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Por Mozart Rosa

O Trem de Petrópolis e tudo o que vem junto com ele.

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O Governo Federal, por meio do Ministro da Infraestrutura Tarcísio Gomes, tem feito um expressivo programa de revitalização do modal ferroviário, acreditem se quiser e por incrível que pareça. Entretanto, com todo o respeito ao Ministro e reconhecendo sua competência, nada tem feito de novo. Apenas tem destravado e dado andamento a projetos paralisados por inépcia dos governos anteriores. Um desses exemplos é a Ferrovia Norte Sul, cujas obras começaram no governo Sarney e estão sendo concluídas na atualidade.

Ponte ferroviária em Estreito-MA
Fonte: Wikipedia

Um outro aspecto sobre esses projetos em curso é que a maioria deles não alcançam a massa da população, não trazendo a ela benefícios diretos. São projetos importantes, sem dúvida, mas voltados a graneis e mantendo o que nós aqui temos mostrado ser o ‘Padrão EFCB”, nunca pensando em apoiar algo no “Padrão Leopoldina”

Trem operando na Ferrovia Norte-Sul
Fonte: Youtube

Acreditamos que o motivo disso é que o Ministro Tarcísio tenha entre seu grupo de assessores pessoas que também assessoravam o ex-governador Moreira Franco que o fez dar, em determinado momento, uma das mais desastrosas declarações sobre transporte ferroviário no Brasil. Se você não leu e ouviu esse absurdo veja abaixo no link o texto publicado pela AFTR com o áudio dessa entrevista e algumas considerações sobre os motivos do fracasso das ferrovias no Brasil. Não deixem também de ler a série completa, com 10 textos.

➡️ O motivo do Fracasso das Ferrovias no Brasil – Parte 7 ⬅️

A Ferrovia está no imaginário popular, ajudou a desenvolver o Brasil e a criar e consolidar cidades, já mostramos isso aqui. O que o ministro está fazendo é algo muito bom em nível macro. Mas em nível micro, o que está sendo feito?

A AFTR defende que a partir da restauração do Trem para Petrópolis obviamente em bases empresariais – ou seja, com o apoio e a participação do empresariado – se inicie um grande movimento de desenvolvimento econômico como no século XIX que ajudou o Brasil a crescer.

Estação de Petrópolis em 1898. Nota-se também a continuação da linha em direção ao túnel Quissamã
Fonte: Brasiliana Fotográfica

O trem para Petrópolis jamais deveria ter sido extinto, pois sempre foi uma operação lucrativa e viável mas que decaiu por conta do serviço ruim que era prestado. A troca de máquinas a vapor por máquinas a diesel modernas, mas eficientes e mais velozes poderia ter mantido o serviço em operação até hoje. A extinção na década de 1960 se deu por incompetência gerencial dos responsáveis. Na década de 1970 o então Presidente da RFFSA tentou restaurar a linha e não foi bem sucedido.

Trecho na Serra da Estrela da ferrovia rumo a Petrópolis. Este trecho ainda existe, mas como via rodoviária de acesso local.
Fonte: Brasiliana Fotográfica

Nossa proposta de recuperar essa linha usando VLTs modernos a diesel/bio-diesel na conformação regional para 100 passageiros, com espaço para cadeirantes, pode representar o surgimento de um novo setor na economia. E por que não termos na operação desse trecho empresários do setor rodoviário que hoje operam as linhas rodoviárias para Petrópolis? O VLT a diesel tem quase o mesmo consumo de diesel do ônibus, mas não gasta pneu, suspensão, não fica preso em engarrafamentos, e carrega 100 pessoas. Enquanto o ônibus, carrega apenas 40 e tem todos esses custos mencionados. Esse produto passível de ser fabricado no Brasil até o momento nunca recebeu encomendas e poderia ser a solução para vários projetos de mobilidade.

Comparativo entre modais evidencia a ampla vantagem em uso do VLT

Essa ferrovia pode, usando o “Padrão Leopoldina“, além de passageiros transportar carga geral, relegada pelas grandes operadoras, mas com potencial lucrativo para pequenas.

