Tempo de leitura: 9 minutos

Por Mozart Rosa

 

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A AFTR é sinônimo de criatividade e inovação. Observando a realidade do setor ferroviário, percebeu enormes lacunas até hoje não preenchidas: a ausência no Brasil de veículos ferroviários de serviços para a população. A partir daí pensamos e desenvolvemos projetos e propostas de tais veículos. Na realidade, como sempre, não inventamos nada: pegamos ideias antigas e as atualizamos para as tecnologias disponíveis no século XXI.

Fonte: Arquivo Público Mineiro

Veículos prestando serviços médicos já existiram no Brasil, foram muito usados na revolução de 1932, por exemplo. E veículos ferroviários para uso do Corpo de Bombeiros eram usados em Porto Alegre.

Carro de combate a incêndio da superintendência de Porto Alegre
Fonte: Acervo Benício Guimarães (AENFER/AFTR/Trem de Dados)

Tendo como base os VLTs a diesel fabricados pela Bom Sinal ou pela Marcopolo, a AFTR desenvolveu diversos tipos de veículos a serem usados para prestação de serviços diversos. Esse é o assunto do artigo de hoje. Como de costume, caso queira, acesse o índice abaixo para navegar pelo conteúdo. Se não, acompanhe por completo mais este nosso artigo exclusivo.

Desejamos a todos uma excelente leitura!  

ÍNDICE

  1. Transporte de lixo
  2. Transporte de carga geral
  3. Serviço de imagem
  4. Castração animal
  5. Odontologia
  6. Justiça itinerante
  7. Segurança pública
  8. Bancos móveis
  9. Ações promocionais

 


TRANSPORTE DE LIXO

A partir de composições de 4 a 6 vagões, com um único motor de 440 HP, a AFTR propõe composições para transporte de lixo, com a carga do material pela parte superior dos vagões e a descarga pela lateral.

A Comlurb atualmente tem uma frota de carretas com capacidade de 25 m3 cada, com o mesmo processo de carga e descarga. E cada composição prevista pela AFTR pode transportar de 110 a 140 m3 de lixo, sem passar por engarrafamentos, sem atrapalhar o trânsito das cidades.

 

· • Uma única composição substituindo até 6 carretas. Uma brutal economia • ·

 

O transporte desse lixo para usinas de queima de lixo para geração de energia elétrica introduz uma nova opção na matriz energética brasileira, um processo consagrado com farto financiamento internacional disponível, e ainda não aproveitado no Brasil.


TRANSPORTE DE CARGA GERAL

A opção pelo granel tirou das ferrovias o transporte de carga geral, um tipo de carga que gerou enorme riqueza para as primeiras ferrovias construídas no Brasil e enorme desenvolvimento para diversas localidades.

Um exemplo de pequenos trens de carga geral: Madagascar Railways (Fonte: Flickr)

A carga geral perdeu a competitividade e o principal motivo foi o uso de locomotivas de potência acima de 1300 HP, algumas chegando até a 3000 HP. Essas locomotivas foram fabricadas especificamente para o tracionamento de enormes comboios!

Fonte: Oldschool Stuff 1954 – Train fanatics

Bem diferente das locomotivas a vapor que tinham, no máximo, 350 HP e, portanto, consumo menor de combustível, tracionando composições pequenas de no máximo 10 vagões. Além disso, por ser carga geral, cobravam um frete mais elevado e o transporte compensava, sendo um modelo diferente de negócios que a Guerra das bitolas destruiu.

A partir das composições fabricadas pela Marcopolo ou pela Bom Sinal, a AFTR desenvolveu composições adequadas ao transporte de carga geral com baixo custo de operação. Não se rouba o trem e o leva para a comunidade, como se vê corriqueiramente com caminhões, e o trem também não fica parado nos engarrafamentos.

Um provável interessado nesse tipo de veículos poderá vir a ser o Mercado Livre, que tem se firmado como uma potência na encomenda, comercialização e entregas rápidas de produtos e mercadorias, em qualquer parte do Brasil.

Além disso propomos um sistema de movimentação de cargas internamente idêntico ao de aviões.


SERVIÇOS DE IMAGEM

Existe uma deficiência, principalmente em pequenos municípios, de serviços de exames por imagem para a população. A AFTR propõe composições de 3 vagões com equipamentos completos para esses tipos de serviços, como exames de:

  • Mamografia
  • Ressonância magnética
  • Tomografia computadorizada

Podendo ainda, dependendo da configuração, incluir um equipamento de ultrassom (de ondas de choque) para fragmentação de cálculos renais, além de leitos para repouso.

Mesa e equipamentos para tratamento de cálculos renais através de ultrassom
Fonte: Revista Exame

Um vagão para uso de deslocamento de médicos e enfermeiros, poderem confortavelmente chegar aos locais, e nos outros dois vagões todos os equipamentos, incluindo material de apoio. Cada composição ficará estacionada por um pequeno período nas localidades, atendendo a população, se deslocando depois para outros locais.


CASTRAÇÃO ANIMAL

Pequenos municípios não possuem, como na cidade do Rio de Janeiro, hospitais municipais veterinários. Animais são abandonados e se reproduzem aleatoriamente criando um problema de saúde pública no município.

