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Autor:
Mozart Rosa

Tempo de leitura: 18 minutos

Nosso foco até agora foram os Trens Turísticos, mas hoje nesta última parte da série sobre o assunto, extrapolaremos e forneceremos informações sobre turismo em geral, um importantíssimo setor da economia e que a maioria dos que propõe operações de Trens Turísticos desconhecem praticamente por completo.

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Como sempre e atualmente disponibilizaremos abaixo um índice para que você, nosso estimado leitor, possa navegar e ler o artigo com calma e por etapas. Ou então, caso prefira, leia o texto por completo. Desde já agradecemos e desejamos uma excelente leitura!

  1. Aspectos econômicos e sociais do Turismo Brasileiro
  2. A desvalorização da história e cultura
  3. Os “equívocos” turísticos
  4. Dicas básicas para interessados em Trens Turísticos
  5. Propostas AFTR

 


ASPECTOS ECONÔMICOS E SOCIAIS DO TURISMO BRASILEIRO

Embora com uma população superior a 200 milhões de habitantes, em síntese o Brasil é um pais onde a população em “boa” parte é de carentes, que moram em bairros sem recursos, sobrevivem com dificuldade com o pouco que ganham, depois que se aposentam ainda precisam trabalhar, e eventualmente ainda ajudam com a escassa aposentadoria os filhos e netos. Isso ganhando pouco de aposentadoria, um valor quase sempre ridículo, pois precisou a vida toda sustentar uma rotina de corrupção de uma elite, além da faixa de pessoas composta por políticos e outros funcionários de setores públicos, onde o valor que esses indivíduos recebem faz muita falta para o brasileiro médio quando se aposenta (basta ver as regalias que determinados ocupantes de cargos públicos recebem).

 

· • Esse aspecto é perverso quando se procura parlamentares e gestores públicos para falar sobre retorno das ferrovias e sobre projetos de turismo ferroviários consistentes • ·

 

Algumas pessoas, acostumadas por conta de sua pujança financeira via pensão ou salário pagos por órgãos públicos, ao fazer turismo em outros países não percebe os potenciais existentes aqui, em seu próprio país. Um país que a cada governo tem sua classe média achatada, e que quando ascende financeira e socialmente por meio de aprovação em um concurso público, ou por conseguir emprego em uma grande empresa, recebendo um salário que na maioria das vezes é bem maior que os das pessoas à sua volta, entra em um estado de deslumbre aonde a maioria geralmente vai para a Disney.

 

· • Alguns vão dizer que não é bem assim, mas basta pesquisar • ·

 

Portanto a parcela da população que faz turismo interno é bem menor que que poderia ser. O percentual de Brasileiros que fazem turismo interno, como normalmente feito por Europeus e Americanos, é muito pequeno. No caso do Carioca em geral ele faz turismo indo final de semana ou feriado prolongado para a Região dos Lagos.

E além dessa região, o Carioca, normalmente procura ir para lugares próximos como por exemplo a Pedra do Telégrafo, Pedra da Tartaruga, Praias, atrativos perto dos Centros, que tem baixo custo de deslocamento. Ir para locais mais distantes é algo eventual, fica caro.

Uma das praias selvagens da região de Barra de Guaratiba
Foto: Acervo Julio Cesar Silva

Combustível, pedágio, hospedagem… na realidade esses itens não são caros. O problema é que o Brasileiro ganha pouco e está sempre tendo o seu salário achatado pelo governo, vide a tabela de imposto de renda que não é reajustada desde 2015, e não se fala praticamente nada sobre isso. Na prática, os governos do século XXI fizeram muito pouco nestes e em outros aspectos, inclusive ferroviários.

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Trem de Alta Velocidade (TAV): exemplo de mais uma proposta que ficou apenas no papel, apesar de consumir uma quantia vultuosa de verba para a elaboração do projeto
Fonte: Diário do Transporte Coletivo

Um operário Americano ou Europeu que se aposenta chama a esposa e vai viajar pelos Estados Unidos, uma pequena parcela viaja pelo mundo, e a maioria dos que vem para o Brasil se limita a cidades próximas aos aeroportos e aos grandes Centros. E, como sabemos e lamentamos, não existe um serviço ferroviário eficiente ligando as capitais a pequenas cidades com atrativos turísticos, e viajar de ônibus para esse público não é algo habitual, a menos que sejam ônibus fretados. Por outro lado alugar carros no Brasil para fazer turismo também não é usual para essas pessoas, e não pelo preço e nem pela qualidade das estradas, pois estas até melhoraram. Na realidade o turista estrangeiro não costuma viajar com carro alugado devido à dificuldade do nosso idioma, não se sentindo seguro em andar de carro em países que não conhece, principalmente no Brasil.

