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Com redação de Mozart Rosa e revisão de Daddo Moreira*

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A rodovia RJ-127 está interditada e moradores da região pedem providências, entre elas a volta do “Trem-Barrinha”, para poderem se locomover. Grupos foram criados, se mobilizaram e alcançaram notável e significativa adesão. As previsões indicam que as obras de recuperação da rodovia devam demorar pelo menos um ano.
No entanto, o problema vai muito além disso.
Elaboramos este texto como uma reflexão para essas pessoas e outras entenderem o que realmente está acontecendo e qual é a raiz desse problema.
Bem vindos a mais um artigo exclusivo, e desta vez extraordinário, do site AF Trilhos do Rio. Desejamos a todos uma excelente leitura!

O DER-RJ, órgão responsável pelas estradas estaduais e, por conseguinte, dessa citada RJ-127, até a década de 1980 era um órgão extremamente eficiente, quando ainda era uma autarquia. No entanto, quando Leonel Brizola assumiu o governo em 1982, transformou-o em fundação com o objetivo de nomear seus aliados políticos. A partir daí, a situação começou a decair. Com apenas nomeações políticas, a força de trabalho que sustentava o DER-RJ ao longo dos anos foi se aposentando, e a nova equipe deixou muito a desejar.

E isso ocorre não apenas nessa fundação, pois muitas outras instituições públicas tem os cargos ocupados dessa forma

Um determinado advogado chegou a ser chefe da residência na região de Nova Friburgo, e quem passou pela região na década de 1980 deve lembrar como a rodovia era precária. Somente após ser assumida por uma empresa e ter o pedágio instalado em 1998, na gestão de Marcello Alencar, é que começou a apresentar melhorias significativas. Portanto é notável que as estradas administradas pelo DER-RJ têm há muito tempo enfrentado significativas deteriorações.

Imagem: divulgação DER-RJ

Uma pergunta que até agora ninguém fez é: por que nenhuma das estradas pedagiadas tem ou teve seu tráfego interrompido por tanto tempo assim, em ocasião de grandes chuvas ou desastres? Principalmente as estradas pedagiadas em regiões montanhosas, como a “Rio x Petrópolis” e a “Rio x Teresópolis”. Caso ocorra um acidente nestas rodovias, como uma queda de barreira, um deslizamento de terra ou algo que provoque a interdição, soluções são rapidamente adotadas. E por que o mesmo não ocorre nas rodovias administradas pelo estado? Isso ocorre devido à falta de pessoal qualificado para monitorar e cuidar das estradas administradas pelo Estado, que são monitoradas e administradas pelo DER.

Imagem ilustrativa, gerada por Inteligência Artificial (DALL-E 3)

Outro aspecto é o desconhecimento que essas pessoas têm das nossas necessidades. Qual é a razão para que o pessoal que trabalha no setor de logística do estado ignore a existência de um estado vizinho, com mais de 20 milhões de habitantes e uma área quase igual à da Espanha? Basta olhar ao redor, na sua rua, no seu trabalho, no seu círculo de amigos: sempre encontramos um mineiro ou um descendente de mineiro ou cearense.

Para mais detalhes, vejam nossa postagem sobre o tema:

Logística no Rio de Janeiro, por que é tão ruim?

Os portugueses colonizaram o Brasil. Diversos povos europeus também vieram, como espanhóis, suíços, alemães, italianos, e orientais, com predominância japonesa. Tivemos também migração interna de brasileiros de outros estados. Dificilmente encontramos aqui no Rio gaúchos, catarinenses, paranaenses, goianos, amazonenses. Existir, eles existem, mas comparados aos mineiros, são pouquíssimos. Somos todos brasileiros, mas esse pessoal, quando muda de estado, tem outras predileções. E a predileção dos mineiros é vir para o Rio de Janeiro, principalmente para o litoral, para as praias. Vejam esse vídeo da página humorística “Tomate Cru”, falando de Guarapari, o “município mais mineiro do Espírito Santo”:

E a miopia já mostrada de nossos gestores ignora isso. Os mineiros gostam também de Cabo Frio, mas a falta de estradas adequadas ligando Minas Gerais àquela região faz com que todos eles vão para Guarapari. Alguém consegue mensurar o quanto Guarapari ganha com isso? E o quanto deixamos de ganhar?

Leiam a manchete do jornal abaixo de 20 de junho de 2021:

https://www.folhadoslagos.com/geral/firjan-indica-pavimentacao-na-rj-140-entre-araruama-e-sao-pedro-para/17256/

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A coisa é tão gritante que a Firjan, que em tese não deveria ter nada a ver com isso, propõe patrocinar a reforma de uma estrada que melhoraria as condições de mobilidade de toda aquela região.

Essa letargia, essa falta de iniciativa, acontecem em diversos órgãos estaduais. A Central Logística é um deles. Nossa malha ferroviária desaparece a olhos vistos pela ausência de pessoas qualificadas no comando da Central Logística ao longo dos diversos governos estaduais.

E mesmo que a instituição tome a iniciativa e as medidas necessárias, o processo é sempre oneroso, muito longo. Temos exemplos de, para reparo em uma ponte, um processo correr e levar mais de um mês apenas para ser decidido o que fazer. Ao todo foram mais de 400 páginas de documentos com circulares internas, ofícios, autorizações, licitação para alguma empresa realizar a obra, enfim, tudo muito demorado e quem sofre é a população, o que não ocorre em rodovias concedidas à iniciativa privada e, consequentemente, pedagiada. Tudo isso deveria ocorrer de forma mais célere!

Essa é a realidade da situação. Esse problema é um problema cuja solução não é simples. Passa por uma “torcida”. Torcer para que este ou um próximo governo entenda a importância do setor e nomeie para administrá-lo alguém que entenda do assunto e nomeie auxiliares qualificados para dirigir instituições como o DER-RJ e a Central Logística. Esse é o nosso desejo, essa é a nossa torcida.

Obrigado a todos que chegaram até aqui.

 

Texto escrito em 08 de março de 2024 às 22h05
Última atualização em 09 de março de 2024 às 10h21
Imagem de capa: rodovia serrana com praça de pedágio, imagem gerada por Inteligência Artificial (DALL-E 3)

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Autor

  • Mozart Fernando

    Engenheiro Mecânico formado pela Faculdade Souza Marques em 1992, foi secretário-geral da AFTR no mandato 2017-2020 e atualmente ocupa o cargo de diretor-técnico da instituição. Iniciou sua carreira profissional em 1978 trabalhando com um engenheiro que foi estagiário da RFFSA entre 1965 e 1966. Esse Engenheiro durante esse período trabalhando no setor de cremalheiras acompanhou o desmonte da E.F. Cantagalo e conhecia diversas histórias envolvendo o desmonte da Ferrovia de Petrópolis realizado pela mesma equipe. Histórias que muitos preferem esquecer. Parte dessa convivência extremamente valiosa está transcrita nos textos publicados pela AFTR. Não se considera um “especialista” em ferrovias, outra palavra que hoje no Brasil mais desmerece do que acrescenta. Se considera um “Homem de Negócios” e entende que o setor ferroviário só terá chance de se alavancar quando os responsáveis por ele também forem homens de negócios. Diferente de rodovias, as ferrovias são negócios. E usar para ferrovias os mesmos parâmetros balizares de construção e projeto usados em rodovias redundará em fracasso. Mozart Rosa é alguém que mais que projetos, quer apresentar Planos de Negócios para o setor.

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