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Por Mozart Rosa

Quem Efetivamente é o Ministro Tarcísio?

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Vamos deixar claro que, embora os títulos sejam chamativos, não é nossa intenção denegrir ou defender a imagem de nenhuma das pessoas citadas no título ou no conteúdo da postagem. Não divulgaremos nenhuma informação bombástica simplesmente porque não a temos. Nossa intenção é apenas dentro de uma ordem cronológica e acadêmica apresentar fatos e mostrar que, embora aparentemente bem intencionado, o atual Presidente e o atual ministro, por desinformação ou motivo similar, estão cometendo grandes erros na gestão do setor.

Antes de criticar nossa intenção é informar, de modo a poder ajudar uma eventual correção dos rumos.

Ao assumir a presidência de Bolsonaro encontrou armários cheios de esqueletos, e precisava de gente competente para providenciar a exumação desses esqueletos. Nem sempre foi feliz nas escolhas, mas na infraestrutura nomeou o ministro Tarcísio e foi bem feliz nessa escolha.

: : Mas quem efetivamente é Tarcísio Freitas, atual Ministro da Infraestrutura? : :

Tarcísio é Engenheiro Militar formado pelo IME, e só isso já basta para mostrar quem é Tarcísio, e explica tanto os erros como os acertos cometidos pelo atual ministro.

: : Mas e o que efetivamente é a Engenharia Militar? : :

A Engenharia Militar como a conhecemos hoje tem bases no Império Romano. Era preciso construir estradas para o deslocamento de tropas, para conquista de territórios. As principais estradas da Europa foram construídas no Império Romano e usadas até o início do século XIX, quando foram então retificadas e reformadas.

: : A frase “todos os caminhos levavam à Roma”, não é mera figura de linguagem : :

Método de construção no estilo Romano

O uso de pedras cortadas para pavimentação, o uso de marcos nas estradas, a inclinação dos cantos para escoamento da água, coisas hoje de uso corriqueiro, tudo teve origem na Engenharia Romana. As principais cidades da Europa foram construídas pelos romanos. Era preciso dotar as tropas de armas, alimentação, suporte, e a Logistica militar vem daí. A construção de acampamentos monstruosos dando suporte as tropas, que posteriormente se transformaram em cidades:

  • Londinium virou Londres
  • Barcino virou Barcelona
  • Hispalis virou Sevilha
  • Massalia virou Marselha

Só para citar alguns exemplos.

O IME e seu curso de engenharia de Construção e Fortificação é herdeiro direto dessa tradição. Portanto Tarcísio, bem como seus colegas nomeados para o DNIT, ANTT e todos os outros envolvidos em projetos Logísticos, com graduação de extensão em Logistica Militar, são qualificados para as tarefas a que se propõem, tanto para construção de rodovias tanto para estudos logísticos. Tarciso faz parte de um universo de formados pelo IME, gente qualificada, que ao longo dos anos foi relegada. Ele no caso chegou lá, mas existem diversos capazes como ele, e isso é muito bom para o Brasil.

Mas e para as questões Ferroviárias?

Temos uma massa de Engenheiros da Área de Construção e Logística nomeados para cargos do setor ferroviário:

  • Marcelo Almeida Pinheiro Chagas, Diretor de Infraestrutura Ferroviária.
  • Marcello da Costa Vieira, Secretário Nacional de Transportes Terrestres.

E que fique claro: nenhuma crítica a essas nomeações.

Mas ferrovia é um negócio. Essas pessoas bem como o Ministro Tarcísio ou pessoas à volta dele tem uma visão empresarial? Rodovia surge pela necessidade de alcançar lugares antes não alcançados, surge da necessidade de deslocar tropas. Ferrovia surge em seu nascedouro como um negócio. Está sendo tratada como tal nos bastidores do governo? Não, não está e sabemos disso.

