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Por Mozart Rosa

Esta é a continuação do primeiro artigo, onde introduzimos a proposta da Lei dos Pontos e agora a descrevemos em detalhes. Perdeu? Clique aqui para ler !

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NOSSA MAIOR PROPOSTA: A LEI DOS PONTOS
Um sistema de pontos para cálculo de tempo de concessão

O objetivo da Lei dos Pontos é estabelecer incentivos para que empresas já existentes, e empresas interessadas em entrar no setor ferroviário, possam de acordo com seus objetivos futuros determinar possíveis investimentos na expansão do sistema, conseguindo novos prazos de concessão.

· • Tudo de forma simples • ·

A ideia é usar a pontuação para acrescentar, ao período de concessão, um prazo adicional por obras realizadas na ampliação, reforma e reconstrução das linhas. Partindo de um prazo básico de 30 anos essas empresas, a partir de investimentos na expansão da malha que queiram fazer, podem vir a alcançar um prazo máximo de concessão de 90 anos.

Trecho da Linha do Litoral da EF Leopoldina, sob responsabilidade da FCA – Ferrovia Centro Atlântica
Fonte: Eduardo (‘Dado’) – AFTR

O sistema de pontos se aplica especificamente ao setor Ferroviário nas atividades de:

  • construção;
  • reconstrução;
  • reforma em trechos de linhas férreas.

A Pontuação ou a fração dessa pontuação será sempre por quilômetro construído, reconstruído ou reformado. A partir da soma dessa pontuação será estabelecido um prazo que será acrescido ao prazo geral de concessão. Tudo de forma rápida e desburocratizada.

Trecho abandonado próximo à Itaboraí
Foto: Cleiton Pieruccinni (2016)

O sistema de pontos será aplicado ao trecho concessionado principal, linhas tronco e ramais, e eventualmente a trechos previamente negociados com a concessionária e que não fazem parte do trecho concessionado, como:

  • Acesso a instalações militares;
  • Trechos de interesse do governo em que a concessionária aceite de comum acordo construir, para aumento do seu prazo de concessão.

Os pontos estão limitados ao total de 600, que perfazem em anos um total de 60 anos a ser acrescido ao prazo geral de concessão, que é de 30 anos. Sendo assim na assinatura do contrato o concessionário poderá ter um prazo máximo de 90 anos de concessão quando alcançar a pontuação máxima.


Critérios Para Aplicação dos Pontos

» Locais onde nunca houve ferrovias

    • 2 pontos por Km construído. Esse ponto será dado para locais onde não exista a necessidade de remoção de morros e o manejo de terra se limite a morrotes com no máximo 5 metros de altura.
      Inclui-se aqui a remoção ou recorte de maciços rochosos pelo uso de dinamite com um máximo de 5 metros de altura, o
      nde as máquinas usadas sejam essencialmente motoniveladoras, retroescavadeiras e tratores de porte padrão.
    • 3 pontos por km construído onde além dos fatores acima mencionados sejam construídas 2 linhas
    • 4 pontos ou fração dele pela construção de viadutos em terra firme
    • 5 pontos ou fração deles pela construção de tuneis
    • 6 pontos ou fração dele pela construção de pontes sobre rios

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» Locais onde a ferrovia já existiu, mas foi erradicada e os trilhos removidos

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    • 1 ponto por km reconstruído
    • 2 pontos por duplicação das linhas
    • 3 pontos por reforma de túnel pré-existente com rebaixamento do piso para adequação as máquinas modernas
    • 4 pontos por reforma de viadutos e pontes pré-existentes abandonados, mas em condição de uso.

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» Locais com ferrovias existentes, mas sem uso operacional atual

    • 0,5 pontos por Km reformado
    • 1 ponto por duplicação da linha
    • 2 pontos ou fração por viaduto ou ponte reformado
    • 3 pontos por reforma de túnel pré-existente com rebaixamento do piso para adequação as máquinas modernas.

· • A cada 10 pontos será acrescido 1 ano ao prazo base da concessão que é de 30 anos • ·

Caso seja necessária a construção de viadutos que atravessem rodovias:

  • 10 pontos: para a transposição de estradas pista simples;
  • 20 pontos: estradas pista dupla.

