Nosso primeiro ponto de encontro foi na estação D.Pedro II (Central do Brasil). Cheguei exatamente às 07:00, e logo encontrei o Sidney Lopes. Posteriormente chegaram o amigo Fabio Oliveira e em seguida o Melekh. Eu já imaginava que o quórum previsto não seria o real, pois mais de 10 membros confirmaram presença, mas por motivos de força maior, não puderam comparecer. Após confirmar por telefone a presença ou ausência de alguns amigos, ligamos para o Carlos Souza, que nos confirmou que iria, mas de carro, até Itaguaí, onde encontraríamos com ele e seguiríamos viagem todos juntos, de ônibus ou van dependendo da disponibilidade.
Após o horário limite, seguimos para o ponto de vans em um posto de gasolina na Central, em frente ao terminal Américo Fontenelle. Lá já havia uma van quase pronta para sair pra Itaguaí, fato confirmado pelo Fábio, nosso diretor de logística

. Embarcamos e em poucos instantes saímos, iniciando nossa viagem. Como a van estava praticamente com todos os lugares ocupados, rapidamente encheu e chegamos rápido em Itaguaí, aproximadamente 50 minutos depois ! Foi tão rápido que estávamos conversando alegremente na van, comentando sobre o antigo ramal Carlos Sampaio - Austin - Santa Cruz da EFCB, extinto em 1948, e que cruzava a Av.Brasil. Quando nos damos conta, ficamos procurando e esperando o veículo passar por este ponto, logo após o Viaduto dos Cabritos (Oscar Brito), mas na verdade já estávamos na Rodovia Rio-Santos, após Santa Cruz ! ! !
Foi tudo muito rápido !
Chegando à cidade de Itaguaí, descemos a poucos metros da antiga estação, hoje funcionando como Casa de Cultura. Tiramos várias fotos, aguardando a chegada do Carlos, que estava vindo no seu carro.
01: Passagem de nível, junto à antiga estação de Itaguaí
02: Linha no sentido Brisamar
03: linha no sentido Santa Cruz. Esta linha fica do outro lado da estação, e está desativada. Mais à esquerda, existiu outra linha, hoje ocupada por uma espécie de salão para eventos !
04: nesta mesma linha ocupada que falei acima, mas no sentido contrário, nota-se a quanto tempo ela está desativada ... há um coqueiro entre os trilhos ! E o restante do pátio serve agora como estacionamento de automóveis ...
05: a estação de Itaguaí, e a linha que ainda funciona ligando Brisamar à CSA, antiga Cosígua, em Santa Cruz
Após uns 20 minutos, chegou o Carlos e fizemos esta foto social, antes de sairmos rumo à Mangaratiba:
06: foto feita do outro lado da estação, onde existe trilhos parcialmente soterrados, na linha desativada. Da esquerda pra direita, Fábio Oliveira, Carlos Souza, Melekh, Sidney Lopes, e DadoDJ.
Obs.: ao chegar em casa, reparei em uma coisa, bem engenhosa ... o Melekh saiu ao centro em todas as fotos sociais que fizemos, e ele era o único que estava sem uniforme, portanto, ficou no lugar certo, cercado de uniformizados. Eu não percebi isso no dia, na caminhada ...
Antes de seguirmos rumo à Mangaratiba, aconteceu algo curioso: o Melekh, ao nos mostrar alguns documentos, foi surpreendido por um vento repentino, que levou de suas mãos um envelope, caindo dentro da estação, que tem cerca metálica alta. Após pensarmos no que poderíamos fazer para recuperar este envelope, pois não havia funcionários no local que pudessem abrir os portões da estação, o Carlos pulou o portão e recuperou o envelope. Infelizmente não registrei este momento ...
A seguir fizemos uma mudança na logística original. Como estávamos em número de 5 pessoas, poderíamos ir no carro do Carlos ! E assim fizemos, chegando em Mangaratiba em aproximadamente 40 a 50 minutos.