Lendo as ementas dos cursos de especialização em ferrovias em nenhuma consta na grade matérias como: Gestão e Fomentação de negócios. São em essência matérias técnicas. Ao tirar os esqueletos do armário o ministro Tarcísio priorizou a conclusão do existente, projetos paralisados há anos. Algo lógico e coerente. Mas por que não dar aos empresários ,por meio de ideias, condições de investir em algo novo?

  • Linhas de financiamento em ministérios como os das cidades existem.
  • Linhas de financiamento como no BNDES existem.
  • Linhas de financiamento externo também existem.
  • Inexiste nos governos pessoas com visão empresarial que apresente as ideias aos empresários interessados.

Ou:

  • Capazes de dar andamento a propostas oriundas dos empresários.

Governos no plural, pois dentro dos governos estaduais a coisa é bem pior. Absurda mesmo, pra não dizer mais …

Deve-se capilarizar, pulverizar, retornar à antes de 1930, retornar com o Estilo Leopoldina de Ser e não fortalecer o Estilo EFCB. Imitar coisas que fizeram aquela grande nação ao norte ser rica e próspera. As pessoas atualmente dentro do Governo precisam ser capazes de levar o Brasil ao seu verdadeiro lugar.

Recentemente, recebemos uma correspondência do Sr. Marcello da Costa Vieira, Secretário Nacional de Transportes Terrestres, com o seguinte teor:

Ele agradece o envio de nosso material para análise, mas informa que todos os Investimentos consoantes ao setor têm como base o PNL – Plano Nacional de Logistica elaborado pela EPL – Empresa de Planejamento Logístico.

A AFTR agradece ao Sr. Marcelo da Costa Vieira pelo retorno sobre o envio de nosso material para análise, mas faz ao sr. Marcelo Vieira algumas perguntas, extensiva a vocês, caros leitores:

  • Dentro do quadro técnico da EPL, existem pessoas que conheçam as Informações históricas e as histórias contadas aqui em nossa página?
  • Dentro dos quadros da EPL existem pessoas que entendam a necessidade de o empresário investir no setor? A resposta recebida por nós foi clara quanto “aos investimentos previstos pelo governo”. Em nenhum momento projetos da AFTR visam a participação integral do governo.
  • Dentro do quadro técnico da EPL tem quem entenda em sua plenitude o que é o Estilo Leopoldina de Ser?
  • Dentro do quadro técnico da EPL existem pessoas que entendam a importância das pequenas ferrovias?
  • É coerente subordinar todos os investimentos do setor que poderiam ser feitos por várias empresas distintas, capilarizando um importante setor da economia aos desígnios de um grupo de burocratas muitos dos quais, na vida nunca administraram uma barraca de cachorro-quente?

Sabiam que a EPL foi aquela empresa criada pela Dilma para construir o Trem Bala?

Ministro Tarcisio, desculpe, mas achamos que a cadeia de tomada de decisões e de gerenciamento de eventos deveria ser modificada e desburocratizada.

: : Lembrando que a doutrina sobre ferrovias sendo implantada hoje no Brasil é oriunda de egressos da RFFSA e de egressos do IME : :

Sobre a RFFSA e o estilo EFCB já falamos diversas vezes aqui.

Sobre o IME, formou seu conhecimento repassado a engenheiros como Tarcísio e diversos outros formados lá, e hoje com cargos de direção no DNIT, e da ANTT, a partir do conhecimento fornecido por esses egressos da RFFSA que priorizam o estilo EFCB em detrimento e ignorando o Estilo Leopoldina de Ser. Ignorando uma série de informações históricas existentes em nossas postagens, a Guerra das Bitolas é um exemplo.

E tudo isso pode não ser por má fé, mas por desconhecimento. Assim como o marxismo cultural forjou uma visão acadêmica única, impondo uma única corrente de pensamento aceitável (o chamado progressismo), e ignorando sua antítese, no caso o conservadorismo.

