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Esta é uma postagem metafísica e filosófica, redigida por Mozart Rosa e revisada por Daddo Moreira*

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CONAN, O FILME

Quem já viu as inúmeras reprises desse filme na sessão da tarde com Arnold Schwarzenegger em sua melhor forma deve lembrar de sua devoção à espada e ao “enigma do aço”; quem viu jamais vai esquecer. Abaixo, o link para um pequeno corte do filme em que ele criança e o pai falam sobre isso:


O filme todo é metafórico, cheio de sacadas e mais sacadas. Seu roteiro foi escrito por ninguém menos que Oliver Stone, o que diz muito sobre o filme. Mas nosso objetivo é falar de ferrovias, e escolhemos esse filme pela forte ligação dele com a alegoria do “enigma do aço” e por conhecer o aço que é conhecer a origem de nossa sociedade nos tempos modernos e a origem das ferrovias: ferro e aço.

 

QUAL A DIFERENÇA ENTRE FERRO E AÇO?

O aço vem do ferro; o homem já conhecia e manufaturava o ferro há milênios, mas o aço só começou sua manufatura de forma recente. O que diferencia um do outro essencialmente é o teor de carbono. O aço é conhecido desde tempos imemoriais, sendo usado basicamente na confecção de espadas, onde aquele martelar das peças expulsa o excesso de carbono, produzindo o aço. Alguns aditivos são colocados para melhorar a qualidade do aço, como o cromo, entre outros. Estudos recentes mostram que as antigas espadas Katanas, de origem japonesa, tinham um aço bem superior ao das espadas europeias.

Imagem: Conforto e Cia.

O ferro nada mais é do que o minério fundido, a sujeira removida e depois colocado em formas. A França, a Inglaterra e a Bélgica foram especialistas na manufatura do ferro: produziam bancos, postes e estruturas metálicas. Diversas estações ferroviárias brasileiras foram construídas com estruturas de ferro e não de aço. O ferro é dúctil, quebra com facilidade, enquanto o aço é maleável; observem as varas de aço usadas em obras. Embora chamadas de ferro ou vergalhão, são feitas de aço. Nesse caso específico, são aço SAE 1040 ou SAE 1050, os famosos GG-40 e GG-50 da Gerdau. A resistência do aço é superior à do ferro. Por conta dessa dificuldade inicial de produzir o aço, ele era usado apenas em peças pequenas como espadas e talheres. O aço só começa a ser produzido em escala industrial a partir de 1856, quando é descoberto o processo Bessemer, que produz aço de forma contínua, e deve seu nome ao seu inventor, o engenheiro inglês Sir Henry Bessemer.

Sir Henry Bessemer (1813~1898). Imagem: The Fine Art

 

A SIDERURGIA NO BRASIL

A menção à primeira siderúrgica no Brasil, que obviamente produzia apenas peças de ferro, data de 1814, no município mineiro de Morro do Pilar em Minas Gerais, na Fábrica do Morro do Gaspar Soares, que encerrou em 1831. Posteriormente, no município de Iperó em São Paulo, foi construída a Real Fábrica de Ferro de São João de Ipanema. Nossa primeira siderúrgica a produzir aço, usando o processo Bessemer, diferente do que muitos acreditam, não foi a CSN, mas sim a Companhia Siderúrgica Mineira, criada em 1917 e inaugurada em 1921, posteriormente rebatizada de Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira. Portanto, a CSN NÃO FOI A PRIMEIRA SIDERÚRGICA DO BRASIL.

Imagem: Morro do Geo

 

E OS TRENS, ONDE APARECEM?

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Inicialmente, para conduzir o minério de ferro e o carvão para as siderúrgicas, eram usadas carroças; com o tempo, os trilhos foram inventados. Era mais fácil conduzir as carroças sobre os trilhos, que diminuíam consideravelmente o atrito, do que usando as rodas convencionais. Como veem, os trilhos foram inventados antes dos trens. Os donos das siderúrgicas criaram um concurso que premiaria aquele que inventasse qualquer veículo que pudesse levar o minério de ferro em quantidade para as siderúrgicas. Surgem os motores a vapor, inicialmente usados para mover as máquinas das tecelagens, posteriormente os navios e, por fim, as locomotivas a vapor.