Vagão de observação de um trem de longa distância viajando ao longo da bela costa da Califórnia – USA (Legenda original)
Fonte: Nigel Killeen/Getty Images | Site Travel + Leisure

O operário Brasileiro, em particular o Carioca, não consegue fazer esse tipo de atividade. É comum “fazer turismo” indo para a casa de amigos ou dele, na Região dos Lagos, para fazer um churrasco. Essa situação se reflete pelo Brasil, em todas as regiões, exceto em Minas Gerais, pois o Mineiro quando vai fazer turismo vai para a praia em Guarapari-ES. Brincadeirinha, amamos os Mineiros. 😉

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A DESVALORIZAÇÃO DA HISTÓRIA E CULTURA

O Brasileiro que faz turismo pelo Brasil geralmente é o funcionário das grandes empresas com posição gerencial, aquele funcionário público ou o funcionário de empresa estatal que geralmente não tem tanto poder aquisitivo assim, pois os com salário elevado em geral vão para fora do país, geralmente para a Disney ou Nova York. E para piorar, mas de modo geral, o Brasileiro não cultua e nem reverencia o seu passado, bem diferente de Europeus, em maior escala, e Americanos. Infelizmente temos que admitir, é uma realidade, e podemos dar alguns exemplos:

1) PARATI-RJ

Fonte: Pixabay

Parati quase foi demolida, teve seu valor histórico reconhecido graças a alguns membros da Família Real com propriedades na região e a um cidadão húngaro que lá chegou no período do pós-guerra. Impressionado com o que encontrou, lutou para preservá-la.

 

2) CARRANCAS-MG

Carrancas, cidade do interior de Minas Gerais, que hoje promove suas cachoeiras, e que teve sua fundação provavelmente na mesma época que Parati, hoje não tem uma única residência do período colonial. Foi tudo demolido e reconstruido a partir de uma arquitetura sem identidade, os construtores queriam algo “moderno”, e nesse caso só sobreviveu a Igreja, uma jóia do barroco. Se tivessem tido lá alguém como esse húngaro de Parati, Carrancas hoje seria um grande polo turístico e cultural.

 

3) TIRADENTES-MG

Fonte: Pixabay

Tiradentes foi preservada graças a Sra. Maria do Carmo de Mello Franco Nabuco. Irmã de Afonso Arinos, socialite proeminente da sociedade Carioca nas décadas de 1950 e 1960 que, vendo aquele patrimônio histórico se degradar, conseguiu que a cidade fosse tombada pelo IPHAN, a contragosto da maioria dos moradores que queriam colocar tudo abaixo para “modernizar” a cidade.

 

4) MESQUITA-RJ

Baixada Fluminense vista a partir da Serra de Madureira, tendo à direita a cidade de Mesquita
Fonte: Acervo Julio Cesar Silva

Mesquita, na Baixada Fluminense, tem logradouros e Centros Culturais com o nome de Mr. Watkins… mas, você, nosso estimado leitor, sabem quem foi ele? Não? Nem você, e nem a esmagadora maioria dos moradores de Mesquita. Wolf White Watkins, ou Mr. Watkins simplesmente, era pai de Lily Watkins ou Lily Safra, uma das mulheres mais ricas do mundo, que certamente em algum momento da vida na sua infância pisou em Mesquita. Mr. Watkins foi dono de uma indústria de material ferroviário que ficava onde hoje é a prefeitura. Que indústria era essa? O que ela produzia exatamente? Quase ninguém sabe, mas a AFTR sabe: era a SONAREC – Sociedade Nacional Reconstrutora, que entre outras coisas fabricava vagões frigoríficos.

Um simples totem construído na praça principal da cidade, com a história de Mr. Watkins, mostrando os produtos que produzia e a história de sua empresa, atrairia interessados do setor ferroviário, formas simples de atrair turistas, interessados no tema, para as cidades. No caso de Mesquita esse investimento mínimo levaria pessoas para conhecer a história de Mr. Watkins, que movimentariam os restaurantes e barraquinhas de lanches no entorno da praça principal, além de eventualmente alguém produzindo réplicas dos produtos fabricados pela SONAREC, e os vendendo para interessados. Daria um movimento, mesmo que mínimo mas maior do existente atualmente, para a cidade. Mas infelizmente e lamentavelmente os dirigentes políticos atuais não tem essa visão. E não apenas em Mesquita, mas podemos citar TODAS AS CIDADES DA BAIXADA FLUMINENSE pois estas possuem uma história riquíssima, hoje praticamente e totalmente devastada por essa visão equivocada, inútil, e interesseira dos atuais, e anteriores, dirigentes.

