Por Mozart Rosa
Por Rodrigo Sampaio
Sejam muito bem vindos(as) a mais um artigo exclusivo da AFTR. Recomendamos a leitura completa, mas caso prefira, leia por partes ou escolha um tópico de leitura no índice abaixo:
- Introdução
- O que são os Trens Pendulares?
- Fabricantes
- Diferencial da proposta AFTR
- Modelos de Trens Pendulares à diesel
- Aplicações dos Trens Pendulares
- Uso dos Trens Pendulares no Brasil
Desejamos a todos uma boa leitura! 🙂
INTRODUÇÃO
Todos os artigos produzidos pela AFTR visam apresentar novas ideias, fornecer informações, desconstruir mitos, e expor soluções adequadas à realidade geográfica e econômica do Brasil. Sem simplesmente querer importar soluções que funcionam bem em outros países e que, em alguns casos quando transpostas à realidade brasileira, mostram-se um enorme fracasso.
Soluções que atendam ao famoso mantra da AFTR:
· • Soluções Tecnicamente Perfeitas e Economicamente Viáveis • ·
Hoje falaremos dos Trens Pendulares. O que são, onde são utilizados, como e os motivos que podem leva-los a serem adotados no Brasil, em específico no Rio de Janeiro e na Região Sudeste do país.
O QUE SÃO OS TRENS PENDULARES?

Os Trens Pendulares surgiram no Japão e são posteriores ao desenvolvimento dos Trens de Alta Velocidade (TAVs) na Europa, e mesmo no próprio Japão. Trata-se de um trem com um mecanismo interno que funciona como um pêndulo, daí seu nome. Esse mecanismo permite ao trem “balançar” ou oscilar de um lado para o outro nas curvas compensando assim seu movimento em velocidades mais elevadas. Desse modo eles não precisam de linhas mais retilíneas como as necessárias para o TAV, podendo alcançar velocidades de até 250 km/h, o que para o Brasil seria ótimo.

Foto: Jcornelius
OBS: A partir de agora, no decorrer da postagem, usaremos a terminologia Trem-Bala para designar o TAV – Trem de Alta Velocidade.
Continuando, o objetivo de seu desenvolvimento foi usar linhas antigas onde o custo de reforma e retificação, para adaptá-las ao uso de Trem Bala, seria economicamente inviável. O Trem-Bala hoje pode alcançar velocidades superiores a 350 km/h, mas necessita de traçados retilíneos, tratamento especial de solo, além de outras características.

Isso no Brasil, especialmente na região sudeste se torna inviável, é algo incompatível com a realidade econômica e geográfica do Brasil. Em locais como Minas Gerais, pela sua enorme quantidade de morros e serras, seria preciso a construção de uma descomunal quantidade de tuneis. Muito mais até do que os construídos para a Ferrovia do Aço, que por sinal foi um desastre econômico, até hoje não concluída e cujo custo exorbitante ajudou a levar o Brasil a recorrer ao FMI, durante o Governo do presidente Figueiredo.

Fonte: Estado de Minas
Essa característica da compensação nas curvas, permitindo usar linhas ferroviárias existentes, torna o Trem Pendular um recurso valioso a ser usado em alguma fase de implantação dos Trens Regionais Brasileiros. Mas devemos lembrar, é claro, que sua velocidade máxima será diretamente proporcional ao estado de conservação e manutenção da linha por onde ele circulará.

Mesmo assim a sua implantação é muito menos cara do que o Trem Bala, sendo o sistema adequado a estados com as condições geográficas do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, sendo inclusive um veículo adequado para uma futura ligação Ferroviária Rio x São Paulo e para operar na Ferrovia do Sol, outra proposta da AFTR já apresentada, confiram.
Sempre esclarecendo que se trata de uma alternativa economicamente mais viável que o Trem Bala, sendo um produto adequado às condições geográficas da Região Sudeste do Brasil, podendo ainda ser implementado de forma paulatina, a partir de linhas de trens regionais construídas no Rio de Janeiro e São Paulo, e podendo em um futuro chegar à Brasília e ao Sul do Brasil. O Trem Pendular, por “balançar” nas curvas, seria perfeito para trafegar no Estado de Minas Gerais, com sua imensa quantidade de morros e ferrovias que os contornam.
FABRICANTES DOS TRENS PENDULARES
Atualmente as maiores fabricas do mundo do Trem Pendular são a Alston, a Siemens e a CAF, todas empresas com fabricas no Brasil. Cada uma usa um nome comercial para o mesmo tipo de produto: a Alston, por exemplo, usa o nome Pendolino, que significa “pequeno pêndulo” em italiano.
A tecnologia usada atualmente foi desenvolvida pela Fiat Ferroviária, há mais de 40 anos, e absorvida pela Alston quando comprou essa divisão da Fiat. Atualmente, existem aproximadamente 400 trens Pendolino operando em 11 países da Europa: Itália, Portugal, Eslovênia, Finlândia, Rússia, República Tcheca, Reino Unido, Suíça, China, Alemanha e Romênia.
E ONDE ENTRA O DIFERENCIAL DA PROPOSTA AFTR
Simples: tradicionalmente, na Europa, os Trens Pendulares são movidos a energia elétrica. Entretanto no Brasil propomos que as primeiras linhas operando Trens Pendulares utilizem veículos a diesel. Isso diminuirá os custos de implantação desse serviço, sendo desnecessária a construção de rede aérea, compra de transformadores e a construção de subestações, sendo necessário apenas a compra dos veículos, pelas novas concessionarias que vierem a operar tais serviços.

