Tempo de leitura: 10 minutos

Por Mozart Rosa

Neste artigo falaremos sobre um meio de transporte que invariavelmente é sempre citado próximo às eleições, em qualquer esfera governamental.

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Mas o que é o Aeromóvel ? Do que se trata?

Desmistificaremos isso hoje e explicaremos sua aplicabilidade até mesmo no Rio de Janeiro.
Acompanhem o artigo até o final e desejamos a todos uma boa leitura !


Aeromóvel não é metrô. Aeromóvel é um sistema de transporte de pequena e média capacidade e que funciona muito bem. Se entendermos isso será possível iniciar aqui uma explicação mostrando o que é o sistema. Achar que o Aeromóvel é panaceia que poderá ser implantado Brasil afora é ingenuidade.

: : Ele tem limitações, mas superadas tais limitações pode ser uma ótima opção : :

O Aeromóvel deve ser entendido como o que ele realmente é: um sistema com características técnicas especificas a ser usado em locais específicos. Jamais vai substituir qualquer sistema ferroviário ou metroviário. Além disso tem por trás dele toda uma estrutura empresarial viabilizando sua produção, algo que não existiu com o MagLev Cobra, cujo projeto foi infelizmente paralisado recentemente. E é uma invenção nacional, idealizado por Oskar Hans Wolfgang Coester, criador da empresa gaúcha Coester. Esta empresa é dona da patente e se associou com a Marcopolo, a mais tradicional fabricante brasileira de carrocerias, para a fabricação dos veículos e dando suporte empresarial necessário ao negócio. Clique aqui para conhecer a empresa.


Explicando o Aeromovel

O Aeromovel é um veículo extremamente leve, em relação aos sistemas ferroviários tradicionais, que funciona movido pelo ar gerado por ventiladores que injetam esse ar dentro de uma estrutura tubular de concreto, e é por cima dessa estrutura que o veículo se movimenta, usando “velas” como de barcos, mas embutidas. Estas “velas” ficam na parte inferior do veículo. Pelas características e leveza do sistema é um sistema adequado para transpor até mesmo rios e eventuais trechos marítimos por via elevada construídas com menos custo que as obras de estrutura tradicional.

É um sistema que já funciona desde 2013 em Porto Alegre-RS com extrema segurança e confiabilidade, assim como em um parque temático de Jacarta, na Indonésia, desde 1989 !

O Aeromóvel de Jacarta, na Indonésia, funciona dentro do parque temático Taman Mini Indonesia Indah e possui cerca de 3kms de extensão. Sucesso total desde 1989.
Foto: Site do projeto Aeromóvel

E por que até hoje não foi implantado em escala em nenhum outro lugar do Brasil? Leiam a série de 5 textos da AFTR, recentemente publicados: Projetos Inadequados e suas Aplicações Equivocadas, ali se explica muita coisa.

Como exemplo podemos citar Albert Einstein, que além de sábio era homem de visão e clarividente. Ele descreveu o funcionamento do setor público brasileiro de sua época, e do futuro em apenas uma frase:

: : “Você não consegue resolver um problema com a mesma mente que o criou” : :


E o que faz o Aeromovel ser tão interessante?

Possivelmente a maioria não saiba mas um trem precisa ter peso para ter aderência entre a roda e os trilhos, e no caso dos veículos de passageiros para obter esse “peso” antigamente eram usadas chapas de ferro. Hoje isso é conseguido com a colocação de um piso de concreto nos vagões, aquele traço de concreto 3×1 que todo mundo já deve ter visto ser feito pela turma de amigos no domingo de sol, movidos a muita cerveja batendo a laje de algum outro amigo, funciona que é uma beleza.

: : Claro que com aditivos especiais que aumentam a plasticidade e impedem a quebra com os movimentos do percurso : :

O Aeromovel não precisar disso, por isso é tão mais leve. Essa leveza possibilita custos de construção de pilares e custos de estaqueamento em trechos de mar ou de rios muito menores do que quando esse estaqueamento e a construção desses pilares forem para implantação de linhas de Metrô convencional.