Fazenda São Bernardino, uma das muitas fazendas antigas da Baixada Fluminense, igualmente em ruínas, sendo prometida de reforma há décadas, normalmente em período eleitoral.
Foto: Eduardo (‘Dado’) em 2013

Nossa população e nossos políticos vivem em um “Esnobismo Cronológico”, aquela crença ingênua de que tudo o que é novo, só por ser novo, é melhor. Frase sabiamente cunhada por C.S. Lewis. E sempre piora, hoje temos nossa história sendo reescrita por questões ideológicas.

Estação Guia de Pacobaíba, da EF Mauá, a primeira ferrovia do país (1854).
Foto: Rodrigo Sampaio, a pedido da AFTR, em 2017.

OS “EQUÍVOCOS” TURÍSTICOS

Por outro lado, a divulgação turística do Brasil para atrair turistas no exterior foi desastrosa na década de 1980 por conta da propaganda feita no exterior pela Embratur, quando seu presidente era o atual governador de São Paulo João Agripino Doria Junior. A visão atual que o Europeu e, principalmente, homens do Oriente Médio, tem das mulheres Brasileiras, de serem promíscuas e outros adjetivos infelizes, foi muito influenciada por essa propaganda divulgada à época massivamente em vários países.

Abaixo um link com trechos dessa propaganda da Embratur:

[yotuwp type=”videos” id=”7KZZCdcQ1vM” ]

Essa situação de turismo sexual de estrangeiros no Brasil, segundo alguns, teria começado, ou se reforçado, a partir dessa época.

E quem tiver estômago e quiser conhecer em profundidade o estrago feito à imagem de nosso país por essa propaganda da Embratur, formando a atual visão que o Europeu e povos do Oriente Médio tem do Brasil e de nossas esposas e filhas, recomendamos a página do Youtube “Sobrevivendo na Turquia”. Mas atenção: não recomendamos às pessoas de coração fraco!

CLIQUE AQUI

Abaixo texto de Stephen Kanitz, pesquisador de vários setores, escrevendo sobre turismo. Ajuda a esclarecer alguns pontos:

https://blog.kanitz.com.br/politica-de-turismo/

Para fazer do turismo interno algo que até hoje ele não é, ajudá-lo a deslanchar nas pequenas cidades, fortalecê-lo, muita coisa precisa ser feita no campo econômico e organizacional, mas também precisamos das ferrovias. Entretanto, como dito anteriormente várias vezes, não dá pra fazer isso da forma que muitos entusiastas propõe, e nesse caso as nossas propostas têm o pé no chão.

Propostas como por exemplo a do Trem de Miguel Pereira, ou do Trem Rio-Minas, aparentemente e infelizmente, estariam fadadas ao fracasso, pois além da modelagem equivocada em alguns pontos, partem da premissa de que as pessoas vão se deslocar dos Centros urbanos para utilizarem tais atrativos, e isso não acontecerá, pelo menos não na quantidade que os idealizadores desses projetos acreditam. Sabemos que muitos artifícios podem ser utilizados para deslocar o turista em grupos para conhecer essas atrações, e isso acontece em diversas regiões como Angra dos Reis, Cabo Frio, Armação dos Búzios, Conservatória etc, mas inicialmente isso se torna difícil de acontecer com outros locais ditos como turísticos através da inicial implantação de uma ferrovia com esse fim, como acontece com diversos projetos defendidos com unhas e dentes pelos seus idealizadores.

Locomotiva em Conservatória, localidade que atrai um considerável quantitativo de turistas e explora muito bem seus atrativos ferroviários e históricos, mesmo não tendo ferrovia ativa.
Foto: Eduardo (‘Dado’) em 2020

Como um complemento, ainda citando a cidade de Miguel Pereira onde torcemos – mais uma vez falamos – que um projeto consistente seja implantado e executado em conjunto com outras possibilidades de atrativos turísticos, lembramos que, na mesma época das fotos mais acima, onde foram registradas obras para alargamento da bitola ferroviária, a equipe da AFTR realizou outro flagrante em 2015: o corte e subtração de trilhos e peças de linha ferroviária no trecho abaixo de Vera Cruz, onde está localizado o Viaduto/Ponte Paulo de Frontin, citado há pouco como outro atrativo da cidade.

Ficamos imaginando como o município poderá expandir seus atrativos turísticos dessa forma? Como dito no artigo anterior, “algo de errado não está certo”. Mas isso é outra história, que pode ser conferida parcialmente em um artigo da AFTR, no link abaixo:

Paranoia ? Coincidência ? Exagero ? Ou realidade ?


