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Com informações do Jornal O Globo
Artigo publicado em 11 de maio de 2023, às 11h31
Última atualização em 11 de maio de 2023, às 11h31

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O metrô do Rio de Janeiro enfrenta dois desafios significativos ao completar 25 anos de concessão. O primeiro desafio é recuperar o número de passageiros transportados, que diminuiu de aproximadamente 900 mil por dia para 650 mil devido à pandemia. O segundo desafio é concretizar antigos projetos, como a ligação entre Estácio e Praça Quinze, que estava prevista desde o início do sistema em 1979, mas nunca foi realizada. Essa extensão de pouco mais de 3 km é considerada crucial para aliviar a demanda da Linha 2, que parte da Pavuna e está próxima de atingir o nível de passageiros transportados em 2019.

Inauguração da linha que liga Pavuna à Ipanema. Trem passa sobre ponte na Francisco Bicalho — Foto: Berg Silva / Agência Globo

O metrô do Rio foi o primeiro do país a ser privatizado, e os atuais concessionários assumiram sua operação em 1998, com 24 estações e 28 km de trilhos. Ao longo desses 25 anos de concessão, a rede cresceu para 41 estações e 54,4 km de extensão, registrando mais de 4 bilhões de embarques em três linhas, conforme dados oficiais.

Apesar dos avanços alcançados nesse período, o sistema do Rio ainda se desenvolveu em um ritmo mais lento se comparado ao metrô de São Paulo. A operação do metrô paulista começou um pouco antes, em 1974, e tem o dobro da extensão. Apenas nos últimos cinco anos, o metrô de São Paulo abriu 21 novas estações e expandiu sua operação em 27 km, enquanto no Rio o sistema permaneceu estagnado. A última expansão ocorreu em 2016, com a criação da Linha 4.

De acordo com Joubert Flores, presidente do conselho da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANP Trilhos), a diferença entre Rio e São Paulo reside no fato de que o metrô paulista se beneficiou de uma política de investimentos contínua, o que não aconteceu no Rio. Conforme o contrato, a concessionária Metrô Rio é responsável pela operação e manutenção do sistema, enquanto o governo estadual é encarregado de investir na expansão, compra de trens e construção de novas estações.

 

O metrô de São Paulo começou a operar em 1974 e, mesmo com investimentos lentos, nunca parou. Atualmente, são 100 km de linhas de metrô, com a expansão da Linha 2 em andamento, além da construção das Linhas 6 e 17, expansão da Linha 15 e pelo menos outras três em estudo. É verdade que São Paulo possui uma capacidade financeira maior do que o Rio, mas somos um exemplo oposto. Em 1987, a construção da plataforma da Carioca (para a ligação entre Estácio e Praça Quinze) foi iniciada e, mais de 30 anos depois, continua paralisada. No mesmo ano, iniciou-se a construção do metrô para Ipanema, que só foi inaugurado em 2010. Além disso, a estação da Pavuna, iniciada no mesmo período, só foi inaugurada em 1998, 11 anos depois — criticou Flores.

 

O governo do estado anunciou a ligação entre Estácio e Praça Quinze, passando pela Cruz Vermelha, como uma prioridade. Em 2015, parecia que essa promessa finalmente se tornaria realidade, mas a crise financeira que assolou o estado acabou desviando o projeto dos trilhos. Essa extensão é considerada crucial, pois aumentará a capacidade de passageiros da Linha 2, que atualmente é a linha com maior volume de usuários, além de permitir a integração com as barcas. Há oito anos, esperava-se que a ligação atraísse mais 400 mil passageiros para o sistema. No entanto, após a pandemia e a consequente redução de usuários nos transportes públicos, esse número precisará ser revisado quando o projeto for retomado. A expectativa é que, ao chegarem à estação de São Cristóvão, os passageiros vindos da Zona Norte possam seguir para a estação do Estácio e, de lá, embarcar nos novos trilhos até a Praça Quinze.

A plataforma, conhecida como uma “estação fantasma”, mas tem o nome “Carioca 2”, começou a ser construída na década de 1980, abaixo da estação que atende os trens da Linha 1. Ela está em um estágio avançado, com a alvenaria concluída, faltando apenas os acabamentos. Já existe até mesmo o espaço onde os trilhos e as escadas rolantes serão instalados, conectando-a ao nível superior.

