Tempo de leitura: 8 minutos

Por Mozart Rosa
Por Eduardo (‘Dado’)

Projetos AFTR 2: A Ferrovia Centro-Sul Fluminense (parte II)
Exemplo prático de uma Short-Line no Brasil

Continua após a publicidade

Esta é a continuação da apresentação do nosso segundo projeto: a Ferrovia Centro-Sul Fluminense. Caso não tenha lido a primeira parte clique aqui e acesse.
E para quem está curioso com o “Expresso de Horgwarts” do filme do Harry Potter que aparece como imagem de destaque desse artigo, leia-o por completo e se surpreenda.

Desejamos a todos mais uma vez uma boa leitura !


Vamos dar prosseguimento às considerações que julgamos importantes e que tornam o projeto “Ferrovia Centro-Sul Fluminense” viável, acompanhem:

6ª Consideração: Transporte Militar

Em outros países existe forte ligação entre ferrovias e as forças armadas, mas aqui no Brasil a coisa ficou ao léu. Para mudar isso propomos que no ramal para Valença seja construído um sub-ramal indo para o Esquadrão Tenente Amaro de Carros de Combate, uma unidade do Exército Brasileiro que fica nessa cidade. Veja abaixo um vídeo produzido pela equipe AFTR que resume isso:

Esse ramal possibilita inicialmente aos veículos ali aquartelados chegarem a várias cidades da Zona da Mata Mineira, posteriormente podendo chegar até o centro do Rio de Janeiro. Aliás, quem sabe mais aonde isso alcançaria visto que isso pode fomentar novas ferrovias mais e mais para o interior de Minas Gerais, que com esse acesso ao Rio e a portos do Rio pode rever suas políticas de incentivo às novas industrias.

7ª Consideração: Carga Viva

Já mostramos em nossa postagem sobre a Guerra das Bitolas os problemas provenientes da extinção do transporte de carga viva pela ferrovia, confira no link:

: : A Guerra das Bitolas – Parte 4 : :

Abaixo um vídeo sobre o transporte de carga viva:

 

Essas regiões por onde passará as linhas do nosso projeto tem forte tradição leiteira, e a ferrovia pode incentivar a construção de abatedouros para abate de gado que chegará de trem, e posterior transporte da carne abatida.

8ª Consideração:

Laticínios

A gigantesca empresa de laticínios Fonterra Co-operative Group opera trens transportando leite todos os dias, principalmente durante a temporada de ordenha. A imagem mostra a Fábrica de leite Whareroa, uma das maiores do mundo.
Fonte: Stuff

Outro produto que já foi transportado pelas ferrovias e que com veículos adequados pode voltar a ser transportado, lembrando que a Piracanjuba em sua fábrica de Três Rios, processa diariamente mais de 100.000 litros de leite oriundo de cidades do interior de Minas Gerais.

9ª Consideração: Passageiros e Turismo

Pode o concessionário da Ferrovia Centro Sul Fluminense, por meio de parceria com empresários do setor rodoviário, subconcessão, participação acionária em outra empresa com essa finalidade, ou por investimento próprio, operar com veículos adequados o transporte de passageiros para a região.

: : Veículos esses já mostrados pela AFTR : :

Não seria a grande fonte de faturamento mas seria um segmento lucrativo: as cidades por onde passa a ferrovia são cidades que possuem atrações turísticas, são cidades de veraneio, de moradia de parentes de moradores do município do Rio de Janeiro que periodicamente vão visitar os parentes, além da mobilidade comum das pessoas mantendo o foco de desenvolvimento regional.


Atrairia ainda para a região turistas europeus acostumados a se locomover por trens, que em visitas ao Brasil, sentem falta desse modal e que pouco se aventuram a conhecer cidades do interior pela questão da mobilidade.


10ª Consideração: Industria Cinematográfica.

Você sabia que os custos de produção da indústria cinematográfica no Brasil são bem menores que nos Estados Unidos? Sabia que, embora nossa produção cinematográfica não seja tão constante e volumosa, nossos profissionais da área são extremamente competentes, sendo inclusive reconhecidos internacionalmente?

Filmes como “O sequestro do Metrô 123” podem ser produzidos em território nacional
Foto: Divulgação (o site fonte está infectado com um vírus, não indicamos o acesso, obviamente)

Agora você imagina que o retorno do setor ferroviário como um todo, com a eventual reforma e reconstrução de estações de cidades no interior de Minas Gerais, como Chiador, Penha Longa, Santa Fé, só para citar algumas, possibilita “vender” no exterior a imagem dessas cidades, de modo a poder trazer para essas localidades produções cinematográficas com temáticas históricas eventualmente passadas em outros países mas que podem se aproveitar das paisagens rurais de tais localidades, bem como de suas estações reconstruídas/reformadas? E claro, gerando receita para a cidade e renda para seus cidadãos?

