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Por Eduardo (‘Dado’)

 

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A Ilha do Governador, descoberta pelos portugueses em 1567, recebeu esse nome pela iniciativa de Mem de Sá, Governador-geral à época. O mesmo doou mais da metade do território da ilha ao seu sobrinho Salvador (Correia) de Sá para que esse plantasse cana-de-açúcar. Atualmente a Ilha é dividido em 14 bairros, e possui na porção oeste do seu território o maior aeroporto do estado: o Aeroporto Internacional Antonio Carlos Jobim, ou Aeroporto do Galeão como também é mais conhecido. Esse aeroporto inaugurado em 1952, e o bairro do Galeão onde ele se localiza, recebeu esse nome pelo fato de em 1663 ter sido lançado ali o maior navio do mundo na época, o Galeão Padre Eterno, em um estaleiro construído no local conhecido hoje como Ponta do Galeão. Essa embarcação naufragou alguns anos depois no Oceano Índico, mas marcou a história da Ilha como sendo um prodígio da construção naval Brasileira.

Gravura do Padre Eterno na entrada do rio Tejo, em Portugal, no livro Description de l’Univers (1683) – Fonte: Wikipedia

Nessa época ainda não havia ligação terrestre da ilha com o continente. Todos os meios de comunicação eram baseados em transporte marítimo através da Baía de Guanabara, com diversos pontos de atracação como a já citada Ponta do Galeão, a Ribeira, Cocotá, dentre outros locais. Internamente a região contava com algumas vias de comunicação rudimentares, tendo a sua primeira linha de Bondes implantada apenas em 1922, ligando o bairro da Ribeira ao Cocotá, e depois estendida a outros pontos da Ilha. Evidentemente diversos projetos foram criados para efetuar a ligação terrestre com o continente, ou seja, com o território do Rio de Janeiro. Tanto projetos rodoviários como ferroviários, mas infelizmente apenas as vias e estradas de rodagem saíram do papel, deixando a ilha refém do trânsito e congestionamentos até os dias de hoje por possuir apenas uma forma de entrar e sair por terra.

Um desses projetos era o de ligar a estação de Sapopemba (atual Deodoro) à Ilha do Governador, já idealizado desde 1890. Apenas em 1903 foram apresentados os estudos e projetos devidos, mas em 1904 o governo encampou e engavetou o projeto, não dando prosseguimento.

Trechos do Relatório Ministerial da Agricultura de 1899 (Fonte: Center for Research Libraries)

Recentemente a concessionária Supervia e o Governo do Estado do Rio de Janeiro apresentaram uma ideia semelhante de ligação ferroviária, mas entre a estação de Bonsucesso e o bairro da Portuguesa. Infelizmente esse foi mais um projeto que não saiu do papel, e serviria para desafogar o trânsito e melhorar a mobilidade dos moradores, trabalhadores e visitantes da ilha.

Contudo durante pesquisas de caráter histórico a equipe AFTR descobriu um curioso projeto de 1926 visando a construção de um Porto Marítimo na Ilha do Governador para atender ao estado de Minas Gerais !

Publicado na “Revista das Estradas de Ferro” em 15 de janeiro daquele ano e escrito pelo engenheiro civil Moraes da Costa, o artigo detalha que a linha partiria da Linha do Centro da Estrada de Ferro Central do Brasil, cruzaria a Linha Auxiliar e a Estrada de Ferro Rio d’Ouro, seguindo de certa forma paralela ao ramal da Penha dessa última ferrovia mas a certa distância, cruzaria ainda a Estrada de Ferro do Norte, alcançaria através de pontes a Ilha do Fundão e a Ponta do Galeão, adentrando o território insular, passando por onde hoje ficam a Base Aérea e o Aeroporto do Galeão (como seria essas instalações hoje com essa ferrovia ?) e findando em uma grande área de aterro a ser construída, com docas e armazéns para atender a demanda do grande estado mineiro. Traria também desenvolvimento e melhorias aos habitantes da Ilha do Governador e bairros por onde a ferrovia passasse.

Contudo, como se sabe, esse projeto não foi adiante. Mas como seria se ele tivesse saído do papel ? Deixe seu comentário, curta, compartilhe !

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Autor

  • Eduardo ('Dado')

    Formado em Arquivologia, pós-graduando em Engenharia Ferroviária, técnico em TI, produtor e editor multimídia, webmaster e webdesigner, pesquisador e historiador informal. No começo dos anos 2000 se aprofundou na área de mobilidade e transportes (e a preservação histórica inerente ao assunto, sobretudo envolvendo os transportes sobre trilhos), e a partir de contatos pessoais e virtuais participou de, e formou, grupos voltados para a disseminação do assunto, agregando informações através de pesquisas presenciais e em campo. Em 2014 fundou formalmente a AFTR - Associação Ferroviária Trilhos do Rio onde reuniu membros determinados a lutarem pela preservação e reativação de trechos ferroviários, além de todos os aspectos ligados às ações, como o resgate da memória e cultura regional, melhoria na mobilidade e consequentemente na qualidade de vida da população, etc Foi presidente e é o atual coordenador-geral da AFTR Não se considera melhor do que ninguém, procura estar sempre em constante evolução e aprendizado, e acumula experiências sendo sempre grato aos que o acompanha e apoia. "Informação e conhecimento: para se multiplicar, se divide"

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