Lá o Carlos estacionou o carro e fomos a um mercadinho nos abastecer. Combinamos de almoçar depois em outro ponto da caminhada, mas acabou que isso não ocorreu, não sei se a hora que passou rápida demais ou nós que perdemos a noção de tempo. Também, com este visual ...
07: Panorâmica do local onde chegamos. A linha partia de próximo aonde se encontra o píer para as Barcas que se dirigem à Ilha Grande (à direita na imagem) e seguia pra esquerda, contornando o morro (à esquerda)
08: Detalhe do cais onde as barcas atracam
09: placa curiosa. Este serviço deve oferecer navegação passando sob a ponte da Ilha Guaíba, utilizada pelos trens da MRS para descarregar minério para exportação
10: a localidade até é bem servida por ônibus, com diversos destinos. Pelo menos naquele horário, não sei se mais tarde é assim também ...
11: Igreja Matriz de Nossa Senhora da Guia
Na saída do mercadinho, recebemos informações valiosas de um morador local. A estação de Mangaratiba, segundo ele, ficava onde hoje se encontra este espaço vazio, ora funcionando com estacionamento, ora funcionando com local para eventos.
12: Praça Robert Simões, onde ficava a estação ferroviária.
Ele disse também alguns detalhes da época, que a estação teria sido demolida pois estava afundando, e também deu detalhes do pátio ferroviário.
E como sempre, é mais um dos habitantes deste país que não entende como e porque tiraram a ferrovia de um lugar assim, que hoje poderia trazer turismo, renda e emprego para a região ...
Seguindo sua indicação, passamos em uma interessante construção e ponto de visitação de Mangaratiba, chamado Solar do Barão (de Sahy). No beco ao lado, há diversos poemas e textos na parede, inclusive um falando sobre a ferrovia !
12 e 13: Detalhes do Solar do Barão de Sahy
14: Poema em homenagem à ferrovia
Após alguns minutos, iniciamos nossa caminhada. Logo no início, trilhos em um pontilhão indicavam que estávamos no caminho certo (nem poderíamos estar no local errado, era a única estrada naquele ponto !

) .
15 e 16: Detalhes do pontilhão ferroviário
Curiosamente, apesar de haver trilhos naquele lado do pontilhão, os moradores ali próximos disseram que o trem passava no asfalto, mais ao centro do pontilhão. Observando lateralmente realmente nota-se que o lado de cá é bem mais frágil, de pouca espessura, hoje servindo como calçada para pedestres.
Uma coisa que nos chamou muito a atenção é a quantidade grande de cortes na rocha pelo caminho. Perdi a conta, mas deve ter mais de 10, uns morros mais baixos, outros com rochas bem altas ... um espetáculo !
17: um dos muitos cortes na rocha, em morros
Após Mangaratiba, a primeira parada/estação no caminho seria Ribeira, mas fui caminhando e tentando apontar o local exato de acordo com as indicações que marquei no meu GPS. Mas depois, mais pra frente, descobri que as marcações estavam com a quilometragem errada, sendo assim qualquer vestígio de Ribeira pode ter passado despercebido, pois procuramos no local errado ...
Continuando, passamos por curiosas ruínas, jogadas ao mar como uma espécie de quebra-mar. Neste momento lembrei do que o amigo Edson Vander me disse na véspera: houve uma grande explosão em um paiol militar na região de Deodoro em determinada época. Esta explosão foi tão forte que foi sentida em bairros distantes, como o Centro da Cidade e até na zona sul ! Pois bem, as estações próximas, como Deodoro e Ricardo de Albuquerque, foram arrasadas. Após a total demolição e reconstrução destas estações, seus restos de plataforma e instalações foram removidas e transportadas em vagões até este trecho do litoral, exatamente para servirem de quebra-mar, como funcionam agora. Que coisa curiosa !
18: ruínas de estações jogadas ao mar
19 trilhos servindo de reforço sob um pontilhão
Após mais alguns minutos, passamos por outro pontilhão e chegamos ao local onde ficava a estação de Engenheiro Junqueira. Vejam as fotos abaixo, antiga e atual (notem os cinco coqueiros à direita e comparem os tamanhos ...)
