Por Mozart Rosa

Tempo de leitura: 9 minutos

Bem vindos ao artigo de hoje do site da AFTR. Agradecemos e desejamos uma boa leitura!

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Olá.

Daremos uma pausa temporariamente em nossas postagens. Encerraremos um ciclo. E agradecemos muito aos que nos apoiaram.

Hoje não teremos um índice, o assunto é direto, como as ferrovias normalmente são.

O Expresso da AFTR está partindo da estação, mas continuará circulando e ainda com mais força, em breve…
Fonte: Newark Advertiser

Durante anos percebemos que o setor ferroviário é um setor onde as lendas urbanas infelizmente proliferam, com pouca informação confiável, e diversas narrativas fantasiosas sendo criadas. Sendo assim resolvemos fazer postagens mostrando, documentalmente, as histórias do setor.

Os diretores da AFTR Mozart Rosa, em primeiro plano, e Carlos Assis, ao fundo, entrevistando o sr. Miguel Pellegrino em Valença, onde até hoje atua a favor da história ferroviária da região
Foto: Eduardo (‘Dado’) em 2018

Claro que tivemos a ajuda de homens, alguns já falecidos, que estavam lá e viveram diversas situações que outros, por conveniência, varreram para debaixo do tapete. Esses homens que nos ajudaram passaram informações muito valiosas.

Encontro e entrevista com Paulo Henrique Nascimento, em Três Rios, no ano de 2018, poucos meses antes do seu falecimento
Foto: Eduardo (‘Dado’)

Iniciamos então nossa serie de publicações onde contamos com fartura de documentos, histórias desconhecidas do setor, e apresentamos alguns projetos a todos: “Tecnicamente perfeitos e economicamente viáveis”.

Encontro e entrevista com Luiz Paulo Correia da Rocha, conduzida pelos diretores da AFTR Mozart Rosa e Rodrigo Sampaio
Foto: Eduardo (‘Dado’) em 2018

Nos impressionou a quantidade de material que tínhamos. Podemos dizer com orgulho que poucos, ou até mesmo ninguém, na Região Sudeste têm uma quantidade de histórias e produziu tantos projetos conceituais como a AFTR. Tentamos desfazer uma serie de mitos, entranhados no imaginário das pessoas. Foi difícil, mas aos poucos estamos conseguindo, muito embora a divulgação desses mitos seja conveniente para alguns, pois esconde a incompetência da RFFSA como empresa. E esse é apenas um exemplo.

Linha do Litoral da EF Leopoldina (em bitola métrica) sendo dizimada entre Rio Bonito e Tanguá.
Foto feita por Eduardo (‘Dado’) durante visita técnica da AFTR em 2017

Fomos os primeiros a falar sobre a Guerra das Bitolas, episódio ignorado pela maioria, e até hoje só descrito pelas postagens da AFTR, que explicam muita coisa. Mostramos que ferrovias são importantes agentes de desenvolvimento econômico: as ferrovias ajudaram o Brasil a crescer, e nossa postagem sobre Mauá e D. Pedro II mostra isso.

Fonte: Reddit

Em 1997, no Governo FHC, a RFFSA foi desmontada e novas concessionarias surgiram, mas surgiram com um determinado foco e abandonando um nicho de mercado lucrativo! Abandonaram o que viríamos a chamar nos nossos artigos o “Estilo Leopoldina de Ser”, expressão que está se consagrando e, mesmo que ainda inicialmente, sendo utilizada.

Um Trem da Usina Santo Amaro passando em frente a estação Mussurepe, em Campos dos Goytacazes, no ano de 1985, com tração ainda a vapor
Foto: Prorail UK, via Grupo da AFTR no Telegram

O transporte de passageiros, que feito em veículos corretos poderia ser lucrativo… também foi abandonado.

Sempre deixamos claro em nossas postagens que ferrovia é um negócio, e deve ser tratada como tal. Como gente que nunca na vida ao menos administrou uma barraca de cachorro-quente pode querer dar opiniões sobre o setor?