É preciso criar novos paradigmas para o setor de transporte ferroviário

O que o Ministro Tarcísio tem feito até o momento é manter o status quo do setor. Recuperar a Ferrovia para Petrópolis poderá transformá-la no laboratório para experiências práticas de propostas feitas pela AFTR, com o uso de veículos para prestação de serviços à população, como mostrado no texto do link abaixo:

➡️ A Ferrovia a serviço da coletividade ⬅️

Sempre lembrando que temos um vizinho chamado Minas Gerais, do tamanho da França e com população de 20 milhões de habitantes, que teve o desenvolvimento da sua Zona da Mata intimamente ligada às ferrovias mas teve a malha ferroviária abandonada pela grandiosa quantidade de erros gerenciais cometidos pela turma da RFFSA.

Movimentado pátio ferroviário da estação de Três Rios em 1988
Acervo Hugo Caramuru

Reativar a Ferrovia para Petrópolis e chegando com ela a Três Rios permitirá conectar essa ferrovia a outras ferrovias existentes e abandonadas que alcançam a Zona da Mata de Minas Gerais e também outras extintas que poderão ser reconstruídas, deixando a população dessas localidades feliz em poder alcançar, também com seus produtos, o mercado consumidor do Rio de Janeiro.

➡️ Sempre usando o “Padrão Leopoldina” de ser ⬅️

Além da recíproca ser verdadeira, a população carioca ficará bem satisfeita em poder de forma rápida e confortável chegar em cidades da Zona da Mata de Minas Gerais de trem.

A Zona da Mata Mineira mescla trechos geradores de produtos, densamente populosos, e também com belas paisagens naturais
Foto: Quanto custa viajar

Sobre o trem para Petrópolis, o que está em jogo aqui.

  • Recuperação da Primeira Ferrovia do Brasil (EF Mauá no trecho Piabetá x Guia de Pacobaíba);
  • Criação da Primeira Short-Line do Brasil;
  • Criação da Primeira rota de transporte regional ferroviário moderno do Brasil;
  • Operação dos Primeiros Trens Regionais (modernos) do Brasil com veículos construídos para essa função;

  • Criação da Primeira Ferrovia de Carga de Baixa Tonelagem do Brasil (20 toneladas por eixo);
  • Criação da Primeira Ferrovia voltada ao transporte de lixo do Brasil;
  • Primeira Ferrovia do Brasil a operar veículos de serviços públicos;
  • Recuperação da segunda maior estação Ferroviária do Rio de Janeiro, uma das maiores do Brasil, e símbolo da decadência econômica do estado do Rio de Janeiro.

Imagem panorâmica do saguão vazio da desativada e grandiosa estação Barão de Mauá
Foto: Eduardo (‘Dado’) em 2017

A mensagem passada é a de esperança, de um renascimento. Não é pouca coisa. Será que só nós da AFTR vemos isso?

Que fique bem claro: todas essas propostas visam operações que gerem lucro a quem as opere, nada aqui proposto visa o retorno das operações passadas deficitárias. Lucro, Lucro, Lucro, esse é o princípio.

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Agradecemos a leitura. Até a próxima !

Foto destacada extraída do livro “Um passeio a Petrópolis em companhia do fotógrafo Marc Ferrez”

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Autor

  • Mozart Fernando

    Engenheiro Mecânico formado pela Faculdade Souza Marques em 1992, foi secretário-geral da AFTR no mandato 2017-2020 e atualmente ocupa o cargo de diretor-técnico da instituição. Iniciou sua carreira profissional em 1978 trabalhando com um engenheiro que foi estagiário da RFFSA entre 1965 e 1966. Esse Engenheiro durante esse período trabalhando no setor de cremalheiras acompanhou o desmonte da E.F. Cantagalo e conhecia diversas histórias envolvendo o desmonte da Ferrovia de Petrópolis realizado pela mesma equipe. Histórias que muitos preferem esquecer. Parte dessa convivência extremamente valiosa está transcrita nos textos publicados pela AFTR. Não se considera um “especialista” em ferrovias, outra palavra que hoje no Brasil mais desmerece do que acrescenta. Se considera um “Homem de Negócios” e entende que o setor ferroviário só terá chance de se alavancar quando os responsáveis por ele também forem homens de negócios. Diferente de rodovias, as ferrovias são negócios. E usar para ferrovias os mesmos parâmetros balizares de construção e projeto usados em rodovias redundará em fracasso. Mozart Rosa é alguém que mais que projetos, quer apresentar Planos de Negócios para o setor.

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