: : A Trilogia Senhor Dos Anéis foi filmada na Nova Zelândia. O filme Harry Potter foi filmado na Inglaterra : :

Existem nos Estados Unidos e na Inglaterra, pequenos trechos ferroviários dedicados a essas atividades, sendo regularmente utilizados pela indústria cinematográfica.

A recém reformada estação ferroviária Simplício, em Além-Paraíba (MG). Todo o seu entorno possui espaço suficiente para gravações e produções de filmes de época, ambientando inclusive cenários internacionais.
Foto: Além Paraíba História

11ª Consideração: Veículos de Serviço

A ferrovia não serve só para o transporte de produtos, pode servir à nossa população também, transportando veículos que oferecem serviços como:

  • Serviços de Imagem;
  • Serviços Dentários;
  • Justiça sobre Trilhos;
  • Castração animal, etc.

Veículos que ficariam estacionados em determinados cidades em um espaço de tempo e depois seguiriam para outras. Empresas Privadas podem alugar veículos junto as concessionarias adesiva-los e fazer campanhas publicitarias. Bancos podem ter veículos moveis para prestar serviços em eventos.

: : Clique aqui para mais detalhes : :

Veículos Ferroviários para a Segurança Pública

O corpo de bombeiros de cada estado pode ter um veículo para transporte de tropas para combate a incêndio em locais por onde passa a ferrovia, tracionando um vagão tanque com capacidade para 60.000 litros, água que ajuda a apagar muito incêndio.

: : Clique aqui para visualizar : :

Abaixo link mostrando o estrago feito na reserva de Poço das Antas onde a ferrovia paralisada e a ausência de nossos veículos aumentaram ainda mais o estrago, que poderia ser minimizada.

: : Veja mais clicando neste link : :

 

12ª e final: Considerações Geopolíticas

Os governos mundiais já sinalizam repatriar a produção de diversos produtos, atualmente fabricados na China. A pandemia de COVID-19 acentuou isso, e sendo assim, uma boa parte do que hoje é produzido na China deve passar a ser produzido não novamente nos Estados Unidos ou nos Países Europeus, que tem custos de produção elevado, mas na Índia e em outros países parceiros do Brasil.


: : Dentre eles os tênis da Nike, Puma, Adidas, alguns eletrônicos como o Iphone, entre tantas outras coisas : :


Um pouco de articulação política e mudanças em nossas legislações podem trazer para diversas regiões do Brasil essa produção. Três Rios e cidades mineiras da Zona da Mata podem se beneficiar disso. Cidades que tem uma mão de obra extremamente qualificada. Tecelagem de Dri-fit, fabricação de aparelhos de precisão de todos os tipos, esses são apenas alguns exemplos. Produtos estes que podem ser produzidos e enviados para exportação via Porto de Itaguaí e para atender ao mercado consumidor do Rio de janeiro, São Paulo e Minas Gerais. tudo por conta do trem.


: : Viável é: basta apoio do governo e gente competente, dentro e fora do governo, tocando o projeto : :


Trem fechado transportando veículos, algo aperfeiçoado ao que já foi feito no Brasil, com vagões-cegonha transportando carros
Foto: The Wall Street Journal

 Gostou? Curtiu ? Comente ! Compartilhe !
Agradecemos a leitura. Até a próxima !

(A opinião constante deste artigo é de inteira responsabilidade do autor, não sendo, necessariamente ou totalmente, a posição e opinião da Associação)

Loading

Autor

  • Mozart Fernando

    Engenheiro Mecânico formado pela Faculdade Souza Marques em 1992, foi secretário-geral da AFTR no mandato 2017-2020 e atualmente ocupa o cargo de diretor-técnico da instituição. Iniciou sua carreira profissional em 1978 trabalhando com um engenheiro que foi estagiário da RFFSA entre 1965 e 1966. Esse Engenheiro durante esse período trabalhando no setor de cremalheiras acompanhou o desmonte da E.F. Cantagalo e conhecia diversas histórias envolvendo o desmonte da Ferrovia de Petrópolis realizado pela mesma equipe. Histórias que muitos preferem esquecer. Parte dessa convivência extremamente valiosa está transcrita nos textos publicados pela AFTR. Não se considera um “especialista” em ferrovias, outra palavra que hoje no Brasil mais desmerece do que acrescenta. Se considera um “Homem de Negócios” e entende que o setor ferroviário só terá chance de se alavancar quando os responsáveis por ele também forem homens de negócios. Diferente de rodovias, as ferrovias são negócios. E usar para ferrovias os mesmos parâmetros balizares de construção e projeto usados em rodovias redundará em fracasso. Mozart Rosa é alguém que mais que projetos, quer apresentar Planos de Negócios para o setor.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

vinte + dez =

Previous post Projetos AFTR 2 – Ferrovia Centro-Sul Fluminense (1)
Next post As prioridades no transporte ferroviário
error: Este conteúdo não pode ser copiado assim. Caso use o arquivo, por favor cite a fonte.