Sendo que nesses casos o beneficiário da pontuação seria a concessionaria de rodovias que ao fazer tais obras acrescentaria a sua própria concessão o prazo decorrente da construção de tais viadutos ferroviários.

Linha em Angra dos Reis sendo removida para a construção de uma ciclovia
Foto: Telegram AFTR

A lei dos pontos serve como aperfeiçoamento da legislação atual baseada em concessões, bem como alguns de seus tópicos, servem para a lei atualmente em debate no senado baseado em autorizações.

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Aplicação dos pontos na Preservação Histórica

Propomos também que se inclua na lei dos pontos a possibilidade de reconstruir ou reformar estações históricas abandonadas.

Estação Antonio Rocha (1897), na igualmente abandonada linha tronco da EFOM/RMV em Barra Mansa
Foto: Eduardo (‘Dado’) em 2017

Essas estações podem servir, depois de recuperadas, como base de unidades da Polícia Ferroviária Federal, das PMs estaduais, da Polícia Federal para emissão de passaportes, a repartições municipais ou ainda a unidades dos escoteirosOs usos podem ser inúmeros.

· • A cada recuperação de Galpão ou Estação Histórica são somados 10 pontos • ·

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As Subconcessões

Instrumento jurídico, atualmente inexistente, e cuja existência pode alavancar o setor.

» Tipo 1: Subconcessão Por Tempo Determinado

    • Criada pela concessionária para trecho onde tenha interesse em se expandir.
    • Com tempo determinado.
    • Um novo ramal, retornando o trecho e todo patrimônio constituído a concessionário ao término do período. Uma forma de conseguir investidores.
    • Categoria Prevista nos códigos civil e comercial.

Pontilhão no trecho da primeira ferrovia do país (EF Mauá) em Piabetá, Magé.
Trecho que pode ser usado para fins turísticos e para transporte convencional de passageiros
Foto: Eduardo (‘Dado) em 2010

» Tipo 2: Subconcessões Para Transporte de Passageiros e Cargas Leves

A função primaria da ferrovia desde sua criação foi o transporte de cargas, em graneis. Inicialmente carvão e minério, posteriormente produtos agrícolas, mais especificamente grãos e só depois passageiros.

Portanto não faz sentido algum exigir que empresas transportem passageiros, cuja estrutura operacional montada e estruturada é para transportar graneis. Os equipamentos rodantes são totalmente diferentes e as estruturas operacionais também, daí os contratos de concessão devem prever que tais concessionárias possam subconceder, a empresas interessadas, rotas de transporte de passageiros. Fica assim a concessionária master (passaremos a usar essa terminologia) com a função apenas de gerenciar as operações globais e gerenciar também o CCO (Centro de Controle Operacional).

Trecho abandonado da Linha do Litoral da EF Leopoldina em Carapebus, na região norte-fluminense.
Trecho que poderia ser usado para transporte de cargas e passageiros. Ao fundo, a desativada Usina de Carapebus
Foto: Eduardo (‘Dado’) em 2011

Poderá a concessionária master, além de subconceder a operação de transporte de passageiros, subconceder o transporte de produtos produzidos na região e cujo transporte por ferrovia seja compensador para o subconcessionado.

O direito de passagem dessas empresas subconcessionadas, quando na rede de outras concessionárias, deve ser cobrado mediante acordo entre as partes.

» Tipo 3: Subconcessão de carga com pouco valor inicial

Criada com o apoio da concessionária dentro de sua malha, em trecho com pouca viabilidade econômica, mas que pode vir a funcionar como linha de retorno e com potencial comercial futuro.

Trecho da EF Melhoramentos do Brazil (Linha Auxiliar da EFCB) próximo a General Zenóbio
Foto: Fábio Oliveira (2014)

» Tipo 4: Subconcessão Assistida

Quando a concessionária por motivos internos não tem mais interesse em operar determinado trecho, ela repassa com a assistência do governo este trecho para um novo concessionário.

