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Com informações do Jornal O Globo*

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Dois anos após a interrupção das obras da Linha 4 do Metrô, devido a suspeitas de superfaturamento, e desde 2017 quando as obras foram paralisadas, centenas de aduelas de concreto — avaliadas em R$ 50 milhões, segundo fontes do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ) — estão amontoadas a céu aberto em um terreno ao lado da histórica Estação Barão de Mauá, a Leopoldina, na Avenida Francisco Bicalho. Com o anúncio de planos para revitalizar a área, que incluem a construção de unidades habitacionais e da Cidade do Samba 2, surge novamente a questão: o que fazer com esse material, produzido especificamente para ser usado no metrô e que foi deixado ali? No terreno e em um galpão próximo, além dos 6.624 blocos de concreto (aduelas), há 846 peças de trilhos, 68 postes de fibra de 4,5 metros de altura, 480 passarelas, 68 bancos de concreto, 9.042 dormentes, um totem de comando para iluminação da praça e 1.133 pisos plaqueados.

 

Eu sigo o princípio de “cada dia com sua agonia”. Não adianta tentar resolver tudo de uma vez, senão estamos em apuros. No momento, não precisamos nos preocupar com as aduelas do metrô. Quando for necessário, vamos conversar com o Estado — afirmou o prefeito Eduardo Paes no início do mês passado, ao dar início ao restauro da Leopoldina.

 

Em 2023, a Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários, Metroviários e de Rodovias do Estado do Rio de Janeiro (Agetransp) iniciou um processo administrativo para definir as responsabilidades pelo equipamento, que, deixado ao relento por sete anos, provavelmente terá que ser removido.

Em um relatório, a Agetransp destacou a necessidade de “apuração de responsabilidade quanto à guarda e segurança da infraestrutura que compõe os ativos da Linha 4, considerando as comunicações entre a Rio Trilhos, a Rio Barra e a MetrôRio, nas quais uma transfere para a outra o ônus do cuidado e manutenção dos equipamentos”. O documento também lembra que o prazo para a conclusão das obras da Linha 4, previsto para o início de 2018, não foi cumprido, resultando em prejuízos com a compra de materiais e equipamentos que sequer foram utilizados.

Documentos técnicos obtidos pelo jornal O GLOBO indicam que as concessionárias Rio Barra e MetrôRio, juntamente com a companhia estadual Rio Trilhos, têm transferido a responsabilidade pelo material uma para a outra. “O Contrato de Operação e Manutenção de Serviços da Linha 4 (Contrato de O&M) delegaria à MetrôRio a responsabilidade pela guarda e manutenção dos ativos”, argumenta a Rio Barra (responsável pela construção da Linha 4) no processo aberto pela Agetransp, uma vez que “parte dos equipamentos estaria em uma área de acesso exclusivo deles”.

A MetrôRio, que opera o metrô na cidade, sustenta que o contrato “presume a conclusão de todas as obras civis e da implantação da Linha 4” como condição para que a responsabilidade pelo material seja sua. A empresa também afirma que, com o atraso na conclusão da estação Gávea, a responsabilidade pelo material não lhe cabe. Além disso, alega que os equipamentos, ao contrário do que foi declarado pela outra concessionária, estão em áreas de acesso exclusivo da Rio Barra e dos consórcios construtores. Em nota, a Concessionária Rio Barra afirmou que “não comentará o processo no momento”.

Em maio, o TCE-RJ recebeu uma proposta formal do secretário estadual de Transporte e Mobilidade Urbana, Washington Reis, para a retomada das obras da estação Gávea do metrô, paralisadas há nove anos. O Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado no âmbito do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), com a participação do Governo do Estado, da concessionária MetrôRio e das empreiteiras envolvidas, está sendo analisado pelos auditores do tribunal.

Na última terça-feira (20), o secretário Washington Reis se reuniu com o governador Cláudio Castro, técnicos do TCE-RJ, MPRJ e outros envolvidos na discussão. Na pauta, estavam os detalhes da retomada das obras da estação Gávea, assim como o destino do material armazenado na Leopoldina.

 

Sabemos que o material será utilizado no sistema do Metrô, mas não temos certeza se será utilizado agora. Estamos trabalhando na modelagem das expansões das linhas Barra, Recreio e Praça Quinze. Tudo está sendo estudado e avaliado pelo TCE — disse o secretário.

 

Em nota, a Secretaria de Estado de Transporte e Mobilidade Urbana declarou que “não há previsão de remoção das aduelas, que serão utilizadas em futuras expansões do metrô”. Segundo a secretaria, o material, feito com concreto de alta tecnologia e projetado para resistir a intempéries, “não se deteriora ao ser armazenado. Portanto, o acondicionamento no local não é prejudicial”. O comunicado ainda informa que “existe um pedido do Governo do Estado para que seja estabelecida, no mesmo espaço, uma fábrica de aduelas, já que se trata de uma localização estratégica”.

Também em nota, a Companhia Carioca de Parcerias e Investimentos (CCPar) afirmou que “as aduelas presentes no terreno mencionado pertencem ao Metrô do Rio e estão sob a responsabilidade do Governo do Estado. A CCPar reforça que já entrou em contato com os responsáveis pelo material e atualmente aguarda o recebimento do cronograma para a retirada das peças do local”.

Texto escrito em 26 de agosto de 2024 às 14h51
Última atualização em 26 de agosto de 2024 às 14h51
Imagem de capa: Audax Engenharia

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  • AF Trilhos do Rio

    A Associação Ferroviária Trilhos do Rio - AFTR é um grupo de amigos, profissionais, entusiastas e pesquisadores ferroviários que organiza, desde o ano de 2009, eventos, atividades e pesquisas, tanto documentais quanto em campo, sobre a história e patrimônio ferroviário do estado do Rio de Janeiro, com o objetivo de resgatar, preservar e divulgar a história e memória dos transportes sobre trilhos fluminenses.

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