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Tempo de leitura: 6 minutos

Olá, Amigas e Amigos.
Hoje abordaremos assuntos que nos levarão a fazer uma viagem singular: sairemos de apresentações de Power Point, iremos à Europa e China, passando por Cuiabá e Macaé, e retornaremos com uma possível solução para alguns problemas de mobilidade encontrados nestas cidades do Brasil, citadas neste parágrafo.
Ficou curioso(a)? Então acompanhe este texto.
Desejamos a todos uma excelente leitura!

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VLT DE MACAÉ, DE CUIABÁ, OS PROJETOS DE POWER POINT… E O TRANSLOHR, UMA POSSÍVEL SOLUÇÃO

Texto produzido a partir de informações fornecidas por nosso associado Rodrigo Sampaio e nosso presidente Daddo Moreira*

 

Quem não entende do assunto mobilidade, olha e não entende o que está acontecendo em Cuiabá-MT. Depois de uma imensidão de dinheiro gasto, onde até os trens foram comprados, o governo anunciou que vai mudar o modal, desmontar tudo, vender os VLTs já comprados e usar BRTs.

 

Mas qual o motivo real disso?

 

A ausência de pessoas qualificadas em algumas instituições públicas ligadas ao transporte explica boa parte do atual desastre no setor de mobilidade de norte a sul do país. Existem vários exemplos, e o Metro de Macaé é um deles. Porém, um dos exemplos mais recentes foi o do VLT de Cuiabá-MT, que só depois de iniciadas as obras para a Copa de 2014 (o início efetivo foi há mais de 10 anos atrás) descobriu-se que os veículos não teriam como subir as rampas da cidade.

Fonte: Folha / UOL

Recentemente, no programa “Conversa Paralela” da empresa Brasil Paralelo, o episódio “O Caos do Transporte no Brasil” mostrou os projetos aprovados apenas com a apresentação e visualização de slides no Power Point, algo que aconteceu em diversos projetos espalhados pelo Brasil, incluindo o VLT de Cuiabá e possivelmente ocorreu o mesmo em Macaé.

Abaixo apresentamos um trecho de apenas 48 segundos do programa, falando sobre esse assunto:

Para os interessados no programa inteiro, mostrando diversas inconsistências, o link está disponível abaixo:

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Alguém com o mínimo de capacitação na administração relacionada ao projeto, poderia ter observado isso e poderia sugerir o uso do Translohr, meio de transporte até hoje não usado no Brasil, mas fabricado pela Alstom e, mais recentemente, também por uma fabricante da China, que serviria muito bem àquela cidade. É um meio de transporte onde o veículo anda guiado sobre um único trilho e é tracionado por pneus, podendo superar rampas de até 13%. Produto que poderia ser fabricado aqui no Brasil, nas fábricas da Alstom, que já foi a detentora da patente original, ou encomendado à chinesa CRRC, que começou a construir veículos desse tipo após um contrato de transferência de tecnologia.

O Translohr, em resumo, nada mais é do que um bonde que roda sobre pneus em cima de uma canaleta. Tem capacidade de passageiros maior do que qualquer BRT, e capacidade de subir inclinações que os ônibus, por terem pneus, podem atingir os já citados 13% de rampa. E o mais importante: baixo custo de implantação em comparação com outros meios.

O Translohr é uma solução que poderia ser utilizada até no BRT do Rio de Janeiro. Ele é muito usado em algumas cidades da França.

Abaixo, a pista por onde passa o Translohr:

Abaixo, uma vista interna expandida do Translohr, com seus pneus:

Assim como o Aeromovel, o Translohr tem seu nicho específico. E Cuiabá com suas colinas seria parte desse nicho, onde o Translohr, se usado, atenderia a população com sucesso. É um sistema que tem vantagens e desvantagens, mas seria adequado seu uso em Cuiabá.

Toda essa confusão que aconteceu em Cuiabá decorre de alguns fatos lamentáveis, já tratados em nossas postagens. De um lado, o desconhecimento do setor daqueles que o gerenciam e deveriam conhecer e gerir. Do outro, os famosos projetos de Power Point, que não apresentam os devidos custos, aspectos técnicos relevantes e outras informações necessárias, apresentando apenas ideias.

Foto: Daddo Moreira (2012)

A AFTR já fez diversas postagens sobre esse assunto, mostrando obras iniciadas sem projetos. Abaixo, mostramos a falta que faz um projeto executivo e como isso impacta nos custos:

A Ferrovia do Aço e o Projeto Executivo

Também disponibilizamos uma cartilha de mobilidade com as etapas a serem seguidas, mostrando a bandalheira que foi a tentativa de implantação do metrô de Macaé, que até hoje não aconteceu, mas que serve para projetos de mobilidade em qualquer parte do país. Se na sua cidade estão propondo uma obra de mobilidade, pesquise. Caso alguma dessas etapas não exista, saiba que é fraude e mais problemas acontecerão:

Cartilha de mobilidade

A AFTR e seus profissionais continuam à disposição para consultas. Sintam-se à vontade em nos procurar.

Para concluir, recomendamos a leitura de mais uma de nossas postagens que fala dos projetos inadequados e suas aplicações equivocadas, voltando novamente ao maior descalabro aqui do Rio de Janeiro, que foi o metrô de Macaé, obra até hoje abandonada e não concluída. Aliás, neste mês de julho, se completa mais um aniversário desse projeto: há 11 anos ele deveria ter sido inaugurado.

Projetos inadequados e suas aplicações equivocadas 4 – Metrô de Macaé

Obrigado a todos que chegaram até aqui.

 

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Agradecemos pela leitura!
Até a próxima!

 

A opinião constante neste artigo pode ou não expor, parcialmente ou totalmente, a opinião da instituição, sendo de inteira responsabilidade do autor

Foto de capa: Leia Agora

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Autor

  • Mozart Fernando

    Engenheiro Mecânico formado pela Faculdade Souza Marques em 1992, foi secretário-geral da AFTR no mandato 2017-2020 e atualmente ocupa o cargo de diretor-técnico da instituição. Iniciou sua carreira profissional em 1978 trabalhando com um engenheiro que foi estagiário da RFFSA entre 1965 e 1966. Esse Engenheiro durante esse período trabalhando no setor de cremalheiras acompanhou o desmonte da E.F. Cantagalo e conhecia diversas histórias envolvendo o desmonte da Ferrovia de Petrópolis realizado pela mesma equipe. Histórias que muitos preferem esquecer. Parte dessa convivência extremamente valiosa está transcrita nos textos publicados pela AFTR. Não se considera um “especialista” em ferrovias, outra palavra que hoje no Brasil mais desmerece do que acrescenta. Se considera um “Homem de Negócios” e entende que o setor ferroviário só terá chance de se alavancar quando os responsáveis por ele também forem homens de negócios. Diferente de rodovias, as ferrovias são negócios. E usar para ferrovias os mesmos parâmetros balizares de construção e projeto usados em rodovias redundará em fracasso. Mozart Rosa é alguém que mais que projetos, quer apresentar Planos de Negócios para o setor.

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