Fonte: Blog Portal Ferroviário
Em um país onde o respeito ao patrimônio privado está virando utopia, construir redes elétricas para uso ferroviário passando por locais ermos é uma temeridade. Se a Supervia, operando na região metropolitana do Rio de Janeiro, frequentemente tem cabos de energia roubados, paralisando a sua operação, o que se dirá de linhas para transporte regional passando por locais ermos sem uma única casa?

MODELOS DE TRENS PENDULARES A DIESEL
Os Trens Pendulares à diesel não são novidade, já existem veículos como esse operando pelo mundo:
Dos modelos mostrados acima podemos destacar algumas informações:
- O ICE TD que é fabricado pela Siemens;
- O Modelo Tilting Train opera na Queensland Rail, na Austrália, circulando em linhas de bitola quase métrica (1067mm), e com velocidade limitada hoje a 100km/k (mas já operou a 160 km/h);
- O British Rail Class 221, que opera na Escócia, e cuja página na Wikipedia disponibilizamos para consulta.
- O KiHa 261 Series, operando em Hokkaido no Japão
- O KiHa 283 Series, também operando em Hokkaido no Japão.
Como veem mais uma vez a AFTR não inventa nada, apenas apresenta ideias disponíveis, do presente ou do passado, mas que são ignoradas pela maioria.
O Trem Pendular movido a diesel atende a realidade Brasileira, e nada tem a ver com a proposta de dois nossos ex-presidentes que propunham um Trem Bala ligando o Rio a São Paulo, cujo orçamento inicial começou em 1,5 bilhões mas chegou a 25 bilhões antes da ideia ser, enfim, descartada.

Na ocasião, inclusive, propuseram um túnel passando por baixo da Serra das Araras, que seria maior que o túnel de Gotthard na suíça. Esse túnel suíço, com 57 km de extensão, começou a ser escavado em 1996 e foi aberto ao tráfego apenas em 2017, ou seja, foram 21 anos de obras e custou, segundo algumas publicações apenas o túnel, a bagatela de US$ 12,276 bilhões (lembrem-se, são bilhões de dólares).

Lembrando que o túnel Brazuca seria ainda maior. Imaginemos o custo de algo semelhante no Brasil, com todas as (com o perdão e inconveniência da palavra, pois é pior do que isso) trapalhadas envolvendo obras, empreiteiras, corrupção etc.
Queremos tentar mostrar a partir de critérios técnicos, financeiros e geográficos, a impossibilidade de que um dia se possa ter no Brasil de forma corriqueira o Trem Bala. Quem propõe isso não entende de ferrovia, ou não entende de Brasil. Ou as duas coisas. Seria algo utópico e a um custo astronômico!
· • Nossa proposta é radicalmente diferente. Pelo aspecto técnico, empresarial e legislativo • ·
Quem acompanha as postagens da AFTR, já sabe disso.
- Mínima participação do Governo.
- Mudanças na legislação.
- Todo apoio ao empresariado.

APLICAÇÕES DOS TRENS PENDULARES
Uma das aplicações viáveis para o uso desses trens é a Ferrovia do Sol: uma proposta da AFTR, que visa restaurar a antiga Estrada de Ferro Maricá. Outra aplicação é na ligação Rio x São Paulo, pelo traçado alternativo, proposto pela AFTR, que será mais detalhado em breve.
· • Mas isso no futuro, substituindo os Trens Leves propostos para o início de operação dessas ferrovias • ·
No traçado alternativo proposto pela AFTR para a ligação Rio x São Paulo, o Trem Pendular a Diesel possibilita fazer a ligação Rio x São Paulo em 3,5 horas na versão expressa e em 4 horas parando nas principais cidades do Vale do Paraíba. (números passiveis de confirmação).
Deixando claro a nossos leitores que não estamos inventando nada. Não estamos tirando da cartola uma solução mágica, mas apenas apresentando um produto já usado de forma corriqueira em outros países.
A bibliografia apresentada mostra que essa opção já foi ou está sendo utilizada com sucesso em ferrovias na Escócia na Austrália, no Japão, e em um dos casos foi posteriormente substituída provavelmente pelo aumento da demanda, por veículos elétricos.
O USO DO TREM PENDULAR NO BRASIL
A intenção da AFTR com essa postagem é mostrar que existe uma solução a ser usada em um futuro, em alguns trajetos de trens regionais que venham a ser implantados, mas não em todos. Em um país em que nem linhas de transporte ferroviário regional de passageiros tem, pensar no uso dos pendulares a curto prazo é pura utopia.
Vídeo sobre o assunto do canal Decapod
Uma última informação importante: Trens Pendulares a diesel podem alcançar velocidades de 160 km/h, sendo usual nos exemplos apresentados, uma velocidade de cruzeiro de 100 km/h. Trens Pendulares elétricos podem alcançar velocidades de 250 km/h.

Fonte: Próxima Trip
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Agradecemos a leitura. Até a próxima !
A opinião constante deste artigo é de inteira responsabilidade do autor, não sendo, necessariamente ou totalmente, a posição e opinião da Associação
Bibliografia:
https://en.m.wikipedia.org/wiki/British_Rail_Class_221
https://en.m.wikipedia.org/wiki/KiHa_283_series
https://en.m.wikipedia.org/wiki/KiHa_261_series