Trechos ideais e indicados para a implantação do sistema são onde a necessidade de transporte não supere 30.000 passageiros/hora e com obstáculos naturais que sejam compensadores superá-los por via elevada.

: : Lembrando: Aeromovel não substitui Metrô : :


Uma curiosa informação complementar

Sendo um veículo movido a vento, como funcionam os sistemas de abertura e fechamento de portas e o de ar-condicionado, fundamental no verão subsaariano do Rio de Janeiro?

Existe como no Metrô um “Terceiro Trilho” que fornece essa energia mas não como no Metrô, este “Terceiro Trilho” na verdade mais se parece com um trilho de cortina.

Além disso o Aeromovel não é Monotrilho. Embora ambos sejam sistemas elevados, são bem diferentes. O Monotrilho pode atender uma maior demanda, tem um sistema de funcionamento diferente e tem custos de construção elevado. No caso de São Paulo chegou próximo ao custo por Km de um sistema de Metrô. Por aí já se percebe que é bem diferente do Aeromóvel, e tem também outras diferenças técnicas.

: : Já falamos sobre o Monotrilho em uma de nossas postagens, clique aqui para ler : :


E onde entra a AFTR?

Como todos sabem a AFTR não inventa nada, apenas resgata boas ideias do nosso passado, recente ou não, dando a essas ideias uma roupagem moderna. Resgatamos assim uma proposta de 1974, que pretendia criar uma linha de carga para o Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, e então a partir dessa ideia desenvolvemos o Expresso Carioca.

O Expresso Carioca é um projeto com três linhas de Aeromovel que congrega várias propostas de mobilidade que nunca saíram do papel. Além de outras inéditas.

Antes de iniciarmos a descrição de nosso projeto é preciso deixar bem claro que a proposta atende a trechos de até média capacidade.

O Expresso Carioca é um sistema de múltiplas características que pretende com sua linha tronco, a linha 1:

  • Ligar o Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro ao Aeroporto Santos Dumont;
  • Ligar a Estação Aeromovel de Gramacho a esses dois aeroportos;
  • Ligar a estação Aeromovel da Ilha do Governador ao Centro, dando acesso rápido dos insulanos ao centro do Rio de Janeiro;
  • Ligar entre si duas das principais unidades da Petrobras no estado do Rio de Janeiro;
  • Dar aos moradores do Caju um transporte rápido para o centro do Rio, algo hoje inexistente;
  • Dar aos moradores da Vila São Luiz em Duque de Caxias acesso ao centro do Rio de Janeiro.

Este projeto, como todos os outros projetos da AFTR, pretende ser tecnicamente perfeito e economicamente viável, atraindo o empresariado para participar do mesmo.

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LINHA 1 – Tronco
Ligação Aeroporto Santos Dumont x Gramacho

Estação Gramacho: A linha se inicia e termina em uma estação paralela à atual Estação Ferroviária de Gramacho, estação que, caso os projetos da AFTR saiam do Papel, passa a ter enorme importância no sistema ferroviário do Rio de Janeiro, sendo inclusive parada do trem para Petropolis e de diversos outros previstos pela AFTR. Junto à estação Gramacho prevemos ainda um terminal rodoviário.

 

Estação Reduc: A Estação Reduc, torna possível aos trabalhadores do Distrito Industrial existente nos fundos da Reduc, e hoje praticamente desativado, acesso fácil a seus locais de trabalho. Também facilita a locomoção de fornecedores e prestadores de serviço a essas empresas, e a fornecedores e prestadores de serviço da própria Reduc.

 

Estação Parque Gráfico: Na rodovia Washington Luiz está localizado o maior parque gráfico da América Latina, pertencente ao Jornal O Globo. Existem próximas dali diversas empresas que precisam de transporte adequado para seus funcionários, bem como os funcionários do próprio parque gráfico.

Além disso algumas empresas e instituições também serão beneficiadas:

  • Caxias Shopping;
  • Gráfica do Jornal o Globo;
  • Hospital Dr. Moacir Rodrigues;
  • Centro empresarial Washington Luiz;
  • Moinho Fluminense;
  • Carrefour, Centro de Distribuição.