Eis a cronologia:

  • Em 1769, é criado o motor a vapor;
  • Em 1807, é construído o primeiro navio a vapor por Robert Fulton, que navegou no Rio Hudson nos Estados Unidos, chamado Clermont;
  • Em 1819, surge o Savannah, o primeiro navio a vapor a cruzar o Atlântico. Era um barco a vela equipado com motores a vapor. Sobre esses barcos, acreditamos que os anjos da guarda de toda a tripulação trabalharam ativamente, pois eram barcos de madeira com motores a vapor extremamente primitivos e nenhum pegou fogo;
  • Finalmente, em 1804, Richard Trevithick cria a primeira locomotiva a vapor;
  • George Stephenson constrói sua primeira locomotiva em 1814, mas seu mérito foi além de construir a locomotiva: ele construiu uma ferrovia.

Abaixo, texto da AFTR que fala mais do assunto:

 

E CONAN, O QUE TEM A VER COM ISSO?

O enigma do aço, explicado… por Mises?

Texto copiado parcialmente da página Rothbard Brasil, divulgadora da escola austríaca e do trabalho de Ludwig Von Mises. O link está abaixo:

Corte onde Thulsa Doom, interpretado por James Earl Jones, a voz de Darth Vader, explica sobre o “enigma do aço”:

Interpretamos, a partir do texto “Ação Humana” de Ludwig Von Mises, a cena acima.

As ideologias têm poder sobre os homens”, escreveu Mises. “Poder é a faculdade ou capacidade de dirigir ações.”

Quando Thulsa Doom, com uma mera palavra, convida uma bela jovem a se jogar de um penhasco, ele está mostrando a Conan do que é capaz, ou o que Mises chamou de “poder”.

Poder é a capacidade de dirigir”, escreveu Mises. Esse poder, entendeu Mises, não vem de espadas ou “aço”, mas de ideias.

Quem tem poder, deve-o a uma ideologia. Somente as ideologias podem conferir a um homem o poder de influenciar a conduta e a escolha de outras pessoas. Alguém só pode vir a ser um líder se estiver apoiado em uma ideologia que torne as outras pessoas dóceis e submissas. O poder, portanto, não é algo tangível e material, mas um fenômeno moral e espiritual.

Teria sido isso que Thulsa Doom quis dizer quando disse que não é o aço que é forte, mas a carne. A pessoa que pode usar ideias para comandar as pessoas é alguém que tem verdadeiro poder, verdadeira força.

Ao contrário de Thulsa Doom, Mises obviamente via o poder como uma força perigosa e corruptora, e é por isso que ele se opôs à concentração de poder na instituição mais poderosa e mortal da história moderna: o estado.

Mas isso, como dizem no final de Conan, o Bárbaro, é outra história.

Link da página Rothbard Brasil de onde essa história foi copiada:
O Enigma do Aço de “Conan, o Bárbaro” revela o segredo do poder – Instituto Rothbard (rothbardbrasil.com)

 

AFTR: História, Filosofia, Cultura Pop e muitas soluções para o setor de mobilidade.

 

Texto escrito em 20 de março de 2024 às 01h01
Última atualização em 20 de março de 2024 às 01h01
Imagem de capa: divulgação

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Autor

  • Mozart Fernando

    Engenheiro Mecânico formado pela Faculdade Souza Marques em 1992, foi secretário-geral da AFTR no mandato 2017-2020 e atualmente ocupa o cargo de diretor-técnico da instituição. Iniciou sua carreira profissional em 1978 trabalhando com um engenheiro que foi estagiário da RFFSA entre 1965 e 1966. Esse Engenheiro durante esse período trabalhando no setor de cremalheiras acompanhou o desmonte da E.F. Cantagalo e conhecia diversas histórias envolvendo o desmonte da Ferrovia de Petrópolis realizado pela mesma equipe. Histórias que muitos preferem esquecer. Parte dessa convivência extremamente valiosa está transcrita nos textos publicados pela AFTR. Não se considera um “especialista” em ferrovias, outra palavra que hoje no Brasil mais desmerece do que acrescenta. Se considera um “Homem de Negócios” e entende que o setor ferroviário só terá chance de se alavancar quando os responsáveis por ele também forem homens de negócios. Diferente de rodovias, as ferrovias são negócios. E usar para ferrovias os mesmos parâmetros balizares de construção e projeto usados em rodovias redundará em fracasso. Mozart Rosa é alguém que mais que projetos, quer apresentar Planos de Negócios para o setor.

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