Um cachorro-quente gigante sobre trilhos, no Metrô de Londres. Imagem meramente ilustrativa
Fonte: The Good film company (Youtube)

Nosso objetivo sempre foi restaurar as condições que fizeram o Brasil crescer. Mas, infelizmente, encontramos uma massa de pessoas sonhadoras, com ideias utópicas, sem nenhum efetivo conhecimento do que seja uma operação ferroviária e com um conjunto de ideias sem nenhuma possibilidade de sair do papel. Incomodava, também, o saudosismo existente em todos os grupos por onde passamos, por querer pura e simplesmente o retorno da RFFSA, um gigante ineficiente e incompetente que travou o desenvolvimento do setor. Indivíduos propondo coisas absolutamente sem noção e desmoralizando todo um setor, recusando-se a aceitar uma realidade.

 

A ferrovia acabou pelas ações daqueles que a administravam, e não volta pela ingenuidade de alguns que a defendem.

 

Verdades eram ignoradas, e nesse contexto fomos os primeiros a falar dos balanços e do número mastodôntico de funcionários da RFFSA. Mesmo assim, apesar de todo trabalho de conscientização e informação feito até hoje, tem quem diga que esses balanços foram maquiados (😱!). Mostramos também o que realmente foi a RFFSA e os motivos da decadência do setor ferroviário, informações que até então eram varridas para debaixo do tapete. Entretanto uma das maiores decepções foi exatamente termos conhecimento de alguns egressos da RFFSA, que se apresentavam como conhecedores do assunto, tendo um belo discurso e passando uma boa impressão, mas tendo suas ações minimizadas em relação ao que a aparência indicava. Durante vários anos nada saiu do papel pois as propostas defendidas não saíram desse discurso, além de outros motivos, primários ou secundários. Os fracassos do setor aqui no Rio de Janeiro tem muita influência dessa visão, que era defendida por parte desse grupo: a participação majoritária do governo naquilo que deveria ser apenas um empreendimento empresarial.

Fonte: Museu da Pessoa

Fomos os primeiros a mostrar os veículos que chamamos de Trens Leves a diesel como opção para o transporte regional, algo que as publicações especializadas apenas agora estão abrindo os olhos para essa vertente. Além disso fomos pioneiros no projeto do uso dos Trens Leves em funções como Trens para serviço de exames de imagem, serviços dentários itinerantes, entre outros.

 

Mesmo sem profundo conhecimento jurídico apresentamos uma série de propostas de leis para destravamento do setor

 

E curiosamente, mesmo que a AFTR não seja citada, algumas ideias e propostas apresentadas recentemente se assemelham às propostas divulgadas por nós. Aliás, muitas coisas nas nossas postagens chamaram a atenção.

[yotuwp type=”videos” id=”g2l33H25Kac” ]Testes do VLT da Marcopolo (Giordani Turismo)
Fonte: divulgação

Procuramos diversas autoridades mas foi difícil um contato, visto que sempre as autoridades não tinham interesse em nos ouvir. Talvez por conta dos Aluados e dos Especialistas que chegavam na nossa frente com propostas utópicas.

Segundo algumas mídias jornalísticas, o projeto de um Metrô Leve, em estudo pelo Governo do RJ, passaria por trilhos que já cortam a região entre a capital e Baixada. Tem chance de dar certo? Entendedores entenderão — Foto: RJ2 TV Globo

Em todos os nossos projetos sempre deixamos claro que a conta deve ser paga pelo empresariado, e por isso fomos criticados por aqueles que cresceram às custas do governo e não entendem a importância do empresário alavancando uma nação. Isso foi crucial, colaborando para o fracasso de nossas propostas e para o fracasso do setor.

