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Oficinas do Trajano (Trajano de Medeiros) – A Torre Eiffel do Subúrbio no Engenho de Dentro

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Para encerrar essa série de histórias desconhecidas das ferrovias vamos contar mais uma bem escabrosa, para aqueles que ainda defendem com unhas e dentes a RFFSA.

Em 1922 realiza-se no Brasil, no Rio de Janeiro, a exposição em comemoração ao centenário da nossa independência. Segundo alguns foi a maior exposição internacional realizada até hoje em terras brasileiras.

Duas fotos noturnas raras mostrando parte do esplendor da Exposição do Centenário da Independência em 1922.
Fotos: Jorge Kfuri (embarcações iluminadas) / Photo Bippus Rio (Pavilhões) (Brasiliana Fotográfica)

Gustave Eiffel, que construiu a Torre de Paris que leva seu nome e que construiu também a Estatua da Liberdade – um presente dos Franceses para os Estados Unidos – construiu em estrutura metalica, com o mesmo aço usado na construção da Torre Eiffel, um galpão montado nessa exposição. Com o final da exposição esta estrutura foi desmontada e montada nas oficinas Trajano de Medeiros da Estrada de Ferro Central do Brasil (EFCB) no Engenho de Dentro.

Pavilhão Francês montado durante a exposição de 1922
Foto: Thiele & Kollien (Brasiliana Fotográfica)

Durante anos esse galpão ficou lá sendo usado para a manutenção de veiculos da Estrada de Ferro Rio D’Ouro até que, provavelmente no inicio da Decada de 1980, seu valor historico foi descoberto e reconhecido.

Só para reforçar: seria o ÚNICO exemplar fora da França construído assim.

Cesar Maia, ex-Prefeito do Rio, resolve construir o Engenhão e muda toda a dinamica de ocupação daquela região em processo inicial de degradação por conta do abandono de toda a area ferroviaria com a extinção da RFFSA.

Jornal do Brasil 25/07/1996
Fonte: Biblioteca Nacional

Que fique claro aqui que não somos advogados de defesa de ninguém mas existem documentos com a assinatura do, na época, prefeito Cesar Maia solicitando aos orgãos da Prefeitura que assumissem a guarda desse galpão quando fosse desmontado. Inclusive, em um documento a que o autor desse texto teve acesso, foi solicitado ao Instituto Pereira Passos, com sede na Rua Gago Coutinho nº 52, que o mesmo se responsabilidasse pela guarda desse galpão quando o mesmo fosse desmontado.

Jornal do Brasil 25/07/1996
Fonte: Biblioteca Nacional

Acontece que MISTERIOSAMENTE o galpão, quando ainda sob a responsabilidade de funcionarios da RFFSA, DESAPARECEU.

Portanto creditar ao ex-Prefeito qualquer responsabilidade no desaparecimento desse galpão é agir de má-fé.

Esses ex-funcionarios da RFFSA poderiam explicar como de um dia para o outro um galpão desmontado e com enorme valor historico, único no mundo, desapareceu.

Jornal do Brasil 25/07/1996
Fonte: Biblioteca Nacional

Encerramos aqui esse pequeno texto sobre historias pouco conhecidas das ferrovias. Esperamos com isso levar luz aos nossos leitores sobre alguns assuntos, destruindo alguns mitos.

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Agradecemos a leitura. Até a próxima !

Foto destacada: Locomotiva Baroneza e trem da EF Mauá nas Oficinas do Engenho de Dentro

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Autor

  • Mozart Fernando

    Engenheiro Mecânico formado pela Faculdade Souza Marques em 1992, foi secretário-geral da AFTR no mandato 2017-2020 e atualmente ocupa o cargo de diretor-técnico da instituição. Iniciou sua carreira profissional em 1978 trabalhando com um engenheiro que foi estagiário da RFFSA entre 1965 e 1966. Esse Engenheiro durante esse período trabalhando no setor de cremalheiras acompanhou o desmonte da E.F. Cantagalo e conhecia diversas histórias envolvendo o desmonte da Ferrovia de Petrópolis realizado pela mesma equipe. Histórias que muitos preferem esquecer. Parte dessa convivência extremamente valiosa está transcrita nos textos publicados pela AFTR. Não se considera um “especialista” em ferrovias, outra palavra que hoje no Brasil mais desmerece do que acrescenta. Se considera um “Homem de Negócios” e entende que o setor ferroviário só terá chance de se alavancar quando os responsáveis por ele também forem homens de negócios. Diferente de rodovias, as ferrovias são negócios. E usar para ferrovias os mesmos parâmetros balizares de construção e projeto usados em rodovias redundará em fracasso. Mozart Rosa é alguém que mais que projetos, quer apresentar Planos de Negócios para o setor.

2 thoughts on “A Ferrovia e suas histórias desconhecidas VI Final – Oficinas do Trajano e a Torre Eiffel

  1. Eu gostaria de saber se possível, que documento é esse que foi assinado pelo então prefeito César Maia que assegurava a solicitação da guarda do galpão que seria desmontado? Eu fiquei com essa curiosidade após ler o artigo.

    1. Existe uma instituição da Prefeitura na Rua Gago Coutinho no Catete, o Instituto Pereira Passos, eu vi esse oficio tem mais de 20 anos quando o Engenhão começou a ser construído, me foi mostrado por pessoas da Prefeitura, mas não me lembro mais quem foram as pessoas. Esse oficio foi encaminhado a essa instituição.

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