Tempo de leitura: 3 minutos

Por Mozart Rosa

Dando continuidade a uma série de textos de cunho eminentemente técnico, iremos explicar os prováveis motivos da queda do setor como um todo, ao longo de anos. Tentaremos assim esclarecer diversos pontos que até hoje são debatidos mas por vezes equivocadamente divulgados e defendidos, e assim demolir uma série de mitos.
Boa Leitura a todos.

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06-A Influencia de egressos da RFFSA no futuro do setor ferroviário

Primeiro entendamos o seguinte: ferrovia normalmente é um negócio. E um negócio tem por premissa gerar lucro. Diferente de rodovias que podem ser pedagiadas ou não, ferrovia praticamente sempre é um negócio. E nesse contexto a RFFSA sempre deu prejuízo.

RFFSA tem Superávit em julho de 1981, mas é melhor ler a matéria completa para entender que não foi bem assim.
Jornal do Brasil – 17 de outubro de 1981

Durante a sua existência a Revista Maiores e Melhores, publicação anual da Revista Exame, sempre listou a RFFSA como:

  • O maior prejuízo;
  • O maior número de funcionários;
  • O maior patrimônio

Portanto como achar que alguns profissionais influentes egressos da antiga RFFSA – que não eram cobrados pelo resultado financeiro da empresa, que trabalhavam em um ambiente onde ao final de cada ano se sabia que com prejuízo ou não a empresa continuaria de pé, pagaria seus salários e manteria seus empregos – tenham hoje a necessária visão empresarial de apresentar propostas palpáveis e possíveis para o setor?

Trecho de matéria do Jornal do Commercio do dia 08 de janeiro de 1981

Quem, que está lendo esse texto, já não ficou preocupado em perder o emprego pelo fato da empresa em que trabalha não estar faturando, obtendo lucros ou rendendo o esperado? Isso nunca aconteceu com egressos da RFFSA.

Tribuna da Imprensa – 10 de outubro de 1985

Portanto apesar do enorme conhecimento técnico desse grupo – que pode ser discutível pois existem casos e casos, pessoas e pessoas – como acreditar que essas pessoas possam apresentar propostas empresariais consistentes para o setor?
Pensem, reflitam e opinem.

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Autor

  • Mozart Fernando

    Engenheiro Mecânico formado pela Faculdade Souza Marques em 1992, foi secretário-geral da AFTR no mandato 2017-2020 e atualmente ocupa o cargo de diretor-técnico da instituição. Iniciou sua carreira profissional em 1978 trabalhando com um engenheiro que foi estagiário da RFFSA entre 1965 e 1966. Esse Engenheiro durante esse período trabalhando no setor de cremalheiras acompanhou o desmonte da E.F. Cantagalo e conhecia diversas histórias envolvendo o desmonte da Ferrovia de Petrópolis realizado pela mesma equipe. Histórias que muitos preferem esquecer. Parte dessa convivência extremamente valiosa está transcrita nos textos publicados pela AFTR. Não se considera um “especialista” em ferrovias, outra palavra que hoje no Brasil mais desmerece do que acrescenta. Se considera um “Homem de Negócios” e entende que o setor ferroviário só terá chance de se alavancar quando os responsáveis por ele também forem homens de negócios. Diferente de rodovias, as ferrovias são negócios. E usar para ferrovias os mesmos parâmetros balizares de construção e projeto usados em rodovias redundará em fracasso. Mozart Rosa é alguém que mais que projetos, quer apresentar Planos de Negócios para o setor.

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