Estação Penha, com plataformas e espaço para linhas em bitola métrica, onde serviços diferenciados podem ser possíveis mediante a criação de uma subconcessão
Foto: Eduardo (‘Dado’) em 2009 (a linha em bitola métrica da foto não existe mais)

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Propostas Correlatas

» Faixa de Domínio Compartilhado

São previstos inicialmente apenas três trechos:

    • Japeri x Cachoeira Paulista (Traçado Alternativo)
    • Campos x Trindade
    • São Bento x Ambai

Trecho alternativo entre Japeri-RJ e Cachoeira Paulista-SP, estudado e aprovado (em detalhes não mostrados aqui).
Imagem ilustrativa baseada em projetos e documentos antigos, mas atualizados de acordo com a realidade atual.

Onde mais de uma concessionária constrói sua linha em paralelo, na mesma faixa de domínio, que será monitorada 24 horas por dia, pela Polícia Ferroviária Federal e pelo CCO das empresas, sendo feito um rateio de despesa naquele trecho específico para construção e operação.

Seria uma situação especial com poucos casos.

» Transporte Ferroviário de Passageiros

Será incentivada a constituição de concessionárias dedicadas exclusivamente ao transporte ferroviário de passageiros. Essas concessionárias poderão em comum acordo usar as malhas de outras concessionarias para realizar o seu trabalho.

Ferrovia do Sol, projeto AFTR atualizado e aperfeiçoado, baseado em ferrovias extintas

Em alguns casos, como a Ferrovia do Sol e de outros projetos da AFTR, essas concessionárias já nascerão com foco na operação de transporte misto em suas malhas, incluindo o transporte de lixo, que acreditamos poder provocar grande interesse de investimentos no setor.

Trem transportando lixo nos EUA
Fonte: divulgação

Considerando os serviços ferroviários de transporte de passageiros serem opções alternativas aos serviços de transportes já existentes, é proibido, seja por meio de projetos de lei ou regulamentações de agências reguladoras, a concessão de gratuidades de qualquer tipo.

Na eventualidade de apresentação de projetos pelo legislativo ou regulamentação pelas agências reguladoras de qualquer tipo, o apresentante de propostas deve prever a fonte compensatória, e esse valor deve ser reembolsado a empresa em Prazo de 24 horas.

Deve existir uma legislação específica que incentive esse setor, contamos com a colaboração de profissionais da área dando ideias.

Conclusão

Apresentamos aqui apenas sugestões, passiveis de mudança.
As propostas apresentadas pela AFTR visam aperfeiçoar a legislação atual.
O que precisamos é de uma legislação menos restritiva que incentive a entrada de novas concessionarias.

· • Esperamos, assim, ter dado nossa pequena contribuição • ·

Antes de concluir, uma informação importante:
As propostas contidas aqui podem ser aplicadas em nível federal e estadual.

 

Imagem em destaque: EF Leopoldina – Linha do Litoral, em 2016
(A opinião constante deste artigo é de inteira responsabilidade do autor, não sendo, necessariamente ou totalmente, a posição e opinião da Associação)

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Autor

  • Mozart Fernando

    Engenheiro Mecânico formado pela Faculdade Souza Marques em 1992, foi secretário-geral da AFTR no mandato 2017-2020 e atualmente ocupa o cargo de diretor-técnico da instituição. Iniciou sua carreira profissional em 1978 trabalhando com um engenheiro que foi estagiário da RFFSA entre 1965 e 1966. Esse Engenheiro durante esse período trabalhando no setor de cremalheiras acompanhou o desmonte da E.F. Cantagalo e conhecia diversas histórias envolvendo o desmonte da Ferrovia de Petrópolis realizado pela mesma equipe. Histórias que muitos preferem esquecer. Parte dessa convivência extremamente valiosa está transcrita nos textos publicados pela AFTR. Não se considera um “especialista” em ferrovias, outra palavra que hoje no Brasil mais desmerece do que acrescenta. Se considera um “Homem de Negócios” e entende que o setor ferroviário só terá chance de se alavancar quando os responsáveis por ele também forem homens de negócios. Diferente de rodovias, as ferrovias são negócios. E usar para ferrovias os mesmos parâmetros balizares de construção e projeto usados em rodovias redundará em fracasso. Mozart Rosa é alguém que mais que projetos, quer apresentar Planos de Negócios para o setor.

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