Essa composição, com apenas dois vagões, um para transporte da equipe e outro para os serviços, pode se deslocar regularmente por diversos municípios do Brasil oferecendo esse serviço.


SERVIÇOS ODONTOLÓGICOS

A saúde bucal, de maneira geral,é deficiente em todo o Brasil, e o Sesc desenvolveu um serviço pioneiro extremamente eficiente de saúde bucal em seus centros de atividade, o expandindo por meio de carretas. Essas carretas têm uma limitação geográfica para operar, pois ficam sujeitas a engarrafamentos no seu deslocamento.

Uma composição de serviço dentário, com dois vagões adaptados a partir dos veículos fabricados pela Bom Sinal ou pela Marcopolo, e mais um vagão para deslocamento dos funcionários e outro para os equipamentos, pode fazer esse serviço.


JUSTIÇA ITINERANTE

 

O tribunal de Justiça do estado do Rio de Janeiro, criou um serviço chamado Justiça Itinerante, onde longe dos fóruns e em um ônibus adaptado, são prestados diversos serviços, como divórcios, casamentos, entre outros.

Fonte: Conselho Nacional de Justiça

É uma espécie de vara judicial ambulante, com um juiz togado e toda a estrutura. Serviços como esses poderão ser prestados à população, com muita comodidade, em uma composição com dois vagões, sendo um para deslocamento dos funcionários e o outro servindo de fórum móvel, com todo o conforto para juízes, funcionários e população.

Composições fabricadas pela Marcopolo ou Bom Sinal, que não vão ficar presas em engarrafamentos, aumentando o raio de ação de tais serviços.


SEGURANÇA PÚBLICA

A segurança pública é provida pelas Polícias Civil e Militar e pelo Corpo de Bombeiros. Pensando nisso a AFTR desenvolveu um veículo para uso de bombeiros, com capacidade para 80 homens equipados e duas salas de cirurgia, pode perfeitamente ser usado em situações de segurança pública ou para combate a incêndio em locais ermos próximo a ferrovias.

Desenvolvemos também um vagão tanque com um canhão de água em cima, idêntico ao das forças de choque, com uma capacidade de alcance do jato de aproximadamente 60 metros de distancia.

Em caso de necessidade este equipamento pode também ser usado pelas Polícias Militares.


BANCOS ITINERANTES

As instituições bancárias têm bancos itinerantes montados em caminhões, usados em eventos. A CEF, inclusive, tem um caminhão que é usado para os sorteios das loterias como a Mega-Sena.

Apresentamos neste caso uma proposta de banco itinerante, montado em uma composição ferroviária. Mais rapidez e segurança, comparado a um caminhão.


AÇÕES PROMOCIONAIS

Empresas como a Coca-Cola, em épocas festivas natalinas, montam comboios em caminhões. A partir das nossas propostas terão a oportunidade de fazê-lo em veículos ferroviários.

O diferencial desses veículos é o uso de motores a diesel de baixa potência comparado ao de locomotivas tradicionais. O uso do diesel não limita o veículo a circulação apenas em locais com rede elétrica, ampliando muito a sua mobilidade. Além disso a sua baixa potência tem como consequência um baixo consumo. Claro, comparando este consumo às locomotivas atualmente em uso pelas principais operadoras.

As composições podem ser baseadas em um local central, se deslocando para as localidades diariamente. Existe uma grande quantidade de linhas ferroviárias, abandonadas ou subutilizadas, por onde podem trafegar tais veículos. Nas linhas com operação convencional um acordo com as operadoras não deve ser um grande problema, afinal são apenas duas viagens por dia, uma de ida e uma de volta.

A AFTR apresentou assim diversos projetos ferroviários para o estado do Rio de Janeiro, onde além do transporte de carga e passageiros, esses veículos de serviço seriam muito bem recebidos pela população.

Mais uma ideia original da AFTR.

 

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A opinião constante neste artigo é de inteira responsabilidade do autor, não sendo, necessariamente ou totalmente, a posição e opinião da instituição.

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Autor

  • Mozart Fernando

    Engenheiro Mecânico formado pela Faculdade Souza Marques em 1992, foi secretário-geral da AFTR no mandato 2017-2020 e atualmente ocupa o cargo de diretor-técnico da instituição. Iniciou sua carreira profissional em 1978 trabalhando com um engenheiro que foi estagiário da RFFSA entre 1965 e 1966. Esse Engenheiro durante esse período trabalhando no setor de cremalheiras acompanhou o desmonte da E.F. Cantagalo e conhecia diversas histórias envolvendo o desmonte da Ferrovia de Petrópolis realizado pela mesma equipe. Histórias que muitos preferem esquecer. Parte dessa convivência extremamente valiosa está transcrita nos textos publicados pela AFTR. Não se considera um “especialista” em ferrovias, outra palavra que hoje no Brasil mais desmerece do que acrescenta. Se considera um “Homem de Negócios” e entende que o setor ferroviário só terá chance de se alavancar quando os responsáveis por ele também forem homens de negócios. Diferente de rodovias, as ferrovias são negócios. E usar para ferrovias os mesmos parâmetros balizares de construção e projeto usados em rodovias redundará em fracasso. Mozart Rosa é alguém que mais que projetos, quer apresentar Planos de Negócios para o setor.

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