DICAS BÁSICAS PARA INTERESSADOS EM TRENS TURÍSTICOS

Uma cidade para ser considerada turística e atrair turistas precisa normalmente ter atrativos:

  • Históricos;
  • Geográficos;
  • Gastronômicos;
  • Contemporâneos.

Explicando melhor e usando a cidade de Petrópolis como exemplo:

  • Histórico: Diversos prédios históricos existentes na cidade incluindo o Museu Imperial.
  • Geográficos: Uma paisagem exuberante, com diversos locais possíveis de se fazer trilhas, ponto de partida e chegada de uma das mais conhecidas trilhas do Brasil: a travessia Petrópolis x Teresópolis.
  • Gastronômicos: O circuito gastronômico de Itaipava é conhecido em todo o Brasil, realizando eventualmente festivais.
  • Contemporâneos: O Castelo de Itaipava, o Hotel Quitandinha, o Vale do Amor, são alguns dos atrativos contemporâneos de Petrópolis.

Petrópolis tem esses quatro tipos de atrativos, coisas que Europeus e Brasileiros que podem e gostam de desembolsar, vão em busca. Mas dificilmente as pessoas vão se deslocar 130 kms para Três Rios, ou 117 Kms para Miguel Pereira para andar de trem, por exemplo. Três Rios não tem vocação originalmente turística, e Miguel Pereira tem até o momento um setor turístico pequeno, sendo uma cidade muito frequentada por veranistas e aposentados, com Colônias de Férias de algumas instituições.

Vale do Rio Santana, em Miguel Pereira. Vista da janela do trem, mas … só falta neste caso, o próprio trem, a linha ferroviária, tudo!
Foto: Eduardo (‘Dado’) em 2013

O grande atrativo de Miguel Pereira é o Lago Javary, mas para andar de pedalinho é mais fácil, rápido e barato para o Carioca ir à Lagoa Rodrigo de Freitas. Outro atrativo exponencial, citado algumas vezes neste texto, é o Viaduto/Ponte Paulo de Frontin, uma mundialmente rara estrutura ferroviária em curva, construída na Bélgica e utilizada por décadas na Estrada de Ferro Melhoramentos. Infelizmente hoje encontra-se abandonada e sem uso, exceto para praticantes de rapel e fotógrafos de aventura e natureza. O Vale do Rio Santana, vencido por essa obra de arte da engenharia, possui uma beleza ímpar e tem a possibilidade de ser uma atração mundial … caso o trem ainda passasse pelo trecho, pois hoje nem trilhos da linha ferroviária existem mais, removidos durante anos, culminando com o flagrante feito pela AFTR em 2015. Neste caso a ferrovia poderia alavancar outros investimentos e possibilidades, mas não tendo isso a situação fica muito difícil, o trecho ferroviário existente, atual e proposto para a implantação do Trem Turístico, não tem exatamente um atrativo ou mesmo um apelo … turístico!

[yotuwp type=”videos” id=”-OZuuGPC8w8″ ] Quem quiser passear no trecho dito como turístico de Miguel Pereira,
pode embarcar com a AFTR e a AFPF neste vídeo para conhecê-lo e tirar suas próprias conclusões.
Vídeo gravado em 2013 a bordo do Auto de Linha da AFPF, a instituição coirmã da AFTR que, com muita determinação,
foi a responsável pela preservação do trecho ainda com trilhos e trafegável até o momento na cidade.
Gravação: Eduardo (‘Dado’)

Basta pesquisar e verificar que cidades que exploram o turismo tem esses outros tipos de atrativos. Um exemplo é Campos do Jordão que tem uma arquitetura belíssima e tirando o Histórico, tem em profusão três dos atrativos necessários para atrair turistas.

Estrada de Ferro Campos do Jordão.
Fonte: Majtec (2007), via Wikimedia

E assim são as propostas de Trens Turísticos feitas em nosso estado para aproveitamento de linhas abandonadas: a grande maioria das propostas, apesar das belas paisagens ao seu redor, não são viáveis por serem distantes dos grandes Centros e não terem os atrativos necessários para despertar interesse turístico, sendo o trem o único atrativo do local. E a população local dessas localidades, por não ser grande o suficiente, para aproveitando o serviço pagar o investimento na construção e operação de tais atrativos, torna também tudo mais difícil.

É muito provável que pelo menos 99% das pessoas que defendem o uso de trechos ferroviários abandonados para uso turístico nunca tenha na vida operado um negócio, quiçá um negócio turístico.

