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Tempo de leitura: 4 minutos

Por Mozart Rosa

Dando continuidade a uma série de textos de cunho eminentemente técnico, iremos explicar os prováveis motivos da queda do setor como um todo, ao longo de anos. Tentaremos assim esclarecer diversos pontos que até hoje são debatidos mas por vezes equivocadamente divulgados e defendidos, e assim demolir uma série de mitos.
Boa Leitura a todos.

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07-As Teorias da Conspiração

Dentro do universo das pessoas sérias e idôneas (e a maioria é) que ao longo dos anos tem de alguma forma feito algo para o retorno da ferrovia:

  • A grande maioria nunca na vida leu um balanço;
  • A grande maioria nunca na vida teve um negócio por menor que seja;
  • A grande maioria nunca na vida trabalhou com logística;
  • A grande maioria nunca na vida trabalhou em uma estatal ou quando o fez ocupou cargos de nível subalterno, não entendendo as nuances de poder e os interesses envolvidos no cotidiano de uma empresa publica.

Sendo assim ao longo do tempo se criaram teorias da conspiração tentando explicar os motivos do declínio do setor que com o tempo viraram verdades quase absolutas:

  • Os militares acabaram com as ferrovias;
  • A indústria automobilística acabou com as ferrovias;
  • Os empresários do ônibus acabaram com as ferrovias;
  • Com a queda do café as ferrovias acabaram;
  • Empresa particular não tem capacidade de construir ferrovia;
  • Bitola métrica não presta.

Auto Trem Paulista, transporte de caminhões por ferrovia
Fonte: Blog Trens da Vida

Blindados do Exército sendo levados de trem de Uberlândia para Brasília
Fonte: Defesa Aérea e Naval

Trem da RFFSA com automóveis Fiat na região da Serra da Mantiqueira nos anos 1980 – Pedro Rezende
Fonte: Flickr

E por aí vai. Existem muitas outras. Cada um criou sua verdade sem nenhuma pesquisa mais profunda, ou apenas repetiu como verdade algo que alguém falou.

Apresentamos nessa série de postagens uma grande quantidade de fatos, facilmente comprováveis, mostrando as verdadeiras razões do fracasso das ferrovias no país sob vários aspectos. O problema é que, como ninguém realmente pesquisou os problemas para entende-los, a teoria virou verdade. Lamentavelmente quem acreditou em toda essa balela não foram apenas o aposentado, a dona de casa ou o estudante, mas foram também pessoas com poder de mando:. deputados, senadores, funcionários públicos graduados, dentre outros, que acreditando em muita bobagem sempre olharam a ferrovia com desconfiança.

Durante o Governo de José Sarney (1985-1990), no início da Ferrovia Norte-Sul, um funcionário graduado do então Ministério do Transporte declarou em alto e bom som que “Fizemos o traçado da Ferrovia Norte-Sul de modo que ela não passe próximo a nenhuma cidade“. Os objetivos foram diversos, mas isso restringiu o objetivo da ferrovia a apenas um setor: o transporte de cargas.

Posteriormente Moreira Franco, então Ministro de Dilma Rousseff e depois de Michel Temer, declarou que não ser viável o transporte de passageiros regional no Brasil (ouçam o áudio, logo abaixo).

Durante o programa “A Voz do Brasil” o ministro dos transportes, portos e aviação civil Maurício Quintela, e Wellington Moreira Franco do Programa de Parceria de Investimentos, comentam sobre a prorrogação de contratos no setor. Fonte: Radiobrás

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Delmo Pinho, Secretário estadual de transportes do Rio de Janeiro, em entrevista vinculou o declínio de algumas ferrovias com a derrocada do café. O que não condiz com a realidade como mostraremos mais a frente.

As teorias da conspiração foram muito ruins para o setor. Não existe hoje algum livro que mostre o que realmente aconteceu, são histórias que se repetem e nenhum estudo profundo foi feito.

A verdadeira história ainda precisa ser contada.

Esse é o objetivo dessas postagens.

Reflitam.

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Autor

  • Mozart Fernando

    Engenheiro Mecânico formado pela Faculdade Souza Marques em 1992, foi secretário-geral da AFTR no mandato 2017-2020 e atualmente ocupa o cargo de diretor-técnico da instituição. Iniciou sua carreira profissional em 1978 trabalhando com um engenheiro que foi estagiário da RFFSA entre 1965 e 1966. Esse Engenheiro durante esse período trabalhando no setor de cremalheiras acompanhou o desmonte da E.F. Cantagalo e conhecia diversas histórias envolvendo o desmonte da Ferrovia de Petrópolis realizado pela mesma equipe. Histórias que muitos preferem esquecer. Parte dessa convivência extremamente valiosa está transcrita nos textos publicados pela AFTR. Não se considera um “especialista” em ferrovias, outra palavra que hoje no Brasil mais desmerece do que acrescenta. Se considera um “Homem de Negócios” e entende que o setor ferroviário só terá chance de se alavancar quando os responsáveis por ele também forem homens de negócios. Diferente de rodovias, as ferrovias são negócios. E usar para ferrovias os mesmos parâmetros balizares de construção e projeto usados em rodovias redundará em fracasso. Mozart Rosa é alguém que mais que projetos, quer apresentar Planos de Negócios para o setor.

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