20: Revista Refesa, suplemento especial de 1968. Cessão Christoffer R. e José Emilio Buzelin (extraído do site Estações Ferroviárias do Brasil)
21: o mesmo local, quase do mesmo ponto de vista
Algumas centenas de metros depois, chegamos à uma espécie de plataforma, que nos fez ficar em dúvida, mas as fotos e as informações de um morador nos ajudou a confirmar: a plataforma era da Parada Santo Antonio.
22: antiga plataforma da Parada Santo Antonio
Continuamos a caminhada, com a ponte da Ilha Guaíba já bem próxima, à direita.
23: a ponte de acesso à Ilha Guaíba
Antes de chegarmos ao trecho em que ainda existem trilhos, mais um magnífico corte foi atravessado ...
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... e chegamos à linha !
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26: poucos metros à frente, encontramos ruínas. Segundo informações, ali teria sido um reservatório de água para os antigos trens à vapor, e a Parada Filgueiras ficaria ali próximo. Não localizamos ruínas ou algo que lembrasse a parada ...
27: caminhando na linha ...
Continuamos a caminhada, e logo após, ouvimos uma forte buzina, ao longe: um trem cargueiro se aproximava, saindo vazio da Ilha Guaíba. Aguardamos fora da linha a passagem dele, com uns 100 vagões. Me empolguei tanto, que não fiz fotos, apenas filmei, mas reparei em algo: exatamente no ponto onde eu estava, os vagões faziam um barulho característico ao passar pelos trilhos. Após a passagem deste cargueiro, reparei o motivo dos ruídos: uma falha no boleto do trilho !
28: falha no trilho
Mais alguns metros à frente, chegamos ao local onde ficava a Parada Silva Rego. Mas examinamos o local onde afixaram uma placa e não vimos nada que lembrasse a parada. Mas alguns metros à frente, encontramos alguns vestígios, que devem ser de fato da parada.
29: placa indicativa
30: Próximo à placa, apenas entulho
31: mais à frente, vestígios que podem ser da Parada Silva Rego
Seguindo em frente, fotografamos vários detalhes da linha, belíssimo trecho ferroviário !
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33: Fábio Oliveira observando o cenário
34: mais um dos belos cortes, obra de arte
Minutos depois, ouvimos mais uma buzina, sinal de mais um trem, este no sentido Ilha Guaíba. Aguardamos a sua chegada em uma espécie de passagem de nível para pedestres, que tem uma construção interessante, parece uma cabine antiga.
35: uma espécie de cabine antiga
Poucos instantes depois, lá vem o trem ! Magnífica máquina !
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Seguindo em frente, chegamos a um local que ficou marcado na nossa expedição: IBICUÍ ! Explico: o bairro é de certa forma extenso, e a cada vez que um dos membros perguntava onde estávamos, a resposta era sempre a mesma: Ibicuí ! Qual era a próxima estação ? Ibicuí ! Qual a estação adiante ? Ibicuí ! Já passamos por Ibicuí ? Não. E qual a estação lá atrás ? Ibicuí !
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A estação ainda resiste, servindo como moradia. Junto à estação, uma linha apenas ainda resiste, mas passa a impressão de que já existiram três linhas, pois no lado oposto à estação há espaço e uma antiga plataforma. Ou então, houve um remanejamento no leito, possivelmente com duas linhas apenas.
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40: o que terá sido este equipamento ?
Continuando, observando todos os detalhes possíveis, chegamos a mais um corte onde fizemos mais uma foto social do grupo:
41: foto social da equipe, o "quinteto fantástico", como citaram nas redes sociais ...
Poucos metros à frente, encontramos, do lado direito, as ruínas da plataforma da parada Praia Brava. Não existe um prédio, nem mesmo as armações metálicas vistas em fotos da década de 1990. Apenas alguns suportes na plataforma, quase arruinados. A plataforma também encontra-se em péssimas condições, ruída em diversos trechos.