O mesmo aconteceu com a doutrina ferroviária hoje em curso no Brasil. Nós defensores do Estilo Leopoldina de Ser fomos discriminados.

: : Queremos a possibilidade de apresentar nosso ponto de vista : :

Muito pertinente o artigo publicado pelo Professor Fabio Blanco chamado de A SURDEZ CAUSADA POR UMA TEORIA ACADÊMICA onde mostra que a chamada Análise do Discurso (matéria acadêmica iniciada por Michel Pêcheux) tem promovido o desprezo por qualquer realidade que exista além do discurso, e nós estamos sendo desprezados

>> Confira aqui o artigo citado

Sr. Marcelo Vieira e Ministro Tarcísio, vocês estão fazendo algo pelo Brasil, mas o Brasil de hoje precisa de mais ainda, precisa de pessoas que pensem fora da caixa, e isso a AFTR faz muito bem.

Abaixo links para a Guerra da Bitolas e o Estilo Leopoldina de Ser. Por meio desses artigos se tem a oportunidade de conhecer aspectos da história das ferrovias que por muitas vezes são desconhecidos. Recomendamos também nossa publicação sobre o retorno do trem para Petrópolis, um belíssimo pontapé inicial de uma nova jornada para revitalização do setor.

O trem para Petropolis e tudo o que vem junto com ele

>> https://www.trilhosdorio.com.br/aftr_wp/o-trem-pra-petropolis-e-tudo-que-vem-junto-com-ele/

A Guerra da Bitolas

>> https://www.trilhosdorio.com.br/aftr_wp/a-guerra-das-bitolas-1-como-comecou/

>> https://www.trilhosdorio.com.br/aftr_wp/a-guerra-das-bitolas-1-complemento/

>> https://www.trilhosdorio.com.br/aftr_wp/a-guerra-das-bitolas-2-a-influencia-da-rffsa/

>> https://www.trilhosdorio.com.br/aftr_wp/a-guerra-das-bitolas-3-decisoes-equivocadas/

>> https://www.trilhosdorio.com.br/aftr_wp/a-guerra-das-bitolas-4/

>> https://www.trilhosdorio.com.br/aftr_wp/a-guerra-das-bitolas-5-final/

O Estilo Leopoldina de Ser

>> https://www.trilhosdorio.com.br/aftr_wp/o-estilo-leopoldina-de-ser-01/

>> https://www.trilhosdorio.com.br/aftr_wp/o-estilo-leopoldina-de-ser-02/

 

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Agradecemos a leitura. Até a próxima !

(A opinião constante deste artigo é de inteira responsabilidade do autor, não sendo, necessariamente ou totalmente, a posição e opinião da Associação)

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Autor

  • Mozart Fernando

    Engenheiro Mecânico formado pela Faculdade Souza Marques em 1992, foi secretário-geral da AFTR no mandato 2017-2020 e atualmente ocupa o cargo de diretor-técnico da instituição. Iniciou sua carreira profissional em 1978 trabalhando com um engenheiro que foi estagiário da RFFSA entre 1965 e 1966. Esse Engenheiro durante esse período trabalhando no setor de cremalheiras acompanhou o desmonte da E.F. Cantagalo e conhecia diversas histórias envolvendo o desmonte da Ferrovia de Petrópolis realizado pela mesma equipe. Histórias que muitos preferem esquecer. Parte dessa convivência extremamente valiosa está transcrita nos textos publicados pela AFTR. Não se considera um “especialista” em ferrovias, outra palavra que hoje no Brasil mais desmerece do que acrescenta. Se considera um “Homem de Negócios” e entende que o setor ferroviário só terá chance de se alavancar quando os responsáveis por ele também forem homens de negócios. Diferente de rodovias, as ferrovias são negócios. E usar para ferrovias os mesmos parâmetros balizares de construção e projeto usados em rodovias redundará em fracasso. Mozart Rosa é alguém que mais que projetos, quer apresentar Planos de Negócios para o setor.

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