 

Estação Galeão: acesso do aeroporto aos moradores de Duque de Caxias, e de outros municípios como Petropolis e Magé, que venham a ter acesso a Estação Gramacho do Expresso Carioca. Lembrando que muitos funcionários do Aeroporto do Galeão e de empresas em volta dele são moradores da região de Gramacho e Duque de Caxias e se beneficiarão também com o Expresso Carioca.

 

Estação Hospital Universitário: acesso a um dos maiores hospitais do Estado do Rio servindo a pacientes funcionários e alunos da UFRJ, e também à moradores da Baixada.

 

Estação CENPES: acesso a uma das maiores unidades de pesquisa mundiais sobre petróleo, propriedade da Petrobras.

 

Estação Fundão: próxima a reitoria da UFRJ vai facilitar bastante a vida dos alunos da Arquitetura e de todos os alunos e funcionários do parque tecnológico da UFRJ, incluindo a COPPE.

 

Estação Caju: Dará ao morador do Caju transporte rápido aos aeroportos, à Baixada Fluminense e ao centro do Rio. Também dá acesso à Fronape, outra empresa da Petrobras. Vai permitir também um acesso mais fácil ao complexo de cemitérios da região.

 

Estação Rodoviária: Estação multimodal, incluindo integração com VLT e com a Rodoviária.

 

Estação Cargas/Rodrigues Alves: Inovação do Expresso Carioca, única estação de carga prevista em um projeto de mobilidade no Brasil, atenderá ao Cenpes e a Reduc, ou a qualquer outra empresa interessada no caminho do Expresso Carioca.

 

Estação Santos Dumont: Estação Terminal e Inicial, fara a ligação com o aeroporto do Galeão e todas as outras estações. É possível ainda, de acordo com estudos, a existência de estações adicionais na praça Mauá e nas Proximidades da Rua Primeiro de Março. E também a construção de uma estação dentro de um prédio existente na Candelária, com a linha atravessando o prédio. Ideias do pessoal da AFTR.

 

Monotrilho em Chongqing, na China. Como alternativa à demolição para a passagem do sistema neste trecho da cidade, foi necessário a implantação da via por dentro do prédio. Isso também pode ser aplicado aqui, já pensaram ?
Foto: Sohu

Em breve a segunda parte deste artigo e a continuação do nosso projeto, aguardem e acompanhem !

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Agradecemos a leitura. Até a próxima !

Imagem em destaque: Aeromóvel no desvio em Porto Alegre-RS. Imagem de Leandro Castro
(A opinião constante deste artigo é de inteira responsabilidade do autor, não sendo, necessariamente ou totalmente, a posição e opinião da Associação)

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Autor

  • Mozart Fernando

    Engenheiro Mecânico formado pela Faculdade Souza Marques em 1992, foi secretário-geral da AFTR no mandato 2017-2020 e atualmente ocupa o cargo de diretor-técnico da instituição. Iniciou sua carreira profissional em 1978 trabalhando com um engenheiro que foi estagiário da RFFSA entre 1965 e 1966. Esse Engenheiro durante esse período trabalhando no setor de cremalheiras acompanhou o desmonte da E.F. Cantagalo e conhecia diversas histórias envolvendo o desmonte da Ferrovia de Petrópolis realizado pela mesma equipe. Histórias que muitos preferem esquecer. Parte dessa convivência extremamente valiosa está transcrita nos textos publicados pela AFTR. Não se considera um “especialista” em ferrovias, outra palavra que hoje no Brasil mais desmerece do que acrescenta. Se considera um “Homem de Negócios” e entende que o setor ferroviário só terá chance de se alavancar quando os responsáveis por ele também forem homens de negócios. Diferente de rodovias, as ferrovias são negócios. E usar para ferrovias os mesmos parâmetros balizares de construção e projeto usados em rodovias redundará em fracasso. Mozart Rosa é alguém que mais que projetos, quer apresentar Planos de Negócios para o setor.

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