPF. Ele fez a imagem abaixo, muito bacana, do nosso trem chegando à estação: Seguindo viagem, vimos o crime, a erradicação das linhas de bitola métrica em todo o trecho, com a construção da estação Corte 8 (suas plataformas foram construídas sobre o leito da antiga linha) e outros absurdos que falarei em seguida ...
Chegando a Gramacho, nos foi anunciado pelo sistema de alto-falantes que os passageiros que quisessem chegar a Saracuruna, que descessem e aguardassem novo trem para seguir viagem. NEsta estação encontramos o Thiago de Souza, outro parceiro show de bola, em sua primeira expedição também ... ok, descemos, o sol forte ... até que em poucos minutos, fomos orientados a entrar NO MESMO TREM para seguir viagem !

Entramos ... dentro de uns dois minutos, chegou um "coreano" em Gramacho, vindo de Saracuruna. Como a linha no trecho é singela (apenas uma linha ainda) o nosso trem teria que esperar um no sentido contrário chegar para seguirmos ... mas não, tanto o nosso trem como o que veio de Saracuruna, ficou parado uns 20 minutos sem motivo aparente, um em cada plataforma ... vai entender ...

Já preocupados com o atraso, tanto em relação a programação da expedição quanto em relação ao trem a diesel que sai de Saracuruna rumo a Vila Inhomirim, tentei entrar em contato através do Twitter da Supervia ... coincidentemente, o trem partiu ...

Pelo caminho, continuamos vendo os absurdos, inclusive dentro do pátio de Campos Elíseos, onde no passado, a REDUC embarcava combustível em vagões-tanque, entre este pátio e Campos dos Goytacazes e Macaé ... uma pena !

DSCF3770 por trilhosdorio, no Flickr
Enfim, chegamos a Saracuruna. O Luís Octávio saiu em disparada para nos mostrar a cabine de sinalização mecânica de Saracuruna, acho que é uma das últimas do Brasil preservada. Cheguei a entrar com ele, mas infelizmente o trem a diesel já estava de partida e tivemos que correr, não dando tempo nem para uma foto do belíssimo e curioso mecanismo.
Além desta agradável surpresa, vimos que a Supervia reformou e adesivou os trens de bitola métrica, que operam nos ramais Vila Inhomirim e Guapimirim. Nota 10 para a empresa neste sentido !

DSCF3775 por trilhosdorio, no Flickr

DSCF3777 por trilhosdorio, no Flickr
No caminho, outra surpresa: um antigo dispositivo de sinalização, conhecido por "sinal-bandeira" ou "rabo-de-peixe" encontra-se junto a linha sentido Guapimirim ! Patrimônio preservado !

DSCF3778 por trilhosdorio, no Flickr
Passando pelas estações no caminho, vimos algumas curiosidades: em um grande terreno em Imbariê, centenas de dormentes jogados: Enfim, chegamos a Vila Inhomirim. E lá fiquei muito surpreso: as ruínas das oficinas foram colocadas em destaque, o terreno foi capinado, adicionaram mais uma linha, próxima a estas ruínas, a estação foi reformada e está organizada, limpa, reformada, enfim, linda ! Infelizmente, as pilhas da minha câmera acabaram inexplicavelmente assim que chegamos a Morabi, estação após Saracuruna. Por isso só pude fazer fotos no Alto da Serra, após comprar mais pilhas ... vejam abaixo fotos da estação, feitas por Leonardo Ivo:
Nesta estação nos encontramos com o amigo historiador Edson Ribeiro, também gente finíssima !

Após reconhecermos as novas instalações da estação de Vila Inhomirim, fomos ao ponto de ônibus mais próximo, aguardar o veículo da TREL que liga as localidades de Campos Elíseos e Alto da Serra. A fonte que existe próxima dali neste dia estava seca, não sei o porquê. Emntramos em um bar e nos abastecemos de água e mantimentos. Aproveitamos para fazer mais uma foto, desta vez, do grupo todo:

Em uns 15 minutos veio o ônibus. Embarcamos e subimos a serra, deslumbrados com o visual, até que ... um pouco antes do Meio da Serra o veículo foi parado: uma blitz ! Explico: neste dia a polícia e forças armadas estavam tomando o Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, e possivelmente bandidos estariam migrando para cidades da Região Metropolitana, inclusive Petrópolis. Por isso, a polícia estava de prontidão, realizando blitz.
Dois policiais entraram pela porta do meio, armados com fuzis. Um ficou na porta observando os passageiros (o ônibus não estava lotado, mas praticamente todos os assentos estavam ocupados) enquanto o outro ía revistando os passageiros, aleatoriamente (leia-se, de acordo com a desconfiança racista que ainda influencia o meio). Curiosamente, nosso grupo estava quase todo na mesma área do ônibus, e o policial ía perguntando a cada um para onde ía, e todo mundo falando a mesma coisa, que fazia parte do grupo, que iria participar de uma caminhada, etc ... e eu morrendo de medo de me ver com o tripé no meio das pernas

Após este incidente o ônibus seguiu viagem, subindo as muitas curvas da estrada Velha da Estrela. Ao chegarmos no nosso ponto final, ao lado do conjunto habitacional construído onde ficava o pátio e oficinas ferroviárias do Alto da Serra, tiramos algumas fotos e nos despedimos do Luís Octávio, que tinha um compromisso e precisou descer de ônibus, não descendo junto com o restante do grupo.

Procuramos algum lugar para almoçarmos antes de iniciar a descida. Antes disso, passamos em frente a uma banca de jornais e um jornal me chamou a atenção ...

Ficamos preocupados, mas confiantes que tudo daria certo ... almoçamos em um restaurante "à mineira" e nos preparamos para iniciar a caminhada.


Seguimos rumo ao inicio da nossa caminhada, a "Praça do Ferroviário", onde há um monumento à cremalheira (há outras peças dentro do conjunto habitacional) e um desenho de uma locomotiva feito com concreto entre o gramado da praça. Ali fizemos fotos sociais e oficiais do grupo que realizou a descida:






[EM CONSTRUÇÃO]
Obs.: imagens e comentários podem ser postados abaixo. Na primeira postagem deste tópico, onde eu escrevi em construção, editarei e colocarei a descrição completa da expedição, com fotos.
Aguardem ... mas se quiserem podem postar o que quiserem abaixo !