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Esse é um artigo pequeno, talvez o menor que publicamos até hoje, responderemos de forma resumida e bem sucinta, em poucas linhas, à pergunta que boa parte da população brasileira faz: por que as ferrovias no Brasil fracassaram? Eis as respostas:

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Por que as ferrovias no Brasil fracassaram? Respondendo de forma resumida.

 

◈ POSITIVISMO ◈

Com o advento da Proclamação da República, por Deodoro da Fonseca, induzido por personagens como Benjamin Constant, positivista de carteirinha, o qual foi o primeiro-ministro da Guerra do novo regime, começa no Brasil a intromissão do estado na economia com a manipulação pelo governo do preço dos fretes, tabelando-os, criando problemas de caixa nas empresas ferroviárias existentes. Parte de nossos problemas políticos começa ali e poucos entendem isso e estudam esse movimento.

Esse movimento, chamado também de esquerda utópica, está nos corações e mentes de nossos políticos e militares desde sempre, muitos o são sem saber, os ideais positivistas foram um desastre para o desenvolvimento do Brasil e são pouco estudados.

 

◈ GETÚLIO VARGAS ◈

Getúlio aprofunda essa intromissão do estado na economia, sufocando o empresariado. Expande com recursos do governo a economia, o que sempre em princípio passa a impressão de que a atuação governamental é imprescindível, mas que com o tempo desmorona. Na ocasião, a década de 30, as ferrovias eram, além da Igreja Católica e do Exército, a instituição mais capilar do Brasil, atuando em mais de 800 municípios, e Getúlio espertamente mantinha sob o guarda-chuva do Governo as empresas ferroviárias com problemas de caixa já devolvidas para o governo. Problemas esses causados pelo próprio governo.

 

◈ JUSCELINO KUBITSCHEK ◈

Outro positivista, sem assumir, cria a RFFSA, reunindo as diversas empresas sob administração do governo federal e cria o “monopólio”. Esse “monopólio” impediu durante toda a existência da RFFSA a entrada do empresariado no setor, fazendo a população crer que tudo dependia do estado. Durante a sua existência, a RFFSA foi a empresa com mais funcionários, maior prejuízo e maior patrimônio do Brasil. Isso auditado pelos próprios balanços da RFFSA.

Diversos trechos ferroviários e serviços, especialmente os trens de passageiros, foram extintos simplesmente porque os monumentais prejuízos da RFFSA impediam que ela investisse em reformas, compra de novos equipamentos e manutenção das vias permanentes.

Essa situação criada dentro da RFFSA gerou, entre outras coisas, a Guerra das Bitolas. Quem já ouviu falar sobre isso? Só nós aqui da AFTR falamos do assunto.

Simples assim, respondida à pergunta? Um pequeno texto que resume a situação que aconteceu. Para mais detalhes, existem diversos textos da AFTR que exploram tais assuntos aqui mencionados minuciosamente, sem nenhuma teoria da conspiração ou nada mirabolante, essa foi a realidade. Mas vamos combinar, criar teorias fantasiosas para divulgar em trabalhos de faculdade ou no almoço da família fica bem mais interessante.

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Já mencionamos aqui que, em nenhum trabalho acadêmico abordando nosso sistema ferroviário incipiente, são citados os balanços da RFFSA? Isso explica muito a quantidade de bobagens faladas e escritas em diversos veículos de comunicação.

E mensagem dedicada aos teóricos da conspiração: não, esses balanços não foram fraudados.

Aos interessados, recomendamos a leitura do livreto “O que é Positivismo” de João Ribeiro Junior da Editora Brasiliense. Ou as obras de Augusto Comte.

Fonte consultada: Introdução à História Ferroviária do Brasil de Ademar Benévolo.

Agradecimento especial: ao Sr. Stephen Kanitz que, durante a década de 80, foi editor chefe do anuário da Revista Exame chamado “As 500 maiores e melhores empresas do Brasil” onde, ano após ano, mostrava detalhadamente o balanço de diversas empresas incluindo o da RFFSA, onde ela se sobressaia por sempre ser a campeão nacional do prejuízo, do número de empregados e do patrimônio. E que, como sempre, só nos dá AFTR citamos.

Encerraremos com uma piada:

“Esposa(o) é aquela pessoa amiga e companheira, que está sempre ali, ao seu lado, para resolver os grandes problemas que você não teria se fosse solteiro(a).”’

Substituam a palavra esposa por governo e o leitor entenderá.

Ou, como já disse Noam Chomsky, “criar problemas, para depois oferecer soluções”.

Reflitam…

Obrigado aos que chegaram aqui.

 

Texto escrito em 26 de maio de 2024 às 18h52
Última atualização em 13 de julho de 2024 às 20h51
Imagem de capa: gerada por IA (Bing)

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Autor

  • Mozart Fernando

    Engenheiro Mecânico formado pela Faculdade Souza Marques em 1992, foi secretário-geral da AFTR no mandato 2017-2020 e atualmente ocupa o cargo de diretor-técnico da instituição. Iniciou sua carreira profissional em 1978 trabalhando com um engenheiro que foi estagiário da RFFSA entre 1965 e 1966. Esse Engenheiro durante esse período trabalhando no setor de cremalheiras acompanhou o desmonte da E.F. Cantagalo e conhecia diversas histórias envolvendo o desmonte da Ferrovia de Petrópolis realizado pela mesma equipe. Histórias que muitos preferem esquecer. Parte dessa convivência extremamente valiosa está transcrita nos textos publicados pela AFTR. Não se considera um “especialista” em ferrovias, outra palavra que hoje no Brasil mais desmerece do que acrescenta. Se considera um “Homem de Negócios” e entende que o setor ferroviário só terá chance de se alavancar quando os responsáveis por ele também forem homens de negócios. Diferente de rodovias, as ferrovias são negócios. E usar para ferrovias os mesmos parâmetros balizares de construção e projeto usados em rodovias redundará em fracasso. Mozart Rosa é alguém que mais que projetos, quer apresentar Planos de Negócios para o setor.

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