 

A realidade hoje é que, infelizmente, não existem possibilidades mínimas de algo acontecer, pelo menos a nível Estadual


O que falamos não é pessimismo, é realidade. Mas continuamos torcendo e fazendo por onde para que a situação seja contornada. E precisamos esclarecer que ocorre já há algum tempo u
ma incompetência generalizada, um desconhecimento monstruoso, tanto daqueles que administram o setor quanto dos que tem cargo de influência no Estado. Justo eles, infelizmente são os mais despreparados. Gente que está lá por simples indicação política. E assim, por esse entrave, quase sempre fomos solenemente ignorados.

Getúlio Vargas visitando a estação Duque de Caxias em 1952. Fonte: Facebook Duque de Caxias que passou

Estamos no século XXI, sendo administrados por pessoas que copiam práticas de metade do século XX. A impressão que se tem é que Getúlio Vargas, nosso malvado favorito, continua influenciando a forma como o estado do Rio é administrado, tendo o legado de Vargas e também de Brizola, seu discípulo, levados as últimas consequências. Estes espíritos parecem que ainda pairam soberanos no Palácio Guanabara.

 

Isso em boa parte explica a decadência econômica do Estado do Rio de Janeiro

 

Nós tentamos, fizemos a nossa parte, e deixamos o nosso “Muito obrigado” àqueles que nos deram alguma atenção. Esse foi o nosso legado. E assim encerramos aqui, provisoriamente, nossas postagens.

Agradecimentos também a todos aqueles que de alguma forma ajudaram para que as postagens feitas até agora tivessem informações de qualidade, e principalmente aos colaboradores abaixo:

  • Rodrigo Sampaio
  • Felippe Ribeiro
  • Victor Pedretti
  • Edson Vander
  • Thales Veiga
  • Carlos Eduardo.

Antes de deixarmos as nossas despedidas, na verdade um “até logo”, indicamos abaixo um link com a relação de textos da AFTR, um cardápio variado, desde histórias envolvendo as ferrovias até curiosidade e projetos elaborados pela nossa equipe técnica.

Índice de artigos AFTR

 

A imagem que ilustra este artigo tem dois significados possíveis, devemos descrever:

1) a criança na plataforma, a admirar o colosso ferroviário: significa a nossa admiração e a pequenez que representa a nossa presença diante do universo* ferroviário que nos envolve, onde estamos sempre, todos os dias, aprendendo e repassando informações que devem ser divulgadas, é o nosso papel cultural no meio ferroviário;
2) a mão que acena de dentro do trem – um gigante – para quem está na plataforma o apreciando, um pequeno indivíduo. Significa que estamos saindo da plataforma atual, engrandecidos e fortalecidos pela aquisição de conhecimento e experiência durante esse período, mas nos preparando para o retorno em breve.

É o fim de um começo, apenas um começo. Preparados para uma nova fase?

Até breve, e mais uma vez agradecemos a atenção.

Atenciosamente,
Mozart Rosa
Eduardo (‘Dado’)

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Autor

  • Mozart Fernando

    Engenheiro Mecânico formado pela Faculdade Souza Marques em 1992, foi secretário-geral da AFTR no mandato 2017-2020 e atualmente ocupa o cargo de diretor-técnico da instituição. Iniciou sua carreira profissional em 1978 trabalhando com um engenheiro que foi estagiário da RFFSA entre 1965 e 1966. Esse Engenheiro durante esse período trabalhando no setor de cremalheiras acompanhou o desmonte da E.F. Cantagalo e conhecia diversas histórias envolvendo o desmonte da Ferrovia de Petrópolis realizado pela mesma equipe. Histórias que muitos preferem esquecer. Parte dessa convivência extremamente valiosa está transcrita nos textos publicados pela AFTR. Não se considera um “especialista” em ferrovias, outra palavra que hoje no Brasil mais desmerece do que acrescenta. Se considera um “Homem de Negócios” e entende que o setor ferroviário só terá chance de se alavancar quando os responsáveis por ele também forem homens de negócios. Diferente de rodovias, as ferrovias são negócios. E usar para ferrovias os mesmos parâmetros balizares de construção e projeto usados em rodovias redundará em fracasso. Mozart Rosa é alguém que mais que projetos, quer apresentar Planos de Negócios para o setor.

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