Berenaldo Lopes, presidente da Associação de Moradores e Amigos do Centro Residencial, que abrange o Bairro de Fátima e a Cruz Vermelha, lembra que, no início da década de 1980, o local onde a estação da Cruz Vermelha seria construída foi cercado por tapumes. No entanto, como as obras não progrediram, os próprios moradores removeram a cobertura de madeira do local. Em sua avaliação, a criação do novo trecho do metrô trará benefícios tanto para os residentes quanto para as pessoas que trabalham na região, incluindo aqueles que utilizam os serviços dos hospitais locais, como o Inca.

Ronaldo Balassiano, professor aposentado do programa de Transporte da Coppe/UFRJ, considera que a conclusão da estação Gávea, parte da Linha 4, e a construção do trecho entre Estácio e Praça Quinze são essenciais. No entanto, ele tem uma visão pessimista em relação aos projetos de expansão do metrô devido ao alto custo e às dificuldades de financiamento pelo estado.

 

“Realizar novas extensões depende de recursos, e cada quilômetro de metrô tem um custo muito elevado. Hoje, sem verbas ou financiamento, é praticamente impossível realizar qualquer expansão. A questão do custo é o que impede esses projetos de avançarem”, destacou.

 

Balassiano exemplifica com a estação Gávea, que nunca foi concluída e, em sua opinião, poderia abrir caminho para uma extensão até Botafogo, passando pelo Jardim Botânico. Ele ressalta que São Paulo é uma exceção no Brasil, pois lá as questões de transporte público costumam funcionar melhor devido aos recursos mais abundantes e às empresas que colaboram com investimentos.

Grande movimentação de passageiros na inauguração da linha que liga o Metrô da Pavuna à Ipanema, em dezembro de 2009 — Foto: Berg Silva / Agência Globo

Outro desafio enfrentado pelo metrô é a queda no número de passageiros, que ainda não retornaram aos níveis anteriores à pandemia. Embora a concessionária tenha comemorado um crescimento de 39,8% no volume de passageiros transportados em 2022 em comparação com 2021, a recuperação ainda está em torno de 75% no dia a dia. Para garantir o equilíbrio econômico-financeiro do acordo, a concessionária assinou dois termos aditivos ao contrato com o governo do estado, totalizando R$ 327,7 milhões e R$ 109,5 milhões, sendo este último em créditos regulatórios convertidos em investimentos no sistema.

Apesar dos desafios, Guilherme Ramalho, presidente do Metrô Rio, faz uma avaliação positiva dos 25 anos de concessão, completados no início de abril: “Nesses 25 anos, o modelo de concessão se mostrou positivo. É um serviço muito bem avaliado. A empresa desenvolveu uma cultura voltada para a qualidade dos serviços e atendimento ao usuário”.

A Secretaria de Estado de Transporte e Mobilidade Urbana informou que está trabalhando para fornecer soluções que melhorem o funcionamento do sistema de transporte urbano de forma integrada, e que o modal metroviário é uma das prioridades no Plano Decenal elaborado pelo governo do estado. Uma dessas prioridades é a conclusão da estação Gávea, da Linha 4, que está sendo definida pelo governo. A secretaria está em processo de aprovação nos órgãos de controle da proposta para que a estação seja finalizada e entre em operação ainda este ano. O desfecho está próximo, assegurou a pasta.

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Foto de capa: Trem atravessando a ponte na Barra da Tijuca após inauguração da linha 4 — Guito Moreto / Agência O Globo

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  • AF Trilhos do Rio

    A Associação Ferroviária Trilhos do Rio - AFTR é um grupo de amigos, profissionais, entusiastas e pesquisadores ferroviários que organiza, desde o ano de 2009, eventos, atividades e pesquisas, tanto documentais quanto em campo, sobre a história e patrimônio ferroviário do estado do Rio de Janeiro, com o objetivo de resgatar, preservar e divulgar a história e memória dos transportes sobre trilhos fluminenses.

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