Novamente essa frase acima? Quem nos conhece já viu essa frase antes … nos desculpem, mas ela é necessária.
Ah, a citação utilizando o conhecido bordão (para quem assistiu na década de 1990) e o personagem “Baby” da Família DINOSSAUROS, foi apenas incidental, nada a ver com um empreendimento em uma cidade citada aqui … bom, deixa pra lá.

Quem vai operar, quem vai pagar, quanto vai custar? Como vai funcionar? Perguntas que os entusiastas deveriam responder, mas infelizmente não sabem as respostas.


PROPOSTAS DA AFTR

A existência de linhas ferroviárias saindo das capitais para destinos do interior seria algo “amigável” para turistas estrangeiros, algo mais próximo de seu cotidiano, algo familiar a eles. O turista sairia da capital, entraria em um trem e chegaria ao seu destino, dinamizando a economia local. Alguns podem falar que com o ônibus seria o mesmo, mas existe um aspecto psicológico pouco comentado que é a segurança que o trem transmite, um ponto inicial e final sem paradas, diferente do ônibus.

Psicólogos por favor: se puderem, expliquem isso melhor.

Nós sabemos que é melhor e somos suspeitos em falar, mas ao ver essa foto, não parece mais razoável se fosse um trem ao invés de uma fila de ônibus de turismo?
Fonte: UOL Economia

Na prática o que funciona e é mais cômodo: ônibus fretado para turista, embarcando o mesmo na porta do hotel.

 

· • A ligação com o trem está no inconsciente coletivo da maioria das pessoas da maioria dos países • ·

 

Cidades como Petrópolis, Miguel Pereira, e outras por onde passarão os trens projetados pela AFTR, ou mesmo cidades da Região dos Lagos, foco de outro projeto da AFTR com o trem saindo da Estação Leopoldina, seriam beneficiadas com turistas vindo de outros estados e até de outros países. A presença de turistas estrangeiros nessas regiões é escassa, e o trem pode mudar isso.

Vídeo da proposta da Ferrovia do Sol servindo a Região dos Lagos:

[yotuwp type=”videos” id=”7OsSyzMcj-c” ]

Como exemplo também podemos citar a Ferrovia Centro-Sul Fluminense. Esta não foi pensada por nós como ferrovia turística, mas por passar por lugares com paisagens belíssimas, pode perfeitamente ter composições regulares operadas pelo próprio concessionário ou por empresários do ônibus em sistema de subconcessão, como exemplo partidas de quinta a domingo para cidades como Miguel Pereira, Valença e Vassouras. Isso vai fomentar o turismo na região e ajudar a levar para essas cidades o desenvolvimento econômico que elas tanto precisam.

Esquema mostrando o percurso do projeto da Ferrovia Centro-Sul Fluminense.
Arte: Eduardo (‘Dado’)

As coisas não são tão simples assim, e não basta ter o trem, evidentemente, pois várias ações precisam ser realizadas. Mas é preciso dar o pontapé inicial, começando de alguma forma, e de preferência ao menos próxima de ser tecnicamente perfeita e economicamente viável.

 

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Agradecemos a leitura, até a próxima!

A opinião constante neste artigo é de inteira responsabilidade do autor, não sendo, necessariamente ou totalmente, a posição e opinião da instituição.

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Autor

  • Mozart Fernando

    Engenheiro Mecânico formado pela Faculdade Souza Marques em 1992, foi secretário-geral da AFTR no mandato 2017-2020 e atualmente ocupa o cargo de diretor-técnico da instituição. Iniciou sua carreira profissional em 1978 trabalhando com um engenheiro que foi estagiário da RFFSA entre 1965 e 1966. Esse Engenheiro durante esse período trabalhando no setor de cremalheiras acompanhou o desmonte da E.F. Cantagalo e conhecia diversas histórias envolvendo o desmonte da Ferrovia de Petrópolis realizado pela mesma equipe. Histórias que muitos preferem esquecer. Parte dessa convivência extremamente valiosa está transcrita nos textos publicados pela AFTR. Não se considera um “especialista” em ferrovias, outra palavra que hoje no Brasil mais desmerece do que acrescenta. Se considera um “Homem de Negócios” e entende que o setor ferroviário só terá chance de se alavancar quando os responsáveis por ele também forem homens de negócios. Diferente de rodovias, as ferrovias são negócios. E usar para ferrovias os mesmos parâmetros balizares de construção e projeto usados em rodovias redundará em fracasso. Mozart Rosa é alguém que mais que projetos, quer apresentar Planos de Negócios para o setor.

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