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Com informações de Daddo Moreira, coordenador do Departamento de Pesquisas e Projetos Trilhos do Rio*

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Recentemente a cidade de Miguel Pereira inaugurou o seu Trem Turístico, dito como a “primeira Maria-Fumaça do estado”. Década atrás o município teve em seu território a circulação de um Trem nos mesmo moldes, mas com percurso mais extenso, o famoso “Trem-Azul”. Este serviço percorria o trecho entre as estações Miguel Pereira e Conrado, passando pelo magnífico Viaduto Paulo de Frontin, uma obra-prima de engenharia. Entretanto, atualmente, e já há vários anos não é mais possível a circulação de trens até o local devido à remoção dos trilhos em boa parte do trecho.

 

Viaduto Paulo de Frontin. Fonte: Fernanda Pereira, agosto de 2023

Poucos minutos após a definição de atividades e funções do Departamento de Pesquisas e Projetos Trilhos do Rio, no último sábado dia 13 de abril, o coordenador deste DPP, ao retornar da assembleia, foi observando este trecho por onde passava o Trem-Azul, o antigo leito ferroviário da Estrada de Ferro Melhoramentos do Brasil, a partir do ônibus que percorria a rodovia RJ-125 em direção a Japeri, melhor visível após Arcádia. Desta estação em diante, e praticamente até o ponto final do ônibus, a rodovia e a antiga ferrovia seguiam paralelas, separadas apenas pelo vale do Rio Santana em metade do percurso, pois na localidade de Santa Branca a ferrovia cruzava o rio através de uma majestosa ponte sobre esse curso d’água, passando a correr lado a lado rodovia e ferrovia.

Ponte ferroviária de Santa Branca (1941). Fonte: Jadielson Nascimento, janeiro de 2023

Há alguns anos foi observada uma estrutura enigmática próxima a uma Olaria, existente há décadas às margens da rodovia. Segundo um mapa revisado do IBGE (revisado no caso significa um trabalho mais antigo que teve informações adicionadas, mas não todas atualizadas) existiu uma parada ferroviária que atendia a esta indústria, parada esta praticamente desconhecida e sem nome conhecido ou informado. Neste mapa, inclusive, constam outras paradas e estações pouco conhecidas e misteriosas no trecho.

A possível plataforma da “Parada Olaria” ou “Parada Cerâmica”, próxima à rodovia RJ-125. Fonte: Google Street View, pesquisa de Bruno Tavares

Tal qual um astrônomo quando descobre um planeta novo no universo e o batiza normalmente com um código, os membros Trilhos do Rio costumam nomear estas descobertas com um nome de referência próxima, neste caso, a olaria que aparentemente era atendida por esta parada ferroviária. Então momentaneamente a estrutura foi nomeada como “Parada Olaria” ou “Parada Cerâmica”, mas não foi apenas este detalhe notado durante o percurso entre Miguel Pereira e Japeri.

Capela Nossa Senhora de Fátima. Fonte: Google Street View

Após a simpática Capela Nossa Senhora de Fátima, a antiga “fazenda de eucaliptos”, como era mais conhecida, encontrava-se diferente, e consta que foi vendida para criação de gado, consequentemente não possui mais a frondosa floresta de eucaliptos que chamava a atenção de quem passava pelo local. Com o terreno descampado, coberto atualmente apenas por gramíneas, é possível visualizar sem dificuldades vários detalhes bastante interessantes: a estação Paes Leme, que há muitos anos tornou-se uma moradia; o percurso por onde a ferrovia passava (o talude, em relevo mais elevado que o entorno) e até mesmo uma ponte metálica, sobre um afluente do rio Santana. Esta ponte despertava nossa atenção há anos, mas estava coberta por vegetação e de difícil visualização também devido aos eucaliptos.

Estação Paes Leme e mobiliário ferroviário junto à estação, ocupadas como moradias atualmente. Fonte: Google Street View

Mais à frente é possível acompanhar todo o antigo leito ferroviário e a estação Botais, em ruínas. Pouco depois a ferrovia se distanciava da rodovia por detrás dos morros, só sendo novamente visível ao se aproximar de Japeri, quando seguia em paralelo à Linha do Centro da Estrada de Ferro Central do Brasil.

E você, sabe mais informações sobre esta “Parada Olaria”? Passando de ônibus ou em um veículo alto, já percebeu a presença desta ponte metálica? Conhecia a estação Paes Leme e a estação Botais? Se tiver mais informações, conte para nós!

E as pesquisas continuam!

 

Texto escrito em 14 de abril de 2024 às 14h54
Última atualização em 15 de abril de 2024 às 13h06
Imagem de capa: fragmento de mapa do IBGE do município de Miguel Pereira.

O Departamento de Pesquisas e Projetos Trilhos do Rio é um setor da Associação Ferroviária Melhoramentos do Brasil. Visite o site, conheça o trabalho e se associe! Contribua para a preservação histórico-ferroviária no estado do Rio de Janeiro. https://www.afmelhoramentosdobrasil.com.br/

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  • AF Trilhos do Rio

    A Associação Ferroviária Trilhos do Rio - AFTR é um grupo de amigos, profissionais, entusiastas e pesquisadores ferroviários que organiza, desde o ano de 2009, eventos, atividades e pesquisas, tanto documentais quanto em campo, sobre a história e patrimônio ferroviário do estado do Rio de Janeiro, com o objetivo de resgatar, preservar e divulgar a história e memória dos transportes sobre trilhos fluminenses.

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