42: à direita, a plataforma da Parada Praia Brava
43: poucos metros à frente, à esquerda, uma antiga casa que aparenta ser uma casa de turma
Continuando, encontramos um dos cortes mais bonitos do caminho, verdadeiro paredão. Dizer que este era o mais bonito é injustiça, mas com certeza era muito interessante e encantador ...
44: um dos cortes mais interessantes do trecho
Um pouco antes deste corte, um dos amigos da caminhada sofreu um pequeno acidente. Caminhando junto aos dormentes da linha, ele decidiu pegar um mapa na mochila e o leu enquanto caminhava. Tropeçou e caiu na linha, tentou levantar e caiu fora da linha, correndo o risco de se ferir seriamente se se chocasse com um dormente ou até com o trilho. Um baita susto !
45: uma curiosa, mas importante, placa próxima de chegarmos à Barra do Sahy
O horário estava avançando, e ainda faltava cerca de 7kms para completarmos o trecho pelo menos até Muriqui. Tentamos apertar o passo, mas ao chegarmos ao pátio ferroviário de Barra do Sahy, nos deparamos com muitos atrativos e curiosidades: as linhas, os AMVs, a sinalização, um trem estacionado à espera de liberação de tráfego e ... um grupo de jovens fumando maconha ! Infelizmente, este tipo de coisa já está disseminada ... infelizmente. Fotografei este grupo de longe, e acho que nossa presença ajudou a afasta-los, possibilitando nossa passagem.
46: o pátio ferroviário de Barra do Sahy
47: a sinalização
48 e
49: à distância fiz estas fotos ... jovens consumindo drogas. Não nos intimidamos e passamos pelo local assim mesmo !
Ao chegarmos ao ponto onde estava parado um trem (ligado), ficamos alguns minutos tirando fotos e apreciando todos os detalhes.
50 e
51: as magníficas locomotivas da MRS
Foi muito legal, mas acabamos perdendo um certo tempo e quando decidimos seguir, ocorreu algo curioso e engraçado. Decidimos continuar à direita, na linha junto a um terreno alagadiço que separa o leito ferroviário da praia. Quando já estávamos passando ao lado aproximadamente do vigésimo vagão, um susto ! À frente surgiu um trem, em sentido contrário e se aproximando ! Ficamos na dúvida do que fazer: entrar no terreno alagadiço, passar por baixo do trem estacionado (mas que estava ligado e poderia partir a qualquer momento) ... que nada, saímos correndo de volta, em direção à frente do trem, para escaparmos do outro que se aproximava assustadoramente com farol aceso !
52: a locomotiva se aproximando na linha da direita
Acabou que criamos pânico à toa ... o trem se aproximava a menos de 1km/h ! Demorou ainda alguns minutos para o trem se aproximar e parar junto ao outro, também para aguardar liberação de tráfego ...
53 e
54: as locomotivas alinhadas no patio
Neste momento eu e outros membros do grupo decidimos interromper a caminhada por motivos logísticos. Também reparamos que o guerreiro que se acidentou anteriormente mancava muito. Não tínhamos como continuar, tanto devido ao horário quanto ao trecho que iríamos enfrentar até Muriqui (trecho isolado da rodovia, com alguns quilômetros, passando ainda por Praia Grande), e também devido ao estado de saúde do companheiro que sofreu um tombo. Caminhamos um pouco mais e alcançamos a rodovia, onde eu e Carlos Souza embarcamos em um ônibus rumo à Mangaratiba para buscarmos o carro. Os demais membros aguardaram na rodovia nosso retorno, efetivado em poucos minutos.
Foi uma caminhada muito boa, espetacular, de cenários lindos ! Estar junto aos amigos foi bastante legal também, viemos no carro contando piadas, e também durante a caminhada nos divertimos bastante ! Espero logo que realizemos outra expedição para encontrar os amigos e conhecermos mais das ferrovias do estado do Rio de Janeiro !
(e de outros estados também, aguardem ...)
[EM CONSTRUÇÃO ! AGUARDE ... EM BREVE O TÓPICO ESTARÁ COMPLETO, MAS INFORMAÇÕES PODEM SER ADICIONADAS ABAIXO]