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Olá, Amigas e Amigos.

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Há algum tempo publicamos alguns artigos sobre teorias da conspiração que reunem muitas informações inverídicas disseminadas há vários anos que, de tanto serem comentadas e debatidas, quase tornaram-se verdade, muitas pessoas acreditam! Confiram abaixo algumas delas:

Artigo 3: as Teorias da Conspiração e ideias sem sentido (parte 1)

 

Artigo 3: as Teorias da Conspiração e ideias sem sentido (parte 2)

 

Sendo assim vocês saberiam dizer qual a Teoria da Conspiração mais falada por 10 entre 10 defensores das ferrovias?

 

A “Máfia dos Pneus” ou a “Máfia dos Ônibus”

 

Sim, essa é a teoria mais falada. Mostraremos aqui como esse assunto se avolumou e como se criam teorias sem nenhum fundamento para justificar uma narrativa.

 

A MÁFIA DOS ÔNIBUS E O CRIADO-MUDO
A Vitória do Grupo de Nenê Constantino na licitação do TIC de São Paulo

Conhecem a frase “quem conta um conto aumenta um ponto”? Conhecem as ideias sem fundamento tiradas sabe-se lá de onde? Incapazes de entender o que efetivamente aconteceu com nossas ferrovias e com o transporte de passageiros sobre trilhos, algumas pessoas começaram a criar teorias mirabolantes para explicar isso. Cada um cria a sua teoria e repetem o que ouviram falar ou criam algo sem nenhum fundamento. Mas aquela mais famosa, a que tem até fã clube, a que é a hors concours das teorias, a que o tiozão do churrasco – para mostrar “conhecimento” – conta com propriedade no almoço da família, é a teoria que diz textualmente que quem acabou com o transporte de passageiros pelo trem foi a “máfia dos ônibus” ou a “máfia dos pneus. É como falar que bitola larga é melhor.

Nós, da AFTR, fizemos uma extensa postagem sobre o tema Teorias da Conspiração, dividida em duas partes, onde elencamos 15 teorias furadas, não fundamentadas e que não passam disso: teorias. Mostramos com argumentos sólidos sua irrelevância, e consideramos essa da Máfia dos Ônibus como a mais divulgada, a mais famosa e uma das mais incoerentes de todas. No começo deste artigo citamos estes artigos, mas abaixo você poderá conferir um outro, mais antigo, que faz parte de uma série ainda mais extensa e que recomendamos a visualização por inteiro:

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O motivo do fracasso das ferrovias no Brasil (7) – As teorias da conspiração

NENÊ CONSTANTINO E A LICITAÇÃO DO TIC DE SÃO PAULO

Recentemente, foi publicado nos principais jornais do Brasil o resultado da licitação do Trem Intercidades (TIC) de São Paulo, que vai ligar Campinas a São Paulo, capital, e os ganhadores foram a empresa chinesa CRRC e… o grupo Comporte, grupo da família Constantino, certamente o maior grupo empresarial do setor rodoviário do Brasil, dono de mais de 6000 ônibus, sendo em seus diversos segmentos com suas diversas empresas provavelmente o maior transportador de passageiros do Brasil. Isso “bugou a cabeça de vários “entendidos” que defendiam categoricamente essa teoria de que os empresários dos ônibus eram os vilões. Foi curioso ver a incapacidade de alguns em explicar o que aconteceu. Pretenderia a família Constantino asfaltar a via e colocar BRTs? (forte dose de ironia…)

Abaixo, texto do Jornal Diário dos Transportes sobre o assunto (clique na imagem para ler a notícia):

Fonte: Site Diário do Transporte

Essas pessoas devem esquecer que o Grupo Guanabara, conglomerado empresarial do setor de transporte coletivo do Rio de Janeiro, chegou a dar lances quando da privatização da Flumitrens, no leilão que posteriormente criou a Supervia. Para o empresário do Ônibus é inclusive interessante operar trens. Trens não gastam pneus e suspensão muito prejudicados nas vias de má qualidade brasileiras, não ficam retidos em engarrafamentos, e trens têm uma vida útil muito superior à dos ônibus. Membros da AFTR, em contato com empresários do setor rodoviário, tiveram enorme receptividade desses senhores para com diversos projetos da AFTR. Infelizmente, membros do governo responsáveis pelo setor nunca procuraram esses empresários, pois sempre acreditaram nessas ideias sem sentido divulgadas por diversos militantes do setor ferroviário, frequentadores habituais de comissões da ALERJ e de gabinetes oficiais.

Complementarmente, abaixo, mostramos como uma teoria maluca, sem nenhum fundamento, se torna uma verdade.

 

O CRIADO-MUDO

De uma hora para outra, a militância, com seu pretensioso cuidado em procurar termos ofensivos e cancelá-los, descobre que “Criado-Mudo” seria um termo ofensivo por significar um escravo calado que ficaria em pé ao lado de seu senhor. Fizeram de tudo para banir essa palavra. Acontece que, historicamente, nunca houve nenhum relato sobre isso e isso não aparece em nenhum livro de história.

Na realidade, tudo não passou de uma jogada do departamento de marketing da recentemente extinta empresa ETNA, que criou isso no ano de 2019, para fazer barulho e além de aumentar suas vendas, conseguir vender esse produto com o nome de “mesa de cabeceira”, além de outros artigos, na campanha do Dia da Consciência Negra daquele ano, e até hoje tem quem acredite nisso. A jornalista Madeleine Lacsko apurou essa história, mas o estrago já estava feito.

Fonte: Revista Exame

A explicação real para o uso dessa palavra composta pode ser encontrada na página do professor Pablo Jamilk e em diversas outras páginas de diversos professores de história e de português, mas basicamente é a seguinte: essa palavra “Criado-Mudo” teria sido uma tradução da palavra inglesa “dumbwaiter“, que hoje tem o significado de “elevador de comida”, mas que no passado seria um local para guardar pratos e alimentos dentro do quarto. A palavra “Criado-Mudo” poderia também ser traduzida como “garçom silencioso”. Segundo a Encyclopædia Britannica (edição de 1911), tais móveis tiveram origem na Inglaterra no final do século XVIII. Na língua inglesa, essa palavra existiria desde 1749.

Serviria também para colocar em cima velas, fósforos, jarros de água. Alguns livros falam que no Brasil se colocavam até penicos dentro deles.

“Criado” é uma palavra que foi muito usada em nossa literatura para designar empregados domésticos. Machado de Assis a usou muito. Talvez daí tenha vindo o termo que designou o móvel, por ser o móvel algo inanimado e já existir na sua conformação atual, de ser um guarda-coisas no quarto, bastou acrescentar o “mudo”. Essa pode ser outra explicação.

A partir daí, a militância que nada tem na cabeça começa a achar essa fakenews verdadeira. Passaram a perseguir quem usava essa palavra. Aqui temos o resultado da combinação de diferentes perspectivas: aqueles que obtêm informações de fontes variadas e os que, de boa fé, aceitam essas informações.”

 

VERDADES VERDADEIRAS

E acredite, mesmo com tudo o que foi dito aqui, quem acabou com os trens de passageiros de longa distância foi a “máfia dos ônibus”. Papai Noel existe, o coelhinho da Páscoa também, e a terra é plana.

Novamente, com doses de ironia…

Entendedores entenderão.

 

Texto escrito em 01 de março de 2024 às 22h56
Última atualização em 06 de abril às 0h32
Imagem de capa: gerada por IA (DALL-E 3)

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Autor

  • Mozart Fernando

    Engenheiro Mecânico formado pela Faculdade Souza Marques em 1992, foi secretário-geral da AFTR no mandato 2017-2020 e atualmente ocupa o cargo de diretor-técnico da instituição. Iniciou sua carreira profissional em 1978 trabalhando com um engenheiro que foi estagiário da RFFSA entre 1965 e 1966. Esse Engenheiro durante esse período trabalhando no setor de cremalheiras acompanhou o desmonte da E.F. Cantagalo e conhecia diversas histórias envolvendo o desmonte da Ferrovia de Petrópolis realizado pela mesma equipe. Histórias que muitos preferem esquecer. Parte dessa convivência extremamente valiosa está transcrita nos textos publicados pela AFTR. Não se considera um “especialista” em ferrovias, outra palavra que hoje no Brasil mais desmerece do que acrescenta. Se considera um “Homem de Negócios” e entende que o setor ferroviário só terá chance de se alavancar quando os responsáveis por ele também forem homens de negócios. Diferente de rodovias, as ferrovias são negócios. E usar para ferrovias os mesmos parâmetros balizares de construção e projeto usados em rodovias redundará em fracasso. Mozart Rosa é alguém que mais que projetos, quer apresentar